Órfãos

Olá Gonzaguinha

Como eu queria

Cantar sílabas sofejantes

Nessa voz que emitias

Tons quentes delirantes

Para quem tu quiseste

Fazer poesia

Kássia Eller, menina ousada

Rasgada, encantada

Menino em surdina

Andrógena sina

Que só adicionava

Quando meio tímida

Arrebatavas

Diga aí Cazuza

Cante mais Renato Russo

Arrancados anjos

Dentre nós a pulso

Vozes que preenchem

Em nossos desarranjos

Sentimentos turvos

Elis, ó rainha

Reinas para sempre

Referência minha

Quando à nossa frente

Surge qualquer diva

Por mais que seja altiva

Me vens recorrente

Meninos Mamonas

E às duplas desfeitas

Gonzagão que emanas

Heranças nas letras

Nas harmoniosas

Teclas da sanfona

Em canções perfeitas

Gente que a vontade

Era que vivesse

Como eternamente

Para nosso deleite

Surpreende sempre

Quando, humanos, vão

Ficamos assim, órfãos...