A cigana Honesta
Um dia estava na feira
E não sei por que razão,
Apareceu uma cigana
Querendo ler minha mão,
Eu disse: fique a vontade
Só que eu não pago não.
Ela disse: granjão!
Você precisa me ajudar,
Por que eu só vivo disso
Então tenho que cobrar,
Eu falei sendo assim
Já pode começar.
Mas você fala de que?
Do passado ou do presente?
Ela disse: de qualquer coisa
Pois sou muito experiente,
Confesso que já revelei
O futuro de muita gente.
Ela pegou minha mão
E começou gaguejar,
Eu falei já está bom
Por favor, pode parar,
Pois não eu entendo grego
Você quer me enrolar.
Ela falou tenha calma!
Você é meu primeiro freguês,
Eu nunca enrolei ninguém
E não será a primeira vez,
Mas as letras da sua mão
Estão escritas em inglês.
Na hora deu um sorriso
Confesso que não acreditei,
Mas ela disse: é verdade!
Está escrito em inglês,
Procure outra cigana
Por que eu não estudei.
Na hora fiquei curioso.
E perguntei quanto é?
Ela disse não fiz nada
Dê-me o que você quiser,
Pois eu não li sua mão
Mas posso ler o seu pé.
Comecei a ri de novo
Mas ela não hesitou,
Começou a ler meu pé
E muita coisa falou,
Mesmo não acreditando
Eu fiquei a seu dispor.
Ela leu e releu meu pé
De um modo diferente,
Falou do meu passado
Do futuro e do presente,
Eu apenas observava
E ouvia atentamente.
Finalmente terminou
E disse: é isso ai Dorgival,
Não sabia que você
Tinha um pezinho especial,
Pois tudo que está escrito
Dá pra fazer um jornal.
Ela não sabia meu nome
Acho que adivinhou,
Se, estava escrito no pé.
Ela também não falou,
Dei dez reais por que quis
E a consulta terminou.
Esta foi uma historia
Que chamou minha atenção,
De uma cigana honesta
Que tentou ler minha mão,
Mas acabou lendo o pé
Com muita dedicação.
Dorgival dos Santos