REINO DAS BAIXARIAS
Antes mesmo da eleição,
meio a boatos nojentos,
já se escuta a confusão,
pois fiquem todos atentos
– muitas calúnias virão.
Muitas lorotas e petas
serão postas nos canais,
como se grandes facetas
fossem calar os rivais
com difamações ranhetas.
Não quero dar, de metido,
palpites nem profecias,
mas o meu sexto sentido
diz que vão vir baixarias,
até que o pleito vencido.
Dossiês, vídeos, panfletos
darão soltura às mentiras;
estas nadando nos guetos,
vates afiando as liras
e o cão tocando os espetos.
Trombetas dos direitistas
vão soar de vuvuzelas;
os mais notáveis artistas
irão vender-se nas telas
aos candidatos fascistas.
Um deu surra na mulher,
outro meteu mão no erário;
esse não sabe o que quer,
aquele foi proletário,
sem bater prego, sequer.
Aquele foi terrorista,
outro vendeu sua alma,
passou nos cobres, à vista,
o País e a sua palma,
mas, hoje, virou nazista.
Nas revistas e jornais,
altas cifras dão pecúnia;
os cabos eleitorais
só divulgando calúnia
das vidas dos seus rivais.
No ribombar dos fuxicos,
partidos esbandalhados,
uns de aluguel, os nanicos
literalmente alugados,
inconstantes tico-ticos.
Partidos sem ideário,
ao pé da letra, coitados,
de interesses um aquário,
pois de pulhas recheados,
a fim de enganar otário.
Com honrosas exceções,
lá, num ou noutro partido,
os demais são trapalhões;
se o povo lhes deu ouvido,
ao povo faltam noções.
Em favor das maiorias,
não vamos ouvir futricas,
que o reino das baixarias
vende mídia nas boticas
– da direita as fantasias.
Votar não é festa amena:
você coce a cabecinha,
vote certo e tenha plena
consciência que, na linha,
vota a cabeça serena.
Fort., 26/06/2010.