Saga de um bêbo chamado Zé bateria
José Feitosa da Silva
(JFeitosa)
TRANSLITERADO
Vou contar uma istória
Que não é pela disgraça
É para descontrair-mo
Dano um pouco de risada
De um fato ocurrido
Pertinho da minha casa.
Não sei se você conhiceu
Um tal de Zé bateria
Que tinha um víçio danado
De bêber mé todo dia
E depois de embriagado
Ficava no chão deitado
Cuma a ninguém pertencia.
Zé bateria bibia
Mais bibia cum vontade!
Por causa dessa cachaça
Ficou cunhicido na cidade
O povo que o cunhicia
Dele tinha piedade.
Cabra novo e distimido
Vivia sem paraderu
Andava devagarzinho
Sem poder andar ligeiro
Toda budega que via
Bibia sem ter dinheiro.
Cum essa sua atitude
Foi causano uma revolta
Quando o dono do bar o via
Já ia fechano as porta
E ele muito zangado
Chutava cum suas botas.
Sabeno da sua fama
O povo se agromerava
Arquitetano um plano
Para dar-lhes umas lapadas
Quando ele por ventura
Entrasse dento de casa.
O plano se alastrou
Para pegar Zé bateria
Home, muer e minino
Era tudo o que queria
Dar nele umas bufetadas
Para pagar pelo o que fazia.
No dia 18 de maio
Do ano não sei dizer
Zé bateria cismou
De uma loucura fazer
Cada mãozada que dava
Via as porta estremecer.
Seguia de rua a riba
Bateno sem piedade
Assustano os moradores
Dessa pacata cidade
Que cum medo se iscondia
Temeno suas maldades.
Um grupo se preparou
Armados cum alpargatas
Veno ele aproximano
Deixaram a porta escorada
Quando ele a impurrou
Caiu sentado na sala.
Nessa hora meu leitor
Cumeçou o labafero
Uns no Zé, tapa dava
Outros metia o chinelo
Cum os ôios arregalados
Achava-se no chão deitado
Chorano e dano berros.
Zé bateria pulava
Feito bode dento d’agua
Não façam isso cumigo
Desse jeito ôces me mata
E o povo respondia:
- Tamos dano é na cachaça!
As batidas dos chinelos
Parecia uma bateria
Cum aquele som orquestrado
Formano uma meludia
Batiam por sobre o lombu
Na cara e na viria.
Êita pisa de lascar
Zé bateria levou!
Para pagar suas dívidas
Dos erros que aprontou
Só pararam de bater
Quando a pulíça chegou.
Para falar a verdade
Foi de duer o coração!
Só via a ropa rasgada
Que amostrava o cação
Pegaram o Zé pelas pernas
Jogaru no camburão.
Foi durmir lá no xadrez
Pensano no acuntecido
Cum os oios bem inchado
E dor no pé do uvido
Incomodano os parceiro
Cum o som dos seus gimidus.
No outro dia acordou-se
Cum a cara ainda inchada!
O corpo todo duido
Por causa das chinelada
E ele a se prometeu...
- Vou deixar essa maivada!
Que prestem bem atenção
Na istória que se incerra
De um bêbo valentão
Que armou uma isparrela
Andano na contra mão
Terminou caino nela!