Exame de Próstata

Berilo era um cidadão

Honesto e trabalhador,

E no sertão pernambucano

Demonstrava o seu valor,

Tinha mais de 50 anos

E nunca foi a um doutor.

Trabalhava de sol a sol

Com prazer e alegria,

Plantava sua lavoura

Pra sustento da família,

Mas quando a seca chegava

De vez em quando sofria.

Casado e pai de seis filhos

Tinha uma vida normal,

Já estava acostumado

Com o trabalho braçal,

Curava doença em casa

Tinha pavor de hospital.

Tomava uma branquinha

Sempre na mesa dum bar,

Ao lado de alguns amigos

Vivia a papear,

Quando sentia uma dor

Mandava fazer um chá

Fazia chá de capim

De hortelã e manjericão,

De flor de abacaxi

Jurubeba e fruta pão,

Chá de cabelo de milho

Erva doce e limão.

Qualquer dor que ele sentia

Ele curava com chá,

A gripe tinha até medo

E não passava por lá,

Mas certo dia uma dor

Começou incomodar.

Era uma dor na bexiga

Quando ia urinar,

Tomou chá de todo tipo

E nada da dor passar,

Disseram: é sua próstata

É melhor você cuidar.

Ele disse: nunca fui ao medico

Digo isso sem segredo,

Tenho 53 anos

E confesso que tenho medo,

De ir para um hospital

Sabendo que vou levar dedo.

Como não tinha saída

Berilo foi ao doutor,

Que enfiou o dedão,

E o coitado suspirou,

O medico disse acabei

E o homem desmaiou.

O cara era muito macho

Mas não resistiu ao dedão,

O medico naquela hora

Passou a medicação,

E Berilo acordou

Sorrindo de emoção.

O doutor disse Berilo

Seu problema acabou,

Não precisa operar

Para curar essa dor,

Mas lembre-se que todo ano

Eu quero ver o senhor.

Berilo olhou para o medico

E falou com ironia,

Disse: eu levei esse dedão

Era bom e eu não sabia

Agora se o senhor quiser

Eu posso vim todo dia.

Dorgival dos Santos

Dorgival poeta
Enviado por Dorgival poeta em 23/09/2010
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