MARI, ARAÇÁ E OUTRAS ÁRVORES DO PARAÍSO
Deus escreve em linha torta
Prescrevendo o que virá,
Peço ao Supremo Senhor
Que dê luz ao meu cantar
Pra falar neste folheto
Coisas da velha Araçá.
Araçá dos Luna Freire,
Araçá do abacaxi,
Araçá de velhas lutas,
De guerras, de frenesi,
Por um punhado de terra
Como se diz por aqui.
Patrimônio colossal
Da gleba paraibana,
Tem na sua geografia
Beleza de terra plana
E rica para o plantio
De um povo muito bacana.
Final do século dezoito:
Toda essa região
Era coberta de mata
Despertando a ambição
De invasores estrangeiros
Que vinham aqui em missão
De explorar essas várzeas
Do Brasil colonial
Sob as vistas complacentes
Do jugo Provincial
Rapinando essa riqueza
E enviando a Portugal.
A ganância portuguesa
Começou a explorar
E devastar nossas matas
Como a seguir se verá
Em conluio com piratas
Que infestavam esse mar.
Os colonos portugueses
Assinavam petição
Conseguindo sesmarias
De larga e vasta extensão
Sombreadas de florestas
Aqui nesta região.
Então tiravam a madeira
Para fim comercial
E junto com o contrabando
Levavam pra Portugal
O ouro e o pau de lei
Em rapina colossal.
Um tal Antonio da Prata
Desbravador português
Descreveu por essa época
Uma viagem que ele fez
Descobrindo nossas matas
De causar embriaguez
Por serem de total virgens,
Sem nomes nem latitude,
Sem trilhas ou citações,
E em completa amplitude.
Ribeira do Paraíba,
Terra aberta à plenitude.
Contra-Mestre e batedores
Entraram no matagal
No Engenho Gargaú
E Mata do Cipoal
Com jatobá e pau d’arco
De abundância anormal.
Já a Mata Marizeira,
Fundo do Vale também,
Encantaram os batedores
Que encontraram além
Toda sorte de madeira
Que uma floresta retém.
Para o Posto de Araçá
Começaram a conduzir
Essas madeiras de lei
Para depois expandir
Nos fins do século dezoito
O que vai sobressair
Na novíssima colônia:
O comércio vegetal
Da Várzea do Paraíba
Direto pra Portugal.
Começava a exploração
Do Brasil colonial.
Portugueses e franceses
Carregavam o jatobá,
Baraúna, pau brasil,
Carvalho e jacarandá,
Assim ia se formando
A vila de Araçá.
Madeira gorda e de lei
Voava nessa aventura
Pra levantar os conventos
E demais arquitetura
Dos palácios e navios
De Portugal que emoldura
O quadro de imperialismo
Que o Marquês de Pombal
Representava tão bem,
Um dirigente venal
Mandatário desses mundos
Direto de Portugal.
As riquezas inexploradas
Dessas matas colossais
Atraiam muita gente
Que se aventurava mais
Alcançando Canafístula
Onde nasceram meus pais.
Depois chegaram em Pau-Ferro
Tudo nome de madeira!
E nossas belas reservas
Dessa planície altaneira
Foram todas destruídas
Em servidão sorrateira.
Na região ainda resta
Alguma espécime nativa;
O mulungu, o anjico,
A jurema e sempre-viva,
O marmeleiro, o pau d’arco
Como lembrança afetiva
De um mundo colossal
Entre a zona da mata
E região da caatinga
Onde hoje se constata
Uma mui fértil planície
Que um deserto formata.
João Vitorino da Gama
Fundou este povoado.
Rosalina Luna Freire,
Um casal abençoado,
Tiveram muitos rebentos
Com terreno demarcado:
Araçá dos Luna Freire
Foi conhecida a aldeia;
Construída a capelinha,
O mercado e a cadeia,
E outros equipamentos
Que logo desencadeia
O mecanismo complexo
Dessa civilização,
Estendendo até Sapé,
Em Sobrado e Riachão,
Os povoados vizinhos
Em cuja povoação
A família Luna Freire
Deu a contribuição,
Sendo Zé de Luna Freire
O chefe da estação
Do trem que passou primeiro
Na Araçá de então.
Que passou a progredir
Com a passagem do trilho.
Com o desenvolvimento
Apresentou maior brilho
Ao longo da ferrovia
A fé deixava rastilho.
Assim o apito do trem
Na curva tênue da história
Com o brasão do Conde d’Eu
Em Mari chegou com glória
No ano de 83,
Se não me falha a memória.
Dia sete de setembro
Foi a data desse fato.
Fim do século dezenove
Chegou com espalhafato
O primeiro trem de ferro
Danado rompendo o mato
Na aldeia de Araçá
Que o recebeu festiva,
Como um supremo suporte
Para a força coletiva
De um povo trabalhador
Com energia positiva.
Pernambuco e Paraíba
Mais Rio Grande do Norte
Tinham a estrada de ferro
Como um supremo suporte
Pra alavancar o progresso,
Mudando de fato a sorte
Dessas regiões sofridas
Que tinham no apito do trem
Uma sensação de alento,
Como um supremo bem
Que chegava pra alargar
A esperança muito além
Da triste realidade
Do “pueblo” regional,
O qual andava a cavalo
No trote bem natural.
Aí veio a Great Western
Modificando o astral.
Do povoado Araçá
Que agora, além da feira,
Teria a força do trem
Assoprando na carreira
A chama da evolução
E levantando a bandeira
Da tal da prosperidade,
Aumentando a economia,
Fazendo da Estação
O centro da freguesia,
Acelerando o progresso
Como jamais ninguém via!
Verdade é que o trem de ferro
Mudou a sociedade,
Influenciando em tudo
Na vida desta cidade,
Servindo até de relógio
Deixando muita saudade.
Naquele tempo de glória,
O sujeito ia à estação
Como quem vai ao estrangeiro,
Porque em cada vagão
Viajava a novidade,
Chegava a inovação.
Uns iam pra embarcar,
Outros receber parente,
A maioria, porém,
Só festejava, contente,
A festa cotidiana
Da ferrovia ingente.
Era grande autoridade
O chefe da estação,
Funcionário respeitado
Na sociedade de então.
Até na vida política
O trem dava o seu bordão.
Hoje, tudo está mudado,
O trem perdeu a corrida,
A ferrovia falece
Diante da investida
Da política de transporte
Que somente dá guarida
Ao módulo rodoviário
Conforme o truste mandou,
Só restando então saudades
De um tempo que passou.
Com o trem, foi-se o progresso,
O tom do apito mudou!
O José de Luna Freire
Construiu a capelinha.
Foi grande proprietário
E benfeitor da terrinha.
Morreu na era de 12
Grande prestígio ele tinha.
Mil novecentos e doze:
Araçá cresceu bastante
Com foros de povoado
Levando o progresso avante
Buscando a maioridade,
Orgulhando o habitante.
Morrendo o senhor José,
Seu filho chamado João
Herdou as propriedades
E o cargo na Estação,
Sendo este bom caráter,
Correto e bom cidadão.
Virtudes estas herdadas
Do seu pai, homem direito,
Um fundador da cidade,
Uma espécie de prefeito.
Araçá dos Luna Freire
Deve a eles grande pleito.
Contam que foi nesse tempo
Que o bando de Antonio Silvino
Invadiu o Araçá
Com um furor leonino
Para aterrorizar
Homem, mulher e menino.
Antonio Silvino foi
De Jesuino Brilhante
Um seguidor indomado
De sua vida alarmante
E românticas aventuras
No mister ameaçante
Da vida de cangaceiro
Lembrando de Lampião,
Do grande Chico Pereira
Que também era um leão,
Justiçando em causa própria
Nas veredas do sertão.
Pois o Antonio Silvino
Mandou urgente recado
Ao povo do Araçá
Com o seu certificado
Que iria invadir
O pequeno povoado.
O povo daquela gleba
Ficou bastante chocado
Diante da ameaça
Do “bandido tresloucado”
Por não haver segurança
Diante do bando armado.
Três dias antes da data
Da vinda do cangaceiro
Irrompeu em Araçá
O bando arcabuzeiro
Trazendo à sua frente
O famoso bandoleiro.
O bando de cangaceiros
Dirigiu-se à estação
Para isolar o sistema
Sem a comunicação
Que pudesse anunciar
A indesejada invasão.
Foi, porém, bem recebido
Pelo chefe da estação,
Senhor João de Luna Freire,
Respeitável cidadão
De caráter bem formado
Que enfrentou o valentão
Sem aparentar o medo,
Com distinta cortesia,
Só fazendo uma exigência:
Evitar a heresia
De profanar a igreja
E exibir valentia
Para os pobres moradores
Que estavam constrangidos.
Pois o capitão Silvino
Atendeu aos seus pedidos,
E conforme o combinado
Deu ordens aos seus bandidos
Para poupar o comércio,
Respeitando o morador,
Pedir, mas pedir com calma,
Uma ajuda ou um favor
Em comida ou em dinheiro
Ou ambos, conforme for.
O Capitão, entretanto,
Quis ouvir o som famoso
Do realejo de João
Que atendeu, prestimoso,
Acalmando o ambiente
Com um solo bem formoso.
Antonio Silvino, então,
Fez amigos no lugar
E se despediu em paz
Para ir subjugar
Outra praça e povoados
Sem um tiro disparar.
Antes, Antonio Silvino
Por seu João autorizado,
Distribuiu com os pobres
Muita pataca e cruzado
Que era na sua ação
Um gesto banalizado,
Mostrando seu lado humano,
Chegando em certas cidades
A soltar todos os presos,
Uma das ambigüidades
Desse famoso bandido
Afrontando autoridades.
Vamos passar a falar
Da vida religiosa
Dessa vila de Araçá
De gente laboriosa,
Cumpridora dos deveres
Com uma fé gloriosa.
Mil novecentos e um
Foi aberta a capelinha
Primeiro templo católico
Daquela aldeiazinha
Benta pelo Padre Antonio
De uma cidade vizinha.
Em torno dessa capela
Começou o movimento
Do povo religioso
Com missas e casamento
E outras solenidades
Destacando-se o momento
Dos festejos de Natal
E a festa da Conceição,
Também festejos de Reis
Que viraram tradição.
No ano de 21
Tomou posse o Padre João
Batista de Albuquerque
Que criou com devoção
O divino apostolado
Dirigido à oração,
Com a família Luna Freire
À frente da comissão.
As irmãs Ana e Amélia,
Maria Anália em conjunto,
Tendo à frente dona Antonia
Tratavam de todo assunto
Dos instrumentos da fé
Como vigário adjunto.
Cônego Eurivaldo Caldas
Foi quem registrou a história
Mostrando que os Luna Freire
Participaram com glória
De todo acontecimento
Como uma confirmatória
Do fato dessa família
Ter realmente criado
A cultura da cidade
No seu momento passado,
Plasmando assim pra o futuro
Todo seu apostolado.
No ano 41
Assume o vigariato
O padre Hildon Bandeira
Um sacerdote de fato
Com idéias progressistas,
Tratando de imediato
De começar a campanha
Em prol da religião
Para construir um templo
Que servisse à devoção
Daquele povo católico
Devoto da Conceição.
Ajudado pelo povo,
Esse padre abençoado
Começou a execução
Do projeto arquitetado;
Foi se erguendo o edifício
Pelo esforço acumulado.
Um pé de tambor gigante
Foi então sacrificado
Para erguer a Igreja
No local determinado,
O que encheu de pesar
O povo do povoado
Acostumado que estava
Com o belo vegetal,
Em cuja sombra passava
Toda vida social
Daquela simples aldeia,
Como um referencial.
Acolhendo retirantes
E abrigando animais,
O pé de tambor servia
Pra eventos informais,
Pic-nics e festinhas
Como não se viu jamais
Depois que foi derrubado
O velho pé de tambor
Com mais de 40 anos
Deixando profunda dor
Pela sagrada heresia,
Sendo o padre promotor
Da derrubada da árvore
O vigário Hildon Bandeira
Que ao final foi perdoado
Por cometer essa asneira
Pois no lugar do tambor
Ergueu-se bela e altaneira
A igreja tão sonhada
Por toda população,
Que foi então consagrada
Ao Sagrado Coração
De Jesus, o Rei dos Reis,
Conforme a religião.
No ano mil novecentos
Dezena cinqüenta e três,
Em 25 de outubro,
Na festa de Cristo Rei
Tornou-se realidade
O sonho de toda grei.
O Bispo Dom Moisés Coelho,
Pois, naquela ocasião
Fundou então a Paróquia
Do Sagrado Coração
Conforme o catolicismo
Em prol da consolação
Dos fiéis do lugarejo
Por nome de Araçá
Cuja paróquia abrangia
Olho D’água e Taumatá,
Gindiroba e Pirpiri
E Mocambo de Cajá.
Além de Açude Grande,
A Baixinha e Caldeirão,
Violeta e Mercador,
Ao Sagrado Coração
Passariam a pertencer
Conforme a religião.
José Pires Xavier,
Um mestre da agronomia,
Mudou-se para Araçá
Buscando vida sadia.
Gostou do clima e do povo
Prolongando a estadia.
Ficou em definitivo
Morando nesta cidade,
E muito contribuiu
Com sua capacidade
Para o progresso da vila.
E a sensibilidade
Deste grande cidadão
Mexeu com a economia
Na criação de abelhas
Mudando a fisionomia
Na área da agricultura
Como então não se via.
E no campo da cultura
Deu guinada radical,
Começando a formação
De um conjunto musical
Do qual era um dos músicos
De brilho fenomenal.
Xavier foi nomeado
Pra cargo de direção
No Fomento do Estado
Dando continuação
Ao mister de agronomia,
A sua maior paixão.
Colaborou muito tempo
Com o Coronel Gentil Lins
Do Engenho Pacatuba
Onde alcançou trampolins
Na vida profissional
Junto com seus bandolins
E sua banda de música
Mais o seu vasto apiário
Que a criação de abelha
Também era o breviário
Desse grande cidadão
E diligente empresário.
Mas não foi essa a primeira
Banda em nossa cidade;
No comecinho do século
Surge com grande unidade
A Banda dos Luna Freire
Pois a versatilidade
Da família pioneira
Tocava o campo da arte,
A inclinação musical
Era um talento à parte
Dos filhos do velho João,
Esse grande baluarte.
Apolinário, Trajano,
José, Vicente e João,
Componentes da bandinha
Dos “Luna Freire” de então,
Rapazes idealistas,
Moços de alto escalão.
A família Luna Freire
Começou a se espalhar,
Buscando novas fronteiras
Onde pudesse estudar,
Exercer atividades
No comércio, trabalhar!
Pois a pequena Araçá
Foi se tornando acanhada
Para os jovens Luna Freire
Cuja vida pontilhada
De talento e honradez
Já estaria talhada
Para luzir noutros centros
Que os conduzisse o destino
Como de fato brilharam
Neste torrão nordestino,
Devido à capacidade,
Ao talento, força e tino.
Outras famílias chegavam
Para ocupar seu lugar.
Manoel Paulo Magalhães
Chegou para se acostar
Ao clima ameno e saudável
E ao progresso do lugar.
Da cidade Arapiraca
Veio esse homem decente,
Trazendo José Leão
Com forma surpreendente
De renovação do solo
Que inovou ricamente
As técnicas da agricultura
Com novas fontes de renda
Na plantação do tabaco
Aumentando a encomenda
Para as exportações
Em produção estupenda.
Pois além do abacaxi,
Da mandioca e algodão,
A cidade de Araçá
Dispunha pra exportação
Do fumo de qualidade
Que nos trouxe Zé Leão.
No ano de 29
Lídio Albuquerque Galvão
Abandonou Pernambuco
E veio dar expansão
Demográfica e econômica
Ao nosso fecundo chão.
Lídio Albuquerque Galvão
Comprou a bela fazenda
Chamada mesmo “Bonito”
Que se tornou uma legenda
Na criação de bovinos
E cavalos pra revenda.
No ano 54
Zé de Melo desembarca,
Um empresário arrojado,
Vigoroso patriarca,
Mais um grande promotor
Do progresso na comarca.
No ano 43,
No governo Ruy Carneiro,
O prefeito de Sapé
Como grande timoneiro,
Senhor Osvaldo Pessoa,
Inaugurou prazenteiro
O Grupo Augusto dos Anjos,
Uma pérola escolar.
Foi Carminha Luna Freire
A primeira a trabalhar
Na função de diretora,
Cargo que veio a calhar
Para essa grande mestra,
Filha da oligarquia
Ilustre que aqui reinava
Em escola e autarquia,
Mantendo a lei e a ordem
Conforme a hierarquia.
Outros grandes produtores
Vieram aqui se instalar;
Eduardo Magalhães
Também gostou do lugar,
Na fazenda “Olho D’água”
Começou a trabalhar.
O comendador Renato,
Do clã Ribeiro Coutinho,
Foi também proprietário,
Aqui arrancou espinho,
Engrandecendo a terra
Onde construiu seu ninho.
Na fazenda Gendiroba
Doutor Renato Ribeiro
Produziu muita lavoura
E criou gado leiteiro.
Na fazenda Cafundó
João Padre foi pioneiro.
Passo agora a outro tema
Na singela narração
Contando como se deu
A nossa transformação
De distrito a Município
Conforme a legislação.
Mil novecentos e cinquenta
Aconteceu de mudar
O nome para Mari
Sem consulta popular,
Sem respeito à tradição
Da vila de Araçá.
Afinal, 58
Foi o ano consagrado,
19 de setembro
Solenemente instalado
Município de Mari
Sendo então nomeado
Senhor Epitácio Dantas
Como primeiro prefeito
Passando um ano no cargo
Fazendo tudo direito
Preparando a eleição
Conforme o legal preceito.
No ano 59
O Partido da União
Democrática Nacional
Foi quem ganhou a eleição,
Elegendo Pedro Leite
Para a primeira gestão.
Foi no dia dois de agosto
Que se deu o escrutínio.
Como primeiro prefeito
Seu Pedro mostrou domínio,
Conforme cantou em versos
O vate Manoel Hermínio.
No ano sessenta e três
Assumiu Pedro Tomé
Da família dos Arruda
Que não deu a marcha a ré,
Prosseguindo o bom trabalho,
Mantendo o progresso em pé.
Pedro Tomé de Arruda
Construiu o matadouro,
O campo de futebol,
Abriu novo logradouro.
Com o posto de saúde
Sua gestão virou ouro.
Foi ele quem construiu
O colégio de Mari
Para dar educação
À juventude daqui,
Instalando rede elétrica
Na terra do abacaxi.
Hospital Santa Cecília
Com a pedra fundamental
Começou a se erguer
Em trabalho comunal.
A vida, enfim, na terrinha
Seguia o curso normal.
Um ano depois de eleito,
Pedro Tomé assistiu
A uma grande tragédia,
Coisa igual nunca se viu,
Fato que ficou marcado
Na história do Brasil
Da tragédia de Mari
Passo à cronologia,
Contando na reportagem
Como passou-se a porfia,
Os conflitos registrados
Nesse tenebroso dia.
Antes de dar a visão
Do massacre sucedido,
Faço a introdução
Conforme foi sugerido
Pelos historiadores
E pelo povo entendido
Que viveu aquela época
E da qual foi testemunha,
Feito a guerra de Canudos
Que teve Euclides da Cunha
Contando como o poder
Matava o povo na unha.
A tragédia de Mari
Quem contou foi Nélson Coelho
Mostrando que o camponês
Recusou-se a estar de joelho
Diante do latifúndio,
Contra o chicote e o relho.
No Nordeste do Brasil
Quem lutava pelo chão
Eram as Ligas Camponesas
Essa instituição
Que mexeu com o latifúndio,
Seu poder e tradição.
Na cidade de Sapé
Era grande o movimento
De combate ao latifúndio
Com grande convencimento
Das massas dos explorados
Pelo regime cruento.
Contaremos a tragédia
Por testemunho ocular
Do jornalista Coelho
E pessoas do lugar
Que presenciaram o fato
E viveram pra contar.
Em Mari e em Sapé
Pontificavam os conflitos
Entre polícia, capangas
E camponeses aflitos
Pela tal reforma agrária
Ninguém ouvia seus gritos.
Eu quero aqui acessar
A memória do passado
Lembrando que o camponês
Foi brutalmente levado
A ficar na defensiva
Contra o fazendeiro armado.
No ano 64
O inverno prometia.
O sindicato da classe
Conclamava e reunia
O povo trabalhador
Para um plano que surgia
Que consistia em juntar
A todos em mutirão
Para plantar as lavouras
De milho, fava e feijão,
E pra isso visitavam
Todo camponês irmão.
Na fazenda “Olho D’água”
Assim a memória diz,
O senhor Manoel de Paula
Teve uma idéia feliz:
Permitiu que se plantasse,
Menos os bens de raiz.
O filho desse Manoel,
Que era vereador,
Chamado senhor Nezinho
Foi um grande apoiador
Para ceder suas terras
Ao povo trabalhador.
O sindicato da classe
Era então dirigido
Pelo Antonio Galdino,
Um cidadão destemido
Que morava em Pernambuco
E pra Mari tinha ido
Com a missão definida
De organizar a massa
Do povo trabalhador
Com paciência e raça,
Mas em 15 de janeiro
Deu-se então a desgraça.
Nesse dia os camponeses
Foram de novo cercados
Na fazenda Santo Antonio
Por capangas bem armados.
Após grande discussão
Foram todos liberados.
Arlindo Nunes da Silva
Foi no ato desarmado
E por ser o capataz
Calhou de ser humilhado
Com chocalho no pescoço,
Agredido e enchocalhado.
Ele era um fanfarrão,
Por todos muito odiado,
E naquela ocasião
O povo se viu vingado
Ao ver o seu desafeto
Desarmado e dominado.
Um revólver Smith & Wesson
Foi então apreendido
Em poder do capataz
O que deu muito alarido
Por pertencer a um homem
Poderoso e destemido.
Responsável pela arma:
Doutor Renato Ribeiro,
Um grande proprietário,
Pecuarista e usineiro,
Que ao saber do incidente
Providenciou ligeiro
Formar uma comitiva
Para por fim à porfia,
Recuperar o revólver,
Isso nesse mesmo dia
Pois a arma apreendida
Ao Exército pertencia.
E não ficaria bem
Pra uma liderança ativa
Ser por todos acusado
No meio da roda viva
De manter em seu poder
Uma arma privativa.
Tomando conhecimento
Da grave situação,
O governador do Estado
Colocou logo em ação
A Polícia Estadual
Para a recuperação
Da arma que pertencia
Às nossas Forças Armadas,
Ao Exército da Nação.
As providências tomadas,
Coronel Luiz de Barros
Traçou suas coordenadas
E rumou para Mari
Conforme Pedro Gondim,
O governador do Estado,
Para acabar com o motim,
Restabelecendo a ordem
Naquela rixa sem fim.
Os camponeses, no entanto,
Estavam no mutirão
Na fazenda “Olho D’água”
Quando chega a comissão
Mandada pelo usineiro
Para a recuperação
Da arma apreendida
Com a recomendação
De prudência e tolerância
Para evitar tensão
E resolver o problema
Sem criar mais confusão.
O grupo se acercou
De um negro alto e forte
De apelido Carioca.
Estava selada a sorte;
Líder dos trabalhadores,
Ele não temia a morte.
Era o Antonio Galdino,
Um sujeito soberano,
Pacato, mas bem altivo,
Sem temer qualquer tirano,
Liderança experimentada,
Da luta era veterano.
Da parte do latifúndio,
Chefiava a comissão
Doutor Fernando Gouveia
Da Usina São João,
Três vigias e dois soldados
Completavam o batalhão,
Além do sargento Pinto
E mais alguns agregados,
Entre eles o Arlindo
E outros que, chocalhados,
Premeditavam vingança
Por terem sido humilhados.
Hoje todos reconhecem:
Foi essa uma imprudência,
Por permitirem no grupo
Sem colocar resistência
As presenças acintosas
De claríssima adstringência.
Logo os grupos frente a frente
Provocam forte tensão.
Doutor Fernando Gouveia
Pede a devolução
Do revólver da Usina
Para evitar confusão.
Carioca se manteve
Muito calmo e paciente.
Disse: “doutor, eu entrego,
Pois a arma não é da gente”,
Botou a mão do bisaco
Mas foi pego de repente
Com um tiro a queimar roupa
Que acertou no coração.
Tiroteio e gritaria
Foi o que se viu então,
O gerente foi ao solo
Com um golpe de facão.
A batalha começada,
Era bala contra enxada,
Fuzil contra enxadecos,
Muita cabeça achatada
Com os golpes de chibancos,
Assim findou a embaixada.
Ficou, portanto, provado,
Diz a História, não minto,
Que a primeira agressão
Partiu do sargento Pinto,
Segundo depoimentos
Ele também foi extinto.
O vigia Antonio Barbosa
Sangraram na jugular
Com uma faca peixeira.
Seu colega impopular
Chamado Vicente Amaro
Veio a capitular
Cortado a foice e faca
Ficando desfigurado.
O corpo de um sargento
Igualmente bem cortado.
Golpes de olho de enxada
Fazem um estrago danado!
Ficou Fernando Gouveia
Quase irreconhecível
Devido aos golpes de foice
Em uma cena terrível,
Os cadáveres expostos
Um cenário inconcebível.
Momentos depois da luta
Chegaram oito soldados
Da cidade de Mari
Igualmente fuzilados;
Foi ferido um militar
E outros dois dizimados.
Os feridos na batalha
No grave conflito armado
Somavam mais de trezentos
Conforme notificado
Onze vidas lá tombaram
Tendo o ódio transbordado.
Esse festival de sangue
Nesse 15 de janeiro
Do ano 64
Abala o País inteiro,
Abrindo então o caminho
Para o golpe aventureiro
Da parte dos militares
Ao depor o Presidente
João Goulart, um retrocesso
Resultando em deprimente
Período de ditadura,
Mudando profundamente
As relações sociais;
Brasil pedia mudança,
Teve tortura e pavor.
Quem pedia mais justiça
Teve crueldade e dor.
Perdeu-se todo direito
Do homem trabalhador.
Mas voltemos a Mari
Para focar mais a cena,
Pra falar dos seus prefeitos,
Conversa que é mais amena,
Eis que surge Zé de Melo,
Eleito pela Arena.
No ano sessenta e oito,
Quinze de novembro o dia,
Zé de Melo foi eleito,
Logo depois assumia
Para um mandato tranquilo
Conforme o povo pedia.
Cuidou bem do Município
E fez muito calçamento,
Até resolveu um caso
Com grande contentamento
Ao instalar o sistema
Para o abastecimento
De água, grande problema
Que o povo enfrentava.
Zé de Melo, populista,
A todo mundo agradava,
Apesar do jeito rude
Que por vezes aparentava.
Mas foi o MDB
Quem acabou vencedor
No ano setenta e dois,
Mostrando assim seu valor,
Elegendo Eudes Barros
Para administrador
Dos destinos de Mari
Fazendo inauguração
Da nova maternidade,
E para a educação
O Centro Educacional
Foi obra de exaltação.
No ano 76
Surge Zé Paulo de França,
Um cidadão dedicado
Que grande valor alcança
Ao dedicar-se à cidade
Com garra e perseverança.
Foi ele quem construiu
Uma escola exemplar,
O colégio “O Nazareno”
Para o povo estudar.
Fez o Centro de Saúde,
Cuidando do bem estar
De todos os marienses
Com grande satisfação,
Mas foi num ponto que ele
Teve mais atuação:
Dedicou grandes recursos
À rubrica educação.
Uma obra memorável:
Colégio Municipal.
Ainda hoje é referência
No ensino regional,
Na nossa rede de ensino
É obra fundamental.
No ano de oitenta e dois
Foi eleito outro prefeito,
Doutor Adnaldo Pontes,
Operador do Direito,
“Advogado dos pobres”
Conforme diz seu preceito.
Adnaldo foi gestor
Com o mais longo mandato,
Foi até oitenta e nove
Quando governou de fato;
“Governo humano e amigo”
Era o seu desiderato.
Teve seu grande destaque
Na assistência social,
Construiu alguns conjuntos
No âmbito municipal,
Esporte recebeu dele
Um estímulo sem igual.
No ano de oitenta e oito
Zé de Melo é reeleito,
Estando o povo saudoso
Do tempo em que foi prefeito,
Era o mesmo impetuoso,
Estilo do mesmo jeito!
Mas agora experiente,
Cercado por assessores
Fez governo regular.
Nem tudo, porém, foi flores;
Com a crise financeira
Sofreu alguns dissabores.
O bairro Chico Faustino
Foi por ele projetado,
Desapropriando sítio
Para o desabrigado,
Doando lotes de terra
Para o proletariado.
Construiu e reformou
Muitas praças na cidade,
Mesmo com sua rudeza
Saiu e deixou saudade
Por ser um homem sincero,
Sem muita formalidade.
No ano noventa e dois
Assume Manoel Monteiro,
Proprietário rural
Dispondo de algum dinheiro,
Sendo cidadão honesto
E de caráter altaneiro.
No ano noventa e seis
Ganha o cargo dona Vera,
A mulher de Adnaldo,
De quem muito se espera,
Por ser a primeira dama
A dominar essa esfera.
Foi a primeira mulher
Na função de governante
Da cidade de Mari,
Tendo gestão relutante
Com a forte oposição
Havida naquele instante.
Já no fim do século vinte,
Surge nova liderança,
O jovem Marcos Martins
Boa aceitação alcança
Junto ao povo da cidade
Que vê nele uma esperança
De modificar o quadro
Que então se apresentava:
As finanças bagunçadas,
Saúde não funcionava,
Educação no abandono
O caos em Mari reinava.
No primeiro de outubro,
Sendo a última eleição
Do passado século vinte
Deu-se a renovação,
Com “Um Marco de Trabalho”
Assumindo essa missão.
Mari viveu um momento
De trabalho e honestidade,
Com muitas obras abertas
Favorecendo a cidade.
Com o sucesso de Marcos
Aumenta a facilidade
De sua reeleição
Para o cargo de prefeito
Por fazer sempre um trabalho
Honesto e muito bem feito,
Por isso que se esperava
Mais quatro do mesmo jeito.
Quem não lembra do passado,
A confusão que se viu,
Uma cidade sem creche,
A corrupção a mil
Até o teto da escola
Não agüentou e caiu.
Era atraso de salário,
Não se tinha nem transporte,
A cidade esburacada,
Mocidade sem esporte,
A saúde esculhambada
Sendo roçado da morte.
Marcos Martins assumiu
E botou ordem na casa;
Na sua administração
O salário nunca atrasa,
Por isso a oposição
Vivia pisando em brasa.
Na gestão Marcos Martins
Quem trabalha tem valor,
Recebe o salário em dia
Sem com ninguém se indispor,
Reconhecendo o direito
De quem é trabalhador.
O povo aprova e apóia
Um prefeito de bom tom,
Honesto e trabalhador,
Honrado e um homem bom
E um gestor de primeira,
Pra isso precisa dom.
Por isso mais quatro anos
Foi dado ao jovem prefeito,
Que construiu o ginásio,
Nas finanças deu um jeito,
Calçou ruas, fez as praças,
Deixando tudo direito.
No ano dois mil e oito
Elege seu sucessor:
O líder Antonio Gomes
Um sujeito de valor,
Exercendo muitas vezes
Cargo de vereador.
Antonio Gomes, portanto,
Tem essa forte missão
De dar continuidade
Para o bem do cidadão
Ao que fez Marcos Martins
Com sua grande gestão.
Passo a falar no folheto
Da cultura do lugar,
Nossas personalidades,
Da figura popular,
Dos mestres, dos professores,
O que tem para contar
Do folclore, vaquejada,
Do artista e artesão,
Sobre os tipos populares,
Viventes dessa nação,
Araçá dos Luna Freire,
Sua arte e tradição.
O mariense é um povo
Alegre e inteligente,
No seu passado se conta
A verve de sua gente,
Que busco agora citar
Para ser mais coerente.
Adauto Paiva, um nome,
Esse grande baluarte
Dos costumes do seu povo
Resgatando sua arte,
No folclore, educação,
Ressalto aqui nesse encarte
Que cuida desses valores
Humanos de nossa gente.
No teatro, no folclore
Ele foi um combatente,
Combatendo o bom combate
Com a força da sua mente.
Na vida pública eu cito
José Leão de Oliveira,
O Benedito Belmiro,
Todos fizeram carreira
No nosso Legislativo,
Igual a José Ferreira
Que é da família dos Paiva
Na Araçá pioneira
Com Severino Batista
E Mário Rique Ferreira
Do Partido Trabalhista,
E João Teófilo Pereira.
Tem Manoel de Paula Filho,
E José Rangel de Lima,
Antonio Gomes de Alcântara,
Pessoa de grande estima,
Junto com Henrique da Silva,
Vou aqui juntando a rima
Lembrando desses varões
Da história de Mari,
José Fernandes da Silva,
Outro que viveu aqui,
Foi uma legenda viva
Na terra do abacaxi.
Doutora Otávia de França,
Pioneira feminina
Na casa de fazer leis,
Uma lição ela ensina:
Pode ser homem ou mulher,
O caráter é que fascina
Na aventura humana
Em busca do bem comum.
Os nomes que cito aqui,
Se esqueci de algum
Foi por falha de pesquisa,
Não recordo um por um.
Sinésio Luiz da Silva
Foi um grande cidadão,
Antonio Francisco Brás
Ganhou uma eleição,
Foi um bom vereador,
Cumpriu também a missão.
Eudes de Arruda Barros
Vai para a História também,
Prefeito e vereador,
Muito valor ele tem
Com João Antonio dos Santos,
Outro que só fez o bem.
José Xavier Gonçalves,
Misto de vereador
E poeta consagrado,
Foi um grande lutador
Pelo progresso da terra
Demonstrando seu valor.
Um político de primeira:
O José Martins de Lima,
Eterno vereador
Por quem tenho muita estima,
Devido ao grande carisma
Ele está sempre por cima.
Ribeiro do Alvorada,
Um nome que é legenda,
Teve no Legislativo
Atuação estupenda
Em muitos e bons mandatos,
A sua ação virou lenda.
Luiz do Leite foi outro
Que marcou o seu espaço,
Servindo à população
Sempre sem estardalhaço,
Dentro da sua humildade
Reconhecimento eu faço.
Lembro o Paulo da Sinuca,
Que já partiu para o além,
Desportista e companheiro,
Verdadeiro homem de bem.
Exercendo a vereança
Foi competente também.
Entre os legisladores
Tem o Genival Monteiro,
Muito espontâneo e valente
Sempre fiel companheiro,
Lutando pelo seu grupo
Como um galo no terreiro.
Sérgio Melo é outro nome
Que se deve destacar,
Nunca esqueceu de Mari
Lutando por seu lugar,
É filho de Zé de Melo,
Não precisa nem falar.
A professora Dirinha,
Destacada militante
Da política local
Levou seu projeto avante
De se dedicar à terra
Onde seu pai foi infante
Na guerra dos pioneiros,
O velho Pedro Tomé,
Da família dos Arruda,
Que é um povo de fé,
Conhecido na ribeira,
De Mari até Sapé.
Jobson é liderança
Que se afirma no presente,
Como dono de Farmácia
Ele atende a toda gente,
Hoje é vice-prefeito,
Amanhã a sua mente
Já pensa em voos mais altos,
Em prefeito ou deputado.
O rapaz é competente,
Disposto e bem preparado,
Se brincar ele dispara,
Vai bater lá no Senado.
Hozanete Dionizio,
Que o povo chama Neta,
Uma liderança nova
Também persegue essa meta
De servir à sua gente
Que seu trabalho acarreta.
José Natan Epifânio
É um comunicador
Igual a China do som,
O artista animador
Que fez história em Mari
Como um desbravador.
Um locutor de mão cheia
Também é o Luiz Papa,
Com Ricardo e outros mais
Escrevendo em nosso mapa
Essa conceituação.
Outro nome não escapa:
Jota Alves, pequenino
Rapaz de grande talento,
Célio Alves, jornalista,
Vai conseguindo o intento
De fazer o seu bom nome,
Confirmando seu talento
Na cidade Guarabira,
No rádio, blog e jornal,
Pontificando altaneiro
Com aceitação geral
Do povo daquela terra,
Já com fama estadual.
Mari se destaca assim
Com locutores de tino
Iguais ao Professor Josa
E o grande Assis Firmino
Que na sua humildade
Vai traçando seu destino
De porta-voz consistente
Do povo desta cidade,
Citando Eraldo Luiz,
De grande capacidade,
Mais um que se sobressai
Em meio à mediocridade.
Manoel Pedro, baluarte
Da melhor radiofonia,
Com a voz inconfundível
No batente todo dia,
Igual a Silvano Silva
Talento que se avalia.
Evandro Francisco Brás,
O nosso Nôia querido,
Com grande merecimento
Não pode ser esquecido
No meio de tantas vozes
Que mais parece alarido.
Mari, portanto, é celeiro
De bons comunicadores,
Artistas reconhecidos,
Talentos animadores.
De estar no alto do pódio
São todos merecedores.
Como marca registrada,
Mari assim se apresenta:
A terra que deu a voz,
O timbre e a ferramenta
Dessa comunicação
Que a região ostenta.
Cláudio Cunha, o locutor,
Sempre esteve em evidência,
Mais uma voz mariense
A transmitir com decência
Notícias da região
Com honestidade e veemência.
Quem se transformou em marca
Com grande merecimento
Foi o Marcelo José
Que empresta seu talento
Lá no Sistema Correio
Mostrando conhecimento.
Um nome que se destaca:
Professora Anunciada,
Mestra de grande conceito,
Poetisa admirada
Que escreveu nosso hino,
Uma marca registrada
Como símbolo da terra
Obra de inspiração
Cantada com muito afeto
Pela nova geração
Como forma de respeito
Ao adorado torrão.
O esporte na cidade
Já viu tempo triunfal
Com o time do Cruzeiro
Em fase sensacional
Ganhando campeonato
Até lá na Capital.
O esquadrão estrelado
Foi orgulho de Mari
Revelando jogadores
Como o famoso Guri
Entre outros grandes craques
Que jogaram por aqui.
Igual ao nosso Bibiu
Outro grande jogador
Que jogou até no Treze
Um atleta de valor
No tempo em que o esporte
Honrava o seu torcedor.
Seu Antonio Benedito
Há de ser sempre lembrado
Como um grande desportista
Com o seu Brasil amado,
Um time amador valente
Pena que tenha acabado.
Assis foi outro esforçado
Com o famoso Picolé,
Um time que fez história
De Mari até Sapé
Orgulho dos amadores
Que nele botavam fé.
De minha parte criei
Um renomado esquadrão:
Esporte Clube Canteiro
Que foi até campeão
Bandeira verde e amarela
As cores do nosso chão.
E os artistas populares?
O Beba do violão,
Um seresteiro querido
Tem aqui sem galardão,
Dando o tom de boemia
No chorado da canção.
Heleno Boca de Rosa,
O eterno seresteiro,
Imitando com talento
O velho Augusto Calheiro,
Animando o saudosista
No barzinho ou no puteiro.
Toinho de Nem, o sambista
Animador da folia,
Junto com o velho Preta,
Arautos da alegria
Desse fraco carnaval
Que até foi bom um dia.
E o Chapéu do Correio?
Renomado piadista,
Morreu mas deixou a fama
De histriônico artista,
Talento reconhecido
Como capaz humorista.
Dos poetas populares
Lembro de Manoel Ribeiro,
Um poeta repentista
Que teve como parceiro
João Ribeiro, seu parente,
Outro talento altaneiro.
O mestre José Hermínio
Outro grande cantador,
Citando Fulgênio Rique
Que no verso tem valor,
Na cantiga de viola
Foi poeta e foi doutor.
Seu Antonio do Babau,
Outro mestre da aldeia,
Na arte do mamulengo
Era artista de mão cheia,
Sendo quase analfabeto
Tinha o talento na veia.
Esse artista popular
Ficou na nossa memória:
Mestre Antonio do Babau
Nessa arte fez história.
O teatro de bonecos
Com ele conheceu glória.
Morreu e deixou o Miro
Dando continuidade
Ao teatro popular
Sendo a condutividade
Das melhores tradições
Dessa querida cidade.
Na parte de artesanato
Cito dona Leonila
Que foi rendeira famosa
Quando Araçá era vila,
Sua arte vigorosa
Ainda hoje destila.
O senhor Gilvan Camilo
Foi político, humanista,
Escritor conceituado,
Corajoso, ativista.
Numa briga assassinado,
Morreu o homem e o artista
Mas ficou enraizado
Na memória da cidade.
Aqui rendemos a ele
Nosso pleito de saudade
Com nossa indignação
Pela suprema maldade
Por se tirar uma vida
De tanta iniciativa.
Gilvan Camilo, porém,
Mantém essa chama viva
De lutar pela justiça,
Meta que muito cativa.
Outra pessoa querida
Que nos deixou, afinal,
Minha amiga Benedita
Cidadã excepcional
Que dedicou sua vida
Ao bem estar social.
Foi voluntária incansável
Da causa do cidadão,
Líder da comunidade,
A sua dedicação
É um exemplo a seguir
Pela nova geração.
Professor José Honório
Quero destacar também,
Um professor dedicado
A fazer somente o bem.
Para gostar de Mari
Como Honório não tem.
Faleceu ainda jovem,
Deixando, porém, seu dote
De amor à educação
De quem foi um sacerdote.
Que Deus pegue sua alma,
Num bom lugar Ele bote.
Mari da família Barra,
Dos Arruda e dos Tomé,
Mari que rivalizava
Com a vizinha Sapé,
A sua história de luta
Ainda mantém-se em pé.
No final deste trabalho
Como um resgatador
De variados aspectos
Desse povo lutador,
Reconheço e agradeço
Ao meu colaborador,
O Mestre José Otávio
E ao prefeito atual,
Meu amigo Antonio Gomes,
Crentes no potencial
Do povo de sua terra;
É o que vale, afinal.