O AMANTE

Estava lendo jornal,

Com grande atenção

Para sentir as palavras

Daquela informação

Que tinha como tema

Simplesmente, “Traição”.

Não aconteceu no Japão

E sim na grande china

Uma terrível covardia

Uma Barbara Sina

Mas isso hoje acontece

Em quase toda esquina.

Pode ser gente fina

Como também brucutu

Pode sobrar para mim

Como também pra tu

Chegar em casa e ver

O cabra correndo nu

Com as calças na mão

Entrando e qualquer canto

Com os negócios balançando

Causando tamanho espanto

Fazendo as valhas beatas

Clamarem por um santo.

Mesmo assim o pé de lã

Corre sem olhar pra traz

Pensando no que fazer

E no que o corno faz

Se pegar o indivíduo

Parente do satanás.

Que pegou sua mulher

Arrochou bem gostosinho

Cheirou no seu cangote

Deu-lhe todo seu carinho

E quando ia embora

Enchia-lhe de beijinho.

Enquanto o corno coitado

Ao trabalho se entrega

Para que no fim do mês

Tenha uma feira brega

Não deixando passar fome

A esposa e seu colega.

O pobre coitado leva

Grito do chefe da seção

Que lhe encho o seu saco

E nem lhe pede perdão

A única coisa que ele quer

É aumento de produção

Ele trabalha o dia todo

Sem nenhuma restrição

A única coisa que quer

É ganhar o seu tostão

Para alimentar a amada

Que alimenta o garanhão.

Esse indivíduo já sabe

A hora que Zé não tá

Ficando só no aguardo

Para ir logo pra lá

Amar a esposa traidora

Na base do blá, blá, blá.

Chegando na casa do corno

Toma logo um cafezinho

Dá um cheiro na morena

Com aquele seu jeitinho

Morde o cheiroso cangote

Morde a ponta do dedinho

E depois do tal café

Vai aos dentes escovar

Depois liga a televisão

E começa a conversar

E sem nenhum receio

Começa a namorar.

Abraça a bela morena

E falsa dona do lar

Que se entrega ao bandido

Com seu jeito de beijar

Ele aperta os seus peitos

Ficando a acariciar

Deixa-a bem doidinha

Louca para amá-lo

Pula então no sofá

Sem medo de machucá-lo

Agarra no seu pescoço

Pensa até em amarrá-lo

Enquanto o corno na fábrica

Fica levando seus gritos

Com dor na consciência

Por seus momentos aflitos

Que serão um belo dia

Como agora ser escritos

Mas voltando para a casa

Desse nosso pobre coitado

Que trabalha doze horas

Para ser bem remunerado

Se lascando todinho

E em casa sendo enganado.

Por sua bela regaça

Que se atraca ao amante

Um cara bem arrumado

E bastante elegante

Freqüentador de academia

E músculo exuberante.

Os glúteos bem arrumados

Coxas de Vitor Fasano

Mas um cara desempregado

Com fama de pé-de-pano

Se fosse um cantor lírico

Seria um bom soprano.

Mas na verdade seu dom

É conquistar as mulheres

Que, diga-se de passagem,

Canta até a Ana Peres

Mas eu sei que tu parceiro

Como amigo não o queres.

Mas continuemos agora

O romance desses dois

Que não é uma raridade

E fazem homens virar bois

Querendo tudo na hora

Não deixando para depois.

Mas às vezes nós sabemos

Que pode virar problema

Um momento tão gostoso

Como este do nosso tema

Que dá dores de cabeça

E nos enche de pena

Do homem trabalhador

Que trampa o dia todo

Até as 18 horas da noite

Sem nenhum engodo

E quando chega em casa

O cara passou o rodo

Limpou a sua panela

Sujou todos seus pratos

Bagunçou a sua vida

Calçou até seus sapatos

Vestiu as suas cuecas

Ainda chutou seus gatos.

Melou o seu banheiro

Com a sujeira do pecado

Com o suor da sua orgia

Na cama deixou um recado

O cheiro desse miserável

Sujeitinho, grande safado.

E quando ele é pego

Diz logo ser uma bicha

Requebra sua cintura

Para o fato ele se lixa

Se esfregasse pelas paredes

Parecendo uma largatixa

Esconde-se no guarda roupa

Disfarça-se de camisa

E o corno quando lhe pega

Promete dar uma pisa

Puxa-o pelos cabelos

Nessa hora não alisa

Apontando seu três oitão

Para a cabeça do Urso

Que com seu grande medo

Não escolhe o percurso

Pula logo pela janela

O seu único recurso.

Se for alta o local

Vai para baixo da cama

O local mais natural

Para o bicho que tem fama

E transformou a família

Num imenso mar de lama.

Destruiu todo o amor

Entre filhos, mãe e pai

Que abandona o seu lar

E não sabe para onde vai

Enquanto que a mamãe

Do seu lugar não sai.

É assim meu amigo

Minha amiga também

Do jeito que tem mulher

Homem tem mais de cem

Que destroem suas famílias

Querendo ter um harém.

Por isso lhe aconselho

A zelar por seu amor

Juntamente com seus filhos

Não guarde nenhum rancor

Das pessoas que perderam

Totalmente o seu pudor.

Agora quero agradecer

A leitura que fizeste

Lembre-se também

És um cabra da peste

Se gostastes disto

Então faça um teste.

MIGUEL NASCIMENTO

Rio Largo – AL

02/11/2009

Miguel Nascimento
Enviado por Miguel Nascimento em 02/11/2009
Código do texto: T1901735
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