Inda vorto nas caatinga
Seu nome era João Carrero
Qui o carro vinha trazeno
Era dois boizão marruêro
Puxano o carro só veno!
De longe a gente uvia
Aquela saudosa melodia
Qui o carro de boi ia fazeno.
Inda hoje a melodia
Faz parte da minha memória
Meus bons tempo de aligria
Marcô bem a minha história
Dos bons tempos qui se foi
Min alembro o carro de boi
Onde dexei gozô e glória.
Ia desceno a xapada
No São Felix ele passava
Na Barra era sua xegada
Qui na sexta-feira xegava
De café todo ensacado
Ele xegava carregado
E pros compradô intregava.
A sua cantiga fininha
Ecoava nos gerais
Já vortano cum a farinha
Insacada nos bornais
Assim foi o carro de boi
Dos meus tempos que se foi
E qui tomém nun vorta mais.
Inda vorto nas caatinga
Se Deus quizé quarqué dia
Pra tomá um golin de pinga
Pra relembrá as aligria
E num carro de boi eu pongá
Para a sôdade matá
Da filicidade q'eu vivia.