CORDEL – Mote: Se não cuidar da ferida/Vem um graveto e magoa

Quero neste modesto cordel fazer uma homenagem “post mortem” ao grande poeta paraibano Osvaldo Venâncio, cuja família se radicou na cidade de Cuité, formando uma liderança indiscutível até mesmo na política. Dele ouvi, certa vez, quando de uma jornada na cidade de Santa Cruz (RN), onde sempre íamos jogar futebol de salão, os seguintes versos: “Estou virando cascão, tal qual lama de lagoa, igual a uma ferida, na perna de uma pessoa, que antes de sarar de tudo, vem um graveto, magoa”. Nota: A palavra ferida aqui pode ter sentido figurado.

 

Na vida tudo acontece

Coisas do bem e do mal

Do amor não se esquece

Nem cura com melhoral

Nessa fase dolorida

Não brigue que ele voa

SE NÃO CUIDAR DA FERIDA

VEM UM GRAVETO E MAGOA

 

É que ela me pegou

Com sua amiga lá na cama

Na hora bem que berrou

Tremia com muita trama

Difícil de ser contida

Apelaram pro Gamboa

SE NÃO CUIDAR DA FERIDA

VEM UM GRAVETO E MAGOA

 

Falei pra minha donzela

Não estou querendo findar

Ela queria querela

Nem mais podia ficar

Mas assim entristecida

Brigava como leoa

SE NÃO CUIDAR DA FERIDA

VEM UM GRAVETO E MAGOA

 

Pior é que seu padrasto

Já está desconfiado

Entende que não sou casto

Comigo anda amolado

E ela bem enrustida

Tal qual a sua patroa

SE NÃO CUIDAR DA FERIDA

VEM UM GRAVETO, MAGOA

 

Sua tia já me disse

Você tenha cuidado

Pra não valer-se da misse

Seu primeiro namorado

Se não der boa guarida

Não a levar numa boa

SE NÃO CUIDAR DA FERIDA

VEM UM GRAVETO E MAGOA

 

Pior é que eu namoro

Com galega infernal

Seu aconchego adoro

Viro até um animal

Vendo outra enxerida

Braba logo ela caçoa

SE NÃO CUIDAR DA FERIDA

VEM UM GRAVETO E MAGOA

 

Não sou de uma só mulher

Gosto da vida gozar

Acredite quem quiser

Quando entro é pra rachar

Embora muito mordida

Não é uma má pessoa

SE NÃO CUIDAR DA FERIDA

VEM UM GRAVETO E MAGOA

 

Quando elas se encontrar

Briga vai dar na canela

Precisam saber esnobar

Mostrar a melhor vitela

Dou logo uma fugida

Deixo-as comendo broa

SE NÃO CUIDAR DA FERIDA

VEM UM GRAVETO E MAGOA

 

Não sei qual que escolho

A forte ou a magrinha

Uma é cega dum olho

Outra é muita fominha

Se disser que é metida

Tudo que come enjoa

SE NÃO CUIDAR DA FERIDA

VEM UM GRAVETO E MAGOA

 

Tem ainda sua prima

Que me olha dando bola

Sempre quer estar por cima

Coisa de encher sacola

Ao passar na avenida

Mexendo como leitoa

SE NÃO CUIDAR DA FERIDA

VEM UM GRAVETO E MAGOA

Grato Milla pela interação, você é um espetáculo:

 

SE NÃO CUIDAR DA FERIDA,

VEM UM GRAVETO E MAGOA!

 

 

Tudo faz parte da vida,

De um programa elaborado

Para tocar sua lida

Tem que se ter um passado

Com o presente, consolida,

Muito embora ele doa

SE NÃO CUIDAR DA FERIDA,

VEM UM GRAVETO E MAGOA!

 

Amigo, nesta corrida,

Não queira ser vencedor

O troféu não se valida

Com sofrimento e dor.

Cuide da sina atrevida

Para não sofrer à toa

SE NÃO CUIDAR DA FERIDA,

VEM UM GRAVETO E MAGOA!

 

Esta dor que circuncida

A nossa mente vazia

Não há de ter acolhida

Na lide do dia a dia.

Traçar a rota indevida

De seu caminho, destoa,

SE NÃO CUIDAR DA FERIDA,

VEM UM GRAVETO E MAGOA!

 

Portanto, o homem forte,

Não trava luta inútil

Não brinca com sua sorte

Nem vive um sonho fútil.

Contudo, em contrapartida,

Compõe seus versos em loa

SE NÃO CUIDAR DA FERIDA,

VEM UM GRAVETO E MAGOA!

 


 

Giustina também interagiu... Grato...

 

Muita mulher no pedaço

Só pode dar confusão

Cuidado com o mormaço

Não dê uma de machão

Trata bem tua querida

Porque senão ela voa

SE NÃO CUIDAR DA FERIDA

VEM UM GRAVETO EMAGOA.




 

Em revisão.

Raeu, grande poeta, assim se pronunciou:

 

É nordeste Pernambuco

Vizinho de alagoas

Não que estejam caducos

Mas plantam uva da boa

Em terra seca sofrida

Que não tem nem garoa

SE NÃO CUIDAR DA FERIDA

VEM UM GRAVETO E MAGOA!

Miguel Jacó, nordestino como eu, interagiu assim:

 

Este viço incontrolável,

Que acomete as pessoas,

Pode ate ser deplorável,

Se não lidar numa boa,

Acirrando suas brigas,

Com a sua atual patroa,

SE NÃO CUIDAR DA FERIDA,

VEM UM GRAVETO E MAGOA.



Marina Alves, prestigiando assim o fizera:

 

De tudo que a vida traz

Um pouquinho se aprende

Pois o homem é capaz

E sempre uma luz se acende

Viver é pois uma lida

Espinhosa, mas é boa

Se não cuidar da ferida

Vem um graveto e magoa.

ansilgus
Enviado por ansilgus em 01/08/2010
Reeditado em 10/08/2010
Código do texto: T2411732
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