Inda vorto nas caatinga

Seu nome era João Carrero

Qui o carro vinha trazeno

Era dois boizão marruêro

Puxano o carro só veno!

De longe a gente uvia

Aquela saudosa melodia

Qui o carro de boi ia fazeno.

Inda hoje a melodia

Faz parte da minha memória

Meus bons tempo de aligria

Marcô bem a minha história

Dos bons tempos qui se foi

Min alembro o carro de boi

Onde dexei gozô e glória.

Ia desceno a xapada

No São Felix ele passava

Na Barra era sua xegada

Qui na sexta-feira xegava

De café todo ensacado

Ele xegava carregado

E pros compradô intregava.

A sua cantiga fininha

Ecoava nos gerais

Já vortano cum a farinha

Insacada nos bornais

Assim foi o carro de boi

Dos meus tempos que se foi

E qui tomém nun vorta mais.

Inda vorto nas caatinga

Se Deus quizé quarqué dia

Pra tomá um golin de pinga

Pra relembrá as aligria

E num carro de boi eu pongá

Para a sôdade matá

Da filicidade q'eu vivia.

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 23/11/2010
Reeditado em 24/11/2010
Código do texto: T2632000
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.