LADRÃO BARATO

Muita coisa interessante

Em Jatiúca se passa.

O que vou contar agora

O leitor vai achar graça,

Pois um sujeito qualquer

Roubou de certa mulher

O seu litro de cachaça.

Ele chegou de mansinho

E na casa dela entrou,

Palestrando com a mesma

Que de nada suspeitou.

Ela foi ver o fogão

E foi esta ocasião

Que o malandro aproveitou.

Quando ele se viu sozinho

E o litro em cima da mesa,

Não perdeu um só segundo,

Usou da sua esperteza,

Correu pra o sítio Santana,

Pois sua sede de cana

Era grande com certeza.

A mulher chegou na sala,

Num instante percebeu

Que seu litro não estava,

Atrás do cabra correu,

Mas ele foi muito esperto,

Não estava mais por perto,

Logo desapareceu.

A velha ficou valente,

Fez um grande espalhafato,

Dizendo: - na minha pinga

Ele deu bote de gato...

Eu vou sair atrás dele

E na hora que eu pegar ele

Não terá perdão, eu mato!

E correu feito uma louca

Até a rua do Oiti,

Gritando desesperada:

“Lá vai o ladrão ali!

Não agüento correr mais

Vai fulano corre atrás

Que fico esperando aqui.”

Um rapaz que ali estava

Sentiu pena da coitada,

Montou numa bicicleta

E saiu em disparada

E logo que ele alcançou

Desta maneira falou:

“Pare aí meu camarada!”

O sujeito quando ouviu

Parou e não disse nada,

O rapaz disse: - “colega,

A mulher está zangada

Pediu para eu lhe pegar,

Mas basta você deixar

Eu tomar uma bicada.”

Bebeu uma caprichada,

Do cabra se despediu,

Voltou muito satisfeito

E quando a coitada o viu

Correu ao encontro dele,

Disse o rapaz: - “Não vi ele,

Essa altura já sumiu.”

“Ladrão” de litro de pinga

É “barato” até demais,

Se um gostava de beber

O outro gostava bem mais.

Neste fato relatado

Eu mostrei que o viciado

De qualquer coisa é capaz!

Hélio Leite
Enviado por Hélio Leite em 26/08/2010
Código do texto: T2461311
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