E O ALIEN QUASE LEVOU / PARTE 3 A CONVERSA COM O CHEFE

Recebemos uma ligação a pouco, um trabalho nos foi pedido- começou Everaldo como es escolhesse cuidadosamente as palavras- Precisamos buscar um corpo em Porto alegre.

Nicanor sentiu-se aliviado e estava prestes a dizer alguma coisa mas o chefe o conteve com um gesto de mão impaciente.

- Escute Nico eu quero que você agora apenas escute e entenda muito bem ok?

Ao ver Nicanor assentir aturdido com a cabeça Everaldo continuou

- Sergio Arroios morreu, algum acidente ou algo assim o fato é que ele morreu e não preciso dizer a você quem era esse homem nem o poder que a família dele tem. Eles nos contrataram para os serviços funerários entre eles o translado do corpo da capital ate aqui. Podiam ter contratado qualquer outra funerária Nico, qualquer outra, ate mesmo uma da capital mas foi a nos que chamaram.

Everaldo fez silêncio por algum tempo como se esperasse que aquelas informações fossem melhor absorvidas por seu funcionário, depois continuou

- É sem dúvida o trabalho mais importante que pegamos, você pode entender isso? Tenho certeza que pode, temos que ser perfeitos temos que prestar o melhor serviço funerário que esta cidade já viu, ou nosso nome vai para o buraco.

- Eu entendi chef...

- Não você ainda não entendeu - interrompeu de novo Everaldo - Você não entendeu por que ainda não te disse o mais importante. Estou cansado de suas mancadas Nico, estou cansado de seus atrasos e faltas estou cansado de passar a mão na sua cabeça. Hoje eu havia decidido lhe demitir você compreendeu?

Era uma pergunta muito mais retórica que real, e caiu como uma bomba nos ouvidos de Nicanor. Ele acenou que entendia com a cabeça novamente mas sem seu cérebro tudo era um turbilhão de medo...

- Ele ia me demitir ... ele ia mesmo me demitir!! Era tudo o que ele conseguia repetir sem parar em sua mente, e ainda estava pensando isto quando Everaldo retomou a palavra.

- Mas esta ligação chegou e com ela uma ideia simples porem objetiva se formou aqui - ele toca com o dedo a própria cabeça- Você já foi um bom funcionário um dia Nico já foi um bom homem, por causa disso esta vai ser sua ultima chance e eu preciso que você entenda isto muito bem.

- Você vai a Porto Alegre amanhã buscar o corpo esta me entendendo? Você vai sair daqui cedo por que ainda não há uma hora prevista para a liberação mas quero que estejas la assim que for liberado para traze-lo fui claro?

Everaldo falava perguntava tudo num ritmos feroz ele obviamente não esperava respostas

- Você vai trazer o corpo para cá assim que for possível e vai fazer isso sem atrasos em contratempos, nos vamos preparar tudo o que é preciso para o funeral e não vamos falhar. Se nesta terça feira você não estiver aqui até o fim do dia com o corpo deste homem Nico, talvez o nome da minha funerária vá parar na lama... Mas você nunca mais na vida vai trabalhar aqui, e entenda o que eu estou dizendo, quando digo aqui não falo da minha funerária, falo desta cidade , desta região fui claro?

Desta vez Everaldo esperava uma resposta e ela veio quase num sussurro medroso

- Si- Sim eu entendi.

- Muita coisa depende deste trabalho... Mas você principalmente depende dele mais que tudo, vai para casa, amanhã as sete horas pegue o carro e saia rumo a capital. E não esqueça do que foi dito aqui. Por que outra conversa como esta nunca mais ocorrerá entre nós.

Quando Nicanor saiu do trabalho naquela segunda feira o céu estava limpo e coalhado de estrelas, ele apertou a gola do casaco para se proteger do vento cortante.

Estava com medo.