Geromo e seu facão

sou um cabra bem disposto

comigo num tem cara feia

ja matei bicho no dente

de prea inté serpente

quanto mas esse ta de tenente

tenente é um cabra fogado

que pensa que tudo pode

chegar aqui na minha casa

querendo me tirar a pagode

e num vou deixar barato que

aqui na minha casa esse tá me

afrontar

vo le meter a mão na cara

com tanta determinação

e furar o seu xoi e

arancar o seu culhão e ve se

aprende que no sertão num

tem home froxo não

De tudo qui maginei

fiz com perfeição

so num fiz mas um

pouquinho por falta de

ocasião o home inté chorou

implorando o meu perdão ,

ja era tarde tava sem jeito

num podia mais parar

tava de sangue quente

disposto inté matar

mas num foi preciso

porque o ta tenente era um

covarde sem igua

e choravo feito um bizerro

na hora que quer mama

passando uns dias pra minha

agonia recebi uma noticia

das bandas da delegacia que

eu tinha qui ir la pra explicar

aquela folia

e fui na merma hora

agarei logo o facão

montei no meu cavalo e

sai na escuridão pra

quando o dia amanhecer

estar de prontidão diante

do delegado e talvez daquele

bundão

o cabra quando me viu

paracia ver o cão e eu

todo vervoso paracendo

um gramulhão

aregalei o xoi e trinquei

logo os dente e fui

em sua direção

xequei logo xegando em vez

de dar querendo explicação

O delegado quando me viu

comecou logo a suar

sua voz ja não saia

so fazia gaguejar e eu

mais irritado com tanta

covardia me deu uma

agonia um nó nas tripa

um farnizim e agarei o meu

facão e foi grande a

escolhambação

Sai pegando gerá

mas peidado que o cao

naquele dia foi difiço

mas aprendi uma lição

que diante do meu facao

num tem delegado nem

tenente que num quera

respeita aqui no meu sertão.

Cícero Borges Poeta

DomPoeta
Enviado por DomPoeta em 05/08/2011
Reeditado em 24/09/2012
Código do texto: T3142062
Classificação de conteúdo: seguro