BISACO DE PENSADOR
(Autor: M. C. Garcia)
Carrego idéias no meu
Bisaco de Pensador:
São poetas e filósofos
Justos no bem, no amor.
Sou arauto da palavra,
Da poesia, Lavrador.
No meu humilde Bisaco
Tem poeta nordestino;
Do Romance ao Cordel
Da moira ao desatino,
Reflete todos mortais
Que terão mesmo destino.
E vem de remotos tempos,
Epopéia Universal:
Ilíada e Odisséia
Antiga poesia oral,
Desse poeta Homero,
Trovador descomunal.
E o fundamento oral
Leva nome poesia.
E por sua vez, Parmênides
Fez sua Filosofia
Poema Da Natureza:
Base da Ecologia.
No meu Bisaco têm Sócrates,
Aristóteles, Platão.
A Filosofia Grega
Trazida por geração;
Pré-socráticos, também:
Heráclito e Zenão.
São Filósofos, Poetas
Que buscam elevar o Ser
Em nome da Metafísica,
Que só enaltece o ter
Essência de fazer Bem,
Desprendimento viver.
E dos Cristãos Pensadores
Eis, São Tomás de Aquino,
E, também Santo Agostinho,
Uma dupla do destino
Do nosso mundo cristão,
Pelo Deus nosso Divino.
Filósofo do Sertão,
Violeiro cantador;
E quem romanceia terra
É chamado escritor;
Os que falam com encanto:
Cordelista, glosador.
Eis Luiz Gonzaga, Rei,
Que criou, cantou Baião;
Também, José de Alencar:
Iracema, a Criação.
Do Assaré, Patativa
Fez poesia do Sertão.
Pois carrego menestréis,
Bem como os cordelistas:
Zé Limeira; Zé Praxedes
E também os repentistas:
Negra Chica, Zé da Luz,
Poetas popularistas.
Eu tenho no meu Bisaco,
O Pavão Misterioso;
João Grilo, Amarelinho;
Cancão de Fogo, tinhoso.
São Clássicos do Cordel
Desse clã maravilhoso.
Vamos pra Literatura
Do meu Barroco Brasil.
Gregório de Matos Guerra,
O "Boca de Inferno" mil
Da crítica, da política,
Da igreja ao Pastoril.
Tem agora o Arcadismo
No bucolismo a plaga
Em Marília de Dirceu,
Obra que não se apaga.
Glauceste, amigo de
Tomás Antônio Gonzaga.
Eis, então, o Romantismo.
Nessa poesia a Corrente
Dividida em três fases
Porque surgiu muita gente,
A retratar o Nordeste,
Pobre terra indigente.
E vejamos Castro Alves,
Um condoreiro, à vista;
Eis também Gonçalves Dias,
O Poeta indianista;
E o Graciliano Ramos,
Do Romance sertanista.
Machado de Assis foi
Realista, o precursor.
Academia de Letras
Fez, e poetou o amor
No seu livro: Dom Casmurro,
Capitu - mulher vigor.
Das estéticas, três linhas:
Vem logo Naturalismo,
Sendo a contemporânea
Desse mesmo Simbolismo;
Antecessor do Moderno,
Eis o Parnasianismo.
Aluísio de Azevedo,
Poeta Naturalista;
Alphonsus de Guimaraens,
Verdadeiro Simbolista;
Poeta Olavo Bilac,
Príncipe Parnasianista.
Os Pré-modernistas, veja
Onde Os Sertões e tudo
Fala o Euclides da Cunha
Do Conselheiro Barbudo.
E vem Augusto dos Anjos,
Grande poeta raçudo.
E entremos no Moderno,
Eis a Semana de Arte,
Teatro Municipal
E é São Paulo quem parte
No ano de vinte e dois
Pra terra de Malazarte.
A Obra Macunaíma
Deste Mário de Andrade,
E Juntamente Oswaldo,
Bandeira quebra a “grade”,
Com o seu poema Os Sapos,
E assim, faz-se confrade.
Eis Corrente genuína
Às terras do meu Brasil,
Porque descobre Cascudo
E outras culturas mil;
E a Antropofagia
É comer estranja vil.
Chegamos ao Concretismo,
Tríade dessa Estética:
Décio, Augusto e Haroldo
Quebram o verso com ética.
Ferreira Gullar, o crítico
Das plásticas, da poética.
Mas, há na Literatura:
A Visual e Processo,
A Marginal e Hai Kai
São Poesias em progresso:
Tem a Experimental...
Todas livres - um sucesso?!
Então, o contemporâneo
Deixou tudo bem legal.
Cresceu a Literatura
E se fez universal.
As correntes se findaram.
Tudo real-virtual.
E há instituições
Que elevam o artista,
Poeta, versejador,
Pensador, socialista
Filósofo, cantador
Bem como, capitalista.
Há poetas nas Favelas
A mostrar realidade,
No som: Rap, Hip Hop,
Transformando a Cidade.
"São marginais, não bandidos"!
Sabedores da Verdade.
Porém, há alguns parnasos
Que não vivem na real,
Estão inventando moda,
Falando de bem e mal
Poeta e cordelista
Mas, para mim, é normal.
Pensadores e poetas,
Pra mim são todos iguais,
Ante bandeira que levam;
São normais e anormais.
São da Razão-Coração,
Sendo todos Universais.
Sou poeta pensador,
De nome Eme Cê Garcia;
Vou lidando com Palavras,
E escrevo Poesia;
Mas, quando a meditar,
Vivo a Filosofia.
Meu Bisaco, minha Mente.
Por isso, sou Pensador;
Bisaco à tira-colo
Não passa de portador;
São coisas materiais.
Porto, deveras, AMOR.
Esse vai aqui guardado
No CORAÇÃO, na Cabeça,
Eu vou por esse Rincão,
Talvez, você desconheça.
E, lê este meu Cordel,
É provar do doce mel
DO SABER POIS NÃO ESQUEÇA!