O azulão que se transformou em urubu. Ou seria um jacu?
Era uma vez
Um camponês
Tinha um único filho
E uma plantação de milho
No terreiro algumas galinhas
Um azulão na gaiola e uma vaquinha
O filho do camponês
Era muito preguiçoso
A tarefa de uma semana
Ele fazia em um mês
Confiar a ele algum trabalho
Seria até meio perigoso
As galinhas
Pobrezinhas
Se dependesse do homem
Morreriam todas de fome
Uma vez pra não ordenhar a vaca
Ele cortou a mão com uma faca
Sempre arranjava um meio
Para fugir do trabalho.
Certa vez
O camponês
Numa manha de muito frio
Mandou seu filho adubar uma área para o plantio.
O jovem como sempre estava indisposto
Naquela manha de agosto
Com um pouco de malícia
E preguiça até demais
Para não executar o serviço
Escondeu o adubo entre a ração dos animais.
O camponês
Por sua vez
Confundindo o adubo com alpiste
Passou a alimentar o pobre azulão
Diariamente com adubo
Sem perceber a confusão
O pássaro andou meio triste
Mas não parou de crescer
E logo a gaiola ficou apertada
Como o pássaro era manso
Foi facilmente domesticado
E entre as galinhas passou então a viver
E se transformou em um grande urubu
Ou seria um jacu?
O camponês
Desta vez
Encarou a novidade
Com certa naturalidade...