A festa em que o sapo nao podia entrar

Eta festança boa

Vai se dar la nu céu

Assim disse seu Vigário

Que levava seu chapéu

Vai ter di tudo um poco

Pros miores dançarinos um troféu

O sapu nu canto ovindo

A prosa do seu Vigário

Logo si apronto dizendo

Eu vo na viola de Nhô Belisário

Sei qui ele mi leva

Si eu reza um rosário

Seu Vigário logo disse

Mas sapo la num pode entra

O sapo de um pulo do seu canto

E logo começo a fala

Eu provo que eu entro

Pois Deus um dia num mi dexo afoga

Quando Noé salvo meus conterranos

Eu inté num tava lá pra vê

Mas sei qui no meio deles

Um dos meus parentes ele pode socorre

E si Deus salvo um deles

Nada pode dize vois micê

I o safado du sapo

Esperto pra dana

Entro na viola de Nhô Belisário

E sim mando pra lá

Sem um tico di medo

Di pro céu voa

Por dentro da viola

Foi subindo rasgando as os ares

Seguindo nas asas do Nhô Urubuzé

Quei leva a murtidão cada um com seus pares

Para la na festança dança

O mesmo qui dançava nos bares

I la pelo meio da festa

O danado du sapo durmiu

E do meio do povo

Qui dançava muito o infiliz sumiu

A dança cortou madrugada a fora

E sono du povo fugiu

Inté que acabou a festança

E cada um foi saindo

E Nhô Urubuzé

Com povo nas suas asas subindo

Nem si quer de a farta

Daquele que de entrão tinha vindo

E vortaram pra casa filiz da vida

Sem notar qui o sapo ali num tava

La pelas bandas das oito

São Pedro a casa limpava

Quandu tomo um susto

O Sapo dibaxo da cama di São Pedro roncava

E agora mei fio

Como é qui ocê vai vortar

Pra sua casa na terra

Si ocê num sabe voar

O sapu oio pra terra

E um povo la do arto ele viu caminhar

Oia São Pedro

Vai te qui te uma boa pontaria

Me joga no meio do povo

Que caminha em romaria

Si eu der a sorti qui deu meu povo

Me safo desta e rezo dez ave maria

Meui fio é muito poco

Estas rezas qui vai faze

tem qui reza cem

Si quize mesmo vive

Pois sou ruim na pontaria

Quandu faço chove

Mando chuva pras grandi cidade

E sendo qui elas num chegam no sertão

Mas num é curpa minha

Si elas num mi obece não

Mas vo tenta...

Si segura nas minhas mão

I são Pedro jogo o sapo

I la vem ela gritando

Abre um leçor irmãos

Qui eu to chegando

I la imbaixo um povo oia pro céu

É crito qui ta vortando

Abre a tuaia irmã

Si não ele se machuca aqui im baixu

I quando ele cai no meio du povo

Qui caminhava pertu di uma riachu

O povo cum uma raiva di matar

Tenta bater nu diachu

I ele grita...

Si manda fogo eu apagu

Si manda pedra

A pedra eu quebru

Si me manda pra água

Nela eu mi afogu

Pelo amo di Deus

Num mi joga na água não

Pois num sei nada

E ja morreu nela meu irmão

Meu pai nem me lembro

Pois si afogo faz um tempão

I o povo com muito ódio

Pego o disgramado qui gritava

I mando pra água...

Com uma baita di uma raiva

I o infeliz foi si indo

E di longe ele acenava

Tiau seus bando di bobo

A água é meu luga

E num é nela qui eu vo morre

Brigado por mim joga

Mas ta na hora

Di eu mi manda

Robnho Da Madeira
Enviado por Robnho Da Madeira em 29/08/2008
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