RASTEJANTES E BURAQUEIROS

Animais rastejadores,

Eu vou lhes apresentar,

Répteis foram os senhores

Da terra quanto do mar,

Já foram dominadores,

Numa era mais milenar.

Mezozóica já foi era

De lagartos bem gigantes,

Aqueles tempos de vera

São tempos muito distantes,

Sumiram da Biosfera

Por não serem adaptantes.

Eu falo dos dinossauros,

Que pros Dinos existiram,

Também pras Zefas e Mauros,

E para os que assistiram

Ao filme com tantos lauros,

Quantos os que os permitiram.

Descendentes bem menores

Ficaram no seu lugar,

Melhoraram os escores

Na questão de adaptar,

E com chances bem maiores

Terras foram ocupar.

Pulmão neles é presente,

Como adaptação,

Pele seca diferente,

Sem glândulas em profusão,

Alantóide concernente

Envolve seu embrião.

São também associados

Às velhas cosmogonias,

Às vezes são bem citados,

Com grandes apologias,

Tem até exagerados

Falando em mitologias.

Os sáurios são divididos,

Em lagartos e ofídios,

Os primeiros conhecidos

Por cores e tons irídios

Enquanto os últimos tidos

Por provocar homicídios

Os lagartos tão simpáticos,

Que incluo nesse rol,

Ao dormir ficam estáticos

Aquecendo-se ao sol

Com seus hábitos enfáticos

Somem juntos no arrebol

As cobras, que são serpentes,

Para ser bem mais exato,

São répteis, mais repelentes,

Terríveis dentro do mato,

Com seus venenos potentes

Que com respeito relato.

Quelônios têm tartarugas,

Que são bichos muito lentos,

Nas chegadas ou nas fugas,

Tem mesmos procedimentos

No pescoço, muitas rugas,

E de anos somam-se centos.

Jacarés passam os anos

A caçar bem eficazes,

São os crocodilianos

Com seus hábitos vorazes,

Tão ferozes, são insanos,

Dentro d’água, são tenazes.

O lagarto, estélio, é

pelo nome designado,

Arrasta-se e não tem pé,

Pega inseto pelo lado,

Ataca por trás com fé,

Pra fuga ter evitado.

Tem lagarto que desfila

Com jeito desajeitado,

No Arizona ele é gila,

Espana pra todo lado,

É dos poucos dessa fila

Que tem o homem atacado.

No nordeste brasileiro,

Terra de camaleão,

Tejuaçu é primeiro

A vencer competição,

Sob um sol que é um braseiro,

Cobra morre pelo chão.

Vence cobra venenosa,

Utilizando o caudão,

Se picado não quer prosa,

Corre em busca do pinhão,

Na volta vertiginosa,

Chibateia e dá lição.

Apresenta fenda anal,

De modo bem transversado,

O seu jeito é desigual

Se aos outros for comparado,

Daí tornou-se usual

Falar-se acalangado.

Lagartixa pode ser,

O réptil de nós mais perto,

Parecendo nos dizer,

Que tudo está sempre certo,

Pela cabeça a mover

Em um movimento esperto..

Tem hemipênis pra usar,

Em plena reprodução,

Os ovos a destacar,

Completam maturação,

Filhotes a rastejar,

São frutos da eclosão.

Eu vou dizer a verdade,

Como tudo que foi dito,

Lagarto em necessidade,

Foge ligeiro do agito,

Passa tempo em cavidade,

Para escapar do conflito.

Conflito de seca braba,

Com o sol muito inclemente,

Quando vê que água se acaba,

Sente muito mais que a gente,

O teiú só não desaba

Por viver “buracamente”.