CASAS DE CABOCLOS

Que sardade danada agora qui ieu to sintino

Da casa dos caboco no tempo de ieu minino

Tinha quais nada tudo poco pobreza e simpricidade

Casa simpri acherano reboco ma tinha amor e filicidade

Pilão mode socá os trem de fazê cumê o arrois era pilado

Ficava inté mei rajado mais mió mode cumê

Tinha vitamina da boa dava inté gosto vê

Muita sustança mode cê forte pa guentá o baraiado

Feijão ruxim abroba minina Mandioca cove toicim

Aquês café de rapadura forte pa daná bibido bem cidim

Era uns cabra arrisurvido mão cheim de calo das inxada

Trabaiadô amigo e dicidido topava carqué parada

Num injeitava sirviço não nos trabai eram uns lião

Tudo danado de bão cortano lenha carriano cus carro de boi

Prantano cana mio feijão e arrois eita tempo bão qui se foi!

Sardade qui to sintino agora daquês tempo bão de otrora

Na madrugada mueno cana fazeno as batidas mai bacana

As puxa tomem a rapadura filiz infrentano aquera vida dura

Sem niuma recramação êita sardade danada garrano a gente sô

Dá aperto no curação inda bão quês tivero muito valô

Meus pais zelava mode num farta nada e tê justiça cus trabaidô

Tudo tratadu cumo se fosse da famia cum amizade e aligria

Ieu tomem tinha brigação na qués madrugada danada de fria

Tocá boi no ingen andá naquês pântano nas berada do rio picão

Pra mode corrê os atolero veno se tinha tolado arguma criação

As veis na hurica do sol intrá tava lá ua vaca tolada

Juntava os cabocu tudo pra mode à bicha cê ritirada

Argum inté falava praquê Ca diaba da vaca foi pu brejo

Ca boa vontade ia istrada afora num cunverseio caquele frejo

Ês ia contano causo sem recramá qui num era hora de trabaiá

Ieu morreno de vontade de vortá ia na frente mode mostrá o lugá

Era Gerardo chiquim Istêvo Zé do mêi pêdo pio

cCum punhado dos fio tomem ia nego do bardo

Rancava a bicha do tolero ela braba ingirizada

Correno naquere barro cheim de lama misturada

Curria tolano aqui ali atrais de nois mode querê pegá

Era aquera farra danada de boa das mais mió há

As dispois nois ia simbora pra casa pa mode ciá

Tudo sujo de lama lambusado satisfeito pa daná

Cumê biscoito frito que mamãe cum carinho e cuidado

Tinha feito mode nois cumê cum leite doçado!

...Hoje já véi fico arrecordano esse tempo bão

Aquera cumpanherada fié qui paricia tudo cê irmão

Dá um nó na gaiganta um aperto no curação

Ua vontade de fazê o tempo vortá... Mais cuá

Isso fai parte da vida num dianta a gente chorá!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 27/10/2010
Reeditado em 27/10/2010
Código do texto: T2581153
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