MINHAS TARDES NO SERTÃO
Era sempre o que eu fazia
No final do expediente
O astro rei lá no poente
Vermelhão do fim do dia
Minha maior alegria
Era mesmo contemplar
As belas no caminhar
Tardes quentes de verão
Nas ruas do meu sertão
A saudade é de matar!
Parava lá na calçada
Com o ar do carro ligado
No fumê bem disfarçado
Cada segundo uma olhada
A parada de fachada
Era minha diversão
Espécie de obsessão
Talvez uma fantasia
Era no final do dia
A fonte de inspiração
Quando via uma morena
Roupa cotton apertada
Silhueta desenhada
Com blusinha bem pequena
Fantasiava essa cena
Bela mulher sertaneja
Meu corpo muito a deseja!
Vinha em minha direção
Disparava o coração
Com medo qu'ela me veja
A loira vem rebolando
Sacudindo seu cabelo
Na verdade é um apelo
Todo mundo a desejando
Eu no carro já suando
Olhando a outra que vinha
Era assim toda tardinha
No vermelhão do arrebol
Eu rezava para o sol
Ficar mais uma coisinha...
Aquela bela menina
Do cabelo cacheado
Um andar bem apressado
Olhos claros, pele fina
Na frente vira a esquina
Com um jeito bem faceiro
Deixando somente o cheiro
Cheirinho de interior
Só sabe quem já cheirou
O quanto ele é verdadeiro
Era tanta formosura
Naquela cidadezinha
Ficou na memória minha
Vou levar pra sepultura
Bela gente uma mistura
De várias raças formadas
Todas por mim admiradas
Moram no meu coração
Em pleno seco sertão
Nas tardes de caminhadas