A morte da Chiquinha
Vô cuntá o meu intristimento
Nos dia qui fiquei distante
Óia o meu padicimento
Qui vô contá neste instante
A morte min feiz freguês
Tô viúvo outra vez
Está triste o meu sembrante.
A noite quando xeguei
Já cansado do roçado
Oia só o qui incrontei
Na sala no xão deitado
De tanta caxaça bebê
Ela veio logo morrê
Sem isperá eu tê xegado.
Era uma veiz uma muié
A quem mais amei na vida
A Chiquinha de Catulé
Foi uma das mais quirida
Inté meu burro Badaró
Istá triste qui da dó
Nois dois tão sem guarida.
Muita gente bota defeito
Na Chiquinha de Catulé
Ela era ancim do seu jeitio
Mais fazê o quê? Pois é!
Ficano já veio e surrado
Min sinto um pobre coitiado
Só num pirdí minha fé.
Sei quéla era caxaçêra
E essa terra nun tem santa
Fazia lá suas arruacêra
Quando bibia na garganta
Ela min dexô sozin
Tocano o meu cavaquim
Mais isso de que min adianta?
Inté o som qui dele sai
Faiz mina lembrá da Catulé
Nun vô isquecê jamai
Daquela linda muié
Mais num pudeno ficá sozin
Vô percurá outro anjin
E seja lá o qui Deus quizé.