Eleição no Interior
A
“Justiça começa em casa”
Ditado dos mais antigos
Ao filho se dar castigos
Isso enquanto não se casa
Se com mulher se abrasa
Já se torna independente
Vai viver o que aprendeu
Com castigos que sofreu
E justiça faço eu
Narrando a terra da gente.
B
Começo a falar da minha
Cidade do interior
Nessa época sofre horror
Eleição é picuinha
Vive ali espremidinha
Apertada e sem visão
Pois todo povo é cego
Cabeça igual à de prego
Digo a verdade e não nego
Nesse ano de eleição.
C
No ano que o povo vota
Pra escolher o prefeito
Homem honesto, perfeito.
Mais de dez, é boa a nota!
Batendo de porta em porta
Quer ser prefeito outra vez
Uns mandatos já vos deram
Mas nunca nada fizeram
Fizeram o que quiseram
Mas o certo, não se fez.
D
É no ano de eleição
Que o bom politico presta
Em todo sitio faz festa
Cheio de satisfação
Faz promessa, mostra ação.
E o eleitor só assiste
Quando vem se oferecer,
Tentando lhes convencer
Sem dinheiro aparecer
O voto lá não existe.
E
É um ano muito agitado
O cão parece que atenta,
A pobreza ate que aumenta
É pobre pra todo lado,
É uns querendo calçado,
Outros um vale na venda,
É papel de água ou luz
Outros, perebas de pus,
Não achou nada no SUS,
E implora quem lhe atenda.
F
O eleitor todo dia
Recebe as visitinhas,
Tem quem traga ajudinhas
Toda família confia,
Vende o voto ou negocia
“É direito do eleitor!”
Tem que aproveitar bastante,
Quem dar mais é o importante,
E o voto fica distante
Perdendo o real valor
G
Quem der mais e o capaz
Tornou-se a filosofia,
Telha, cimento e até pia,
Caderno, lápis, tenaz,
“Esse sim é o que faz
Crescer a terra da gente”
Diz o eleitor conformado
“Meu voto já foi trocado,
Já recebi um bocado,
Mas em casa é muita gente”.
H
Já vendeu os votos tudo
Ao primeiro que passou,
Já recebeu e gastou
Se faz de leso ou mudo,
Pode até não ter estudo,
Mas, chegando outra visita
Diz que não recebeu nada,
Que as coisa tão apertada,
E ajuntando a filharada,
O candidato acredita.
I
Pede o titulo e confere,
Esse já é mais esperto,
E o numero anota certo
Mesmo quele lhe venere,
Lhe balance, lhe penere,
E agindo dessa maneira,
Depois não cobrar serviço
A quem não tem compromisso,
Nem peca por ser omisso,
É corrupção verdadeira.
J
Sendo eleito o comprador
Vai ter o mandato em mão,
E troca inté por caixão,
Se aproveitando da dor,
Cobra até do vendedor
Que vote nele também,
Ganha voto com caixão
E fazendo a doação,
Sente a maior comoção
Sabendo que se sai bem.
K
Prometem mundos e fundos,
Perdendo logo a vergonha,
Esquecendo não se acanha
Prometeu fundos e mundos
Acha até uns vagabundos
Denominados de cabos,
São cabos eleitorais,
São pagos pra mentir mais,
Não digo o nome dos tais,
Mais boto fogo em seus rabos.
L
São homens despreparados,
Cem por cento interesseiros,
Divulgam os seus parceiros,
Que são todos combinados.
Eleitores enganados,
Durante os quatro anos,
De dois em dois tem um pleito
Puxa saco do prefeito,
Governo do mesmo jeito,
Prevalecendo os enganos
M
O pobre recebe a esmola,
Pra o momento é o bastante,
Mas mendiga todo instante,
E o que serve só rebola
O município se atola,
Cum povo rico e tão pobre,
Pobre, porque não vigia!
Rico, sem ter covardia!
Mendiga até o dia,
Que quiser ser povo nobre.
N
Quem compra age errado,
Quem vende erra também,
Quem compra sabe que tem
Eleitor despreparado,
O gestor é preparado
Pra fazer o que é pior.
Se vota até por galinha,
Ou doze de caipirinha,
Sofre a família todinha,
Do maior inté o menor.
O
Vereadores viciados,
Negocia e faz trambique,,
Não há um que se dedique
São todos contrariados,
Corruptos e alienados,
Pra sustentar o poder
Que existe mais distorcido,
Pela corja é aplaudido
E o povo fica sofrido,
Sem poder se defender.
P
Querem ser bom por inteiro
Se fazendo de amigo
Projetos que estão consigo
Tem que ser interesseiro,
Assinam só por dinheiro,
E tem que ser pago a vista,
Senão a verba não vem,
Quando chega, tudo bem,
Não presta conta a ninguém,
Todo mundo é artista.
Q
O poder nada comanda,
Pois é coisa do passado,
Ordena o empossado,
Controlando em tudo manda
Seu projeto é o que anda,
Pra aumentar seu recurso
E ao povo dar ajudinhas,
Ganhando nas mentirinhas,
Governa nas entrelinhas
Bom mesmo é seu discurso.
R
O negócio é pra valer
Quem der mais, leva a peça,
Não ganha o que começa
Ou só faz oferecer,
Ganha o que merecer,
No critério de quem vota,
Eleitor sem confiança,
Leva à urna a esperança,
Mais o grau que ele alcança,
É um zero a maior nota.
S
Um voto sem segurança,
O voto de quem se vende,
Material que não rende
Pois não se pesa em balança.
Na onda da confiança,
Se entrega a qualquer um,
Por isso não vale nada,
Quem vende só dar mancada,
Classe desmoralizada,
Não se aproveita nenhum.
T
Vendendo o voto se engana
Deixando de ser honesto,
Prefere ser desonesto,
Não faz nada com a grana,
Uns gastam bebendo cana
Ou inté em mesa de jogo,
Parece ser maldição
O vender da doação
Que nunca acaba aflição
Vive igual pinto com gogo.
U
Quem compra também é pobre,
É pior do que quem vende,
Quem compra não se defende,
Quem vende pode ser nobre,
Vale mais que ouro ou cobre,
E você é o doador
Então vote diferente,
Escolhendo um competente,
Honre o voto, seja gente,
Honre o nome de eleitor
V
Por isso eu não acredito,
Não compro o que não vejo,
Não aplaudo e nem almejo,
Não vejo nada bonito,
Negócio sujo e maldito,
Da classe sublime e bela,
É o marketing da nação,
Donde brota boa ação
Mas só chega a reação,
Da inversão que há nela
W
Vou ser franco e realista,
Com quem vota por dinheiro,
Seu voto não é verdadeiro,
Seu nome não sai em lista,
Vota lá, sai sem dar pista,
E segue desconfiado,
Vendeu-se a dois ou a três,
Mais de um só é freguês,
Pra ele afirma o que fez,
Mais tá desacreditado.
X
O bonito não se dói,
Quando é chamado de feio,
E carro só falta freio,
Quando o sistema corrói.
E inocente aqui não rói
Nem ficam entristecidos,
Porque os homens de bem,
Em todos os lugares tem,
No interior tem também,
A classe dos não vendidos
Y
E eu que gosto da rima,
E odeio a corrupção,
Mostro nessa relação,
Versando com alta estima.
Meu sertão esquenta o clima
Quando é ano de votar,
Quem for corrupto que aguente,
Quem não gostar se lamente,
E eu sigo com meu repente,
Divulgando o meu lugar.
Z
Já mostrei da minha terra
Amada e inesquecível
Impasses no alto nível
Lamento viver em guerra,
Toda classe se aterra,
O tempo quem une a gente
Não desista vão em frente,
Amando e dando as mãos,
Nada paga por ser justo,
Tenebroso é ser injusto,
Afinal tudo tem custo,
Só assim somos irmãos!
FIM