UM CACHO DE FLOR DA VIDA
TU levas dentro de ti
Toda fêmea, todo macho
Entre sete e nove meses
Germinando feito um cacho
De flores que é a vida.
- Eis o poder que eu acho!
Aonde vamos parar
Com esse mundo maluco
Chamado capitalista
Em que se visa o lucro
No trabalho, no consumo
Desse povo mais eunuco.
O cabra trabalha tanto
Eis que de si se esquece
Se não sabe quem o é
A prole desaparece
Porque não há sentimento
E o seu amor fenece.
Os filhos e a mulher
Têm tudo do que é bom
Mas, afeto e amor
Há dias perdeu o tom
No calor do aconchego
Duma música sem som.
Os filhos não têm carinho
Porém, têm tudo nas mãos:
Computador, vídeo game,
Nisto há muitos irmãos
Crescendo virtualmente.
São esses os cidadãos?!
Há muitos com o poder
Que não podem fazer nada;
Vivem cheios de dinheiro;
A vida: maior mamada
Mas, no lar não tem domínio:
A mulher é mal amada.
Há muito homem que gosta
De a amada escravizar;
Dotado de um machismo
Que só sabe humilhar.
Eis o Século Vinte Um,
Isso tem que acabar.
Há gritos silenciados
Entre as quatro paredes;
Há fomes pelas verdades;
Muitas águas e as sedes
Sufocando a terra árida
Em um vai-e-vem das redes.
No reduto do amor
Quando, na intimidade,
Cega é a consciência;
A mentira é verdade
No domínio do tirano,
Diz-se: Sim, por crueldade!
Afirmo que a mulher
É um poço de segredo;
Vivi no anonimato
A sofrer maior degredo,
Na imposição machista,
Num território do medo.
Mas quanta hipocrisia!
No poder do despuder;
Liberdade democrática
Em nome dum bem viver;
Mas, na ocultez do ser,
Há o medo de morrer.
Até quando a verdade
Vai permanecer oculta;
Na tradição, na cultura
Da gente que se diz culta;
Que pousa de bom mocinho
Mas, seu mal não o sepulta.
O dinheiro e o poder
Cegam nossa consciência;
É criança, jovem, velho
Não se mede inteligência;
Fala alto a ambição
É cruel, por excelência!
Há muita insegurança
No terror de um machão;
Cheio de estupidez,
Faz-se dono da razão;
Intimida a mulher,
Que Domina a Criação.
Ninguém gosta de sofrer
Porém, há o masoquismo
Que é um caso, à parte
Como também o sadismo.
Há homem, também mulher
Com seu sadomasoquismo.
Há um grito no silêncio
Segredado pro amigo,
Que se faz o terapeuta
E também o seu abrigo,
Porque na sua caverna
É iminente perigo!
Quanta ambição no mundo
Em detrimento do ter.
A filoterapoética
Vem para curar o ser,
Que vive em depressão
E perdeu o dom de crer...
Eu sou poeta-filósofo
Porque a palavra lida
O coração sofredor
No verbo que intimida
Os problemas duma alma
Indicando a saída.
O homem não gera vida
Mas, domina há gerações;
Vivendo de impor regras;
São muitas as convenções
Saídas de suas mentes:
Mentiras e invenções.
O tirano se deleita
No sabor da vaidade,
Ele sabe que seu eu
Domina com crueldade
(Quem tá abaixo de si)
Sem dó e sem piedade!
Amiga minha, mulher,
És repleta de beleza;
Pois mexe com todos nós,
Teu silêncio na pureza
De saber dissimular,
Com maestria grandeza.
Tens o domínio de tudo
Por força do coração;
Dominas teu próprio ser
No uso da emoção.
Pobre coitado de mim!
Que só uso a razão.
Entre poder e dinheiro
Eu prefiro a mulher;
Que dela gera-se vida,
Pois sabe tudo que quer;
Dirige tudo e a todos...
O futuro que vier.
Posso ter tudo na vida
E tudo que eu quiser.
Porém, o ter é efêmero,
Mais vale o ser e a fé.
Entre poder e dinheiro,
Diz meu afã condoreiro:
Eu prefiro a mulher.