Um "carrin" de brinquedo

Um "carrin" de brinquedo

Para um “conterrâneo” 01/10/11

Puéta... tu me agradas pur causa dos causos

Intonce vou te contá um dos meus causos:

Naci donde tinha um trem que rotulei “da infânça”

Lá no cobrobó do mundo chamado de Jiquié

Cobrobó tumbém se iscreve cum duas letras

Uma era C... A outra mi isquici quarquié...

Sei que vem da Uva!... Mas estas coisas letras

Tombem num quero falá faz parte da infânça

Donde num aprendi a lê... Vortemo pois, pro trem

Qui lá no meu tempo tinha apilido de “Maria fumaça”

Num sei purque... Mas, se hoje fumo, foi lá por curpa dela

Se tomo também uma pinga que todos chamam cachaça

Pode inscrevê foi pur ela... Até o nome Maria

Qui num sei purquê tombem tomou conta da minha janela

Cumeçou com Minha Mãe, depois vieram as “dunzelas”

O meu trem era um “barato”... Saiu de Jequié

Adipôs de vinte e quatro horas me deixou em Nazaré

Qui viagem meu cumpadre ainda tenho na memória

Acho inté qui foi ai qui cumeçô, minha história...

Isso qui te conto, agora, tem só cinqüenta e quatro

Anos!... Pra rima ficá mais forte fui “morá” em Macaé

Adonde, prá trabaiá, tinha qui cruzá os trilhos

Da velha, lá do Rio, Estrada de Ferro Leopoldina

Fiz arguns versos pra ela pur parecê cum a minina

Qui perdi lá infança... Mais fiquei fulo da vida

Foi quando o Bondin de Santa Tereza descarrilou

Cuma tombem descarrilhou o trenzim da minha vida...

Vou te mandá um carrin de plástico

Qui estes são bem mais práticos

Na hora de ínviá (mermo cum correio em greve)

e neles tu tem qui andá Divagarim... Bem divagá!..

Prumode ir quardando as coisas

Prá pudê depois contá.

Do modo qui anda o trânsito

Seja aqui, seja acolá. Quem pisa forte o pedá

Só tem mermo um lugá...É no andá lá de riba

Donde quando se vai... Que eu saiba...

Nunca mais vai vortá!...

Meus livros têm muito de trens e lembranças...

Por favor, leia-os... (É de graça igual à injeção na veia)