*CORDEL A LOUIS BRAILLE

Em mil oitocentos e nove,

No dia quatro de janeiro

Nascia Louis Braille,

Menino corajoso e guerreiro,

Filho de Simon Braille,

Um conceituado seleiro.

Nascido em Coupvray,

Cidade próxima a Paris,

Louis tinha tudo na vida

Para ser um garoto feliz,

Mas um acidente doméstico

Podou seus sonhos infantis.

Brincando na oficina do pai,

Aos três anos de idade,

Um instrumento pontiagudo,

Numa triste fatalidade,

Vazou seu olho esquerdo,

Reduzindo-lhe a visibilidade.

Dois anos mais tarde,

Uma grave infecção

Afetou-lhe o outro olho

E tirou-lhe o resto da visão.

Agora, totalmente cego,

Louis viveria na escuridão.

Porém sua vivacidade

Ajudou-lhe a desenvolver

Sua natureza investigadora

Que o ajudaria a bem viver

Num mundo cheio de luzes

Que ele jamais poderia rever.

A sua cegueira total

Não o impediu, porém,

De frequentar a escola

Nem de se tornar alguém

Capaz de mudar a visão

Do mundo e a sua também.

Aos dez anos de idade,

Por ser um aluno brilhante,

Ganhou uma bolsa de estudos

Que o levaria adiante

Na caminhada da vida,

Da qual inda era infante.

Conheceu o método de Barbier

Ainda na pré-adolescência,

Um método que o ajudaria,

Se usado com inteligência,

Nas dificuldades encontradas

No decorrer da sua vivência.

No entanto, suas limitações

Obrigaram-no a pesquisar

O método de Barbier

Com o intuito de encontrar

Uma saída para os problemas

Que o impediam de estudar.

Depois de alguns estudos,

No auge dos quinze anos,

Louis criou seu método:

O Braille, que mudaria os planos

De vida dos não videntes

Isolados dos outros humanos.

Aos dezessete anos,

Na função de professor,

Louis ensinava aos cegos,

Com dedicação e amor,

Usando o método Braille,

Do qual foi criador.

Alguns anos mais tarde,

Seu sistema genial

Também foi usado

Na notação musical

E na tradução de textos

Para o deficiente visual.

Aos vinte e seis anos,

Com a saúde já deficiente,

Contraiu uma tuberculose,

Mas teve vida suficiente

Para ver seu método Braille

Reconhecido publicamente.

Demitiu-se do magistério

Em mil oitocentos e cinquenta

Em virtude da saúde frágil

E da vida turbulenta,

Dedicando-se somente ao piano,

Quando já passava dos quarenta.

Em mil oitocentos e cinquenta e dois,

O menino que perdera a visão

Na oficina do próprio pai

Sentiu parar seu coração,

Mas faleceu com a certeza

De que sua luta não foi em vão.

*1º lugar no "Concurso Literário 200 anos de Louis Braille", promovido pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), em São Paulo.