SERÁ VERDADE?

Talvez no nordeste viva

O povo que mais cultiva

A tradição popular.

Será que é verdade ou não?

Ou será superstição

O que agora vou contar?

Os mais velhos sempre ditam,

Os mais novos acreditam

Com certo espanto e receio.

Mas como pouco conhecem,

Não discutem, obedecem,

Temendo grande aperreio.

Eu também acreditei

Em coisas que eu escutei

Que hoje, ao revê-las, ri.

Para o leitor entender

Vou agora descrever

Algumas delas aqui:

Terá a fome canina

Quem o galo de campina

Sem ter dó o mata e come,

Pois quem assim proceder

Dia e noite vai comer

E não matará a fome.

E quem cair na besteira

Em plena segunda feira

For sua broca queimar

Mesmo tendo o mato farto

O fogo só queima um quarto

Terá que encoivarar.

Como se fosse castigo

Que aconteceu comigo

Ouvi muito alguém dizer:

Você nunca disso esqueça

Urupemba na cabeça

Nunca mais irá crescer!

Se um sujeito defecar

E com raiva alguém botar

Cinza quente no excremento

Quem defecou tá lascado

Com o traseiro queimado

Vai ser grande o sofrimento.

Só basta pronunciar

Quem quiser bastante azar

E viver pra sempre fraco,

O nome de dois bichinhos

Que são até bonitinhos

Que são raposa e macaco.

Seus planos serão perdidos

Se seus pés forem varridos

Pode ser moça ou rapaz.

E nem mesmo Santo Antônio

Lhes arranja matrimônio

Nenhum desses casa mais.

Se a terra tiver molhada

E ficar a meninada

Alegre a rodar pião

Bem pouco tempo demora

O inverno vai embora

A chuva não vem mais não.

Se alguém sem camisa dorme

Se expõe a um perigo enorme

É imenso o desmantelo

Está com o corpo aberto

Maus espíritos por certo

Vêm causar-lhe um pesadelo.

O caçador que zombar

E fumo nunca levar

Pra tão temida caipora,

Se perde até nas estradas,

Debaixo de cipoadas

Os cachorros vão embora.

Numa pedra de amolar

O cabra que se sentar,

Por um descuido qualquer,

A sorte está arruinada:

Pode até o camarada

Não gostar mais de mulher...

Esses mitos populares

Há em diversos lugares

E a quantidade é imensa.

Ou verdadeiros ou não

Não há uma só visão,

Cada um com a sua crença!

Hélio Leite
Enviado por Hélio Leite em 27/09/2010
Código do texto: T2524059
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