E O ALIEN QUASE LEVOU\PARTE 2 Um corpo encontrado

Segunda parte do conto seriado "O ALIEN QUASE LEVOU"

Segunda feira 15:50 da tarde

O patrulheiro rodoviário Flavio não esta tão impressionado quanto os demais enquanto olha para o corpo as margens da rodovia.

Na verdade ele esta mais intrigado do que qualquer coisa, fica patente que o carro pegou fogo de alguma maneira, mas o condutor do veiculo esta chamuscado não queimado é como se ele tivesse tido contato próximo com as chamas sem no entanto se queimar nelas com o carro.

Só que o corpo foi encontrado dentro do veículo o que não fazia sentido, Flavio logico não é nenhum especialista mas qualquer um pode ver que não há uma única queimadura grave no defunto. Então do que ele morreu? Ele estava fora do veículo quando este pegou fogo e entrou no carro de novo após só pra morrer ali? Quanto mais pensava mais estranho parecia ao velho policial. Na verdade muita coisa em relação aquele "acidente " era suspeita.

O carro havia sido encontrado bem as margens da rodovia ,não estava em absoluto escondido demais no entanto só fora visto a tarde o primeiro chamado denunciando sua presença fora feito exatamente as 14:30 e mesmo os primeiros a chegar nele tanto membros da policia rodoviária quanto funcionários da concessionária que administra a rodovia relataram que já estava bem frio. Como poderia um carro ter pego fogo ali sem que ninguém o visse até esfriar? Era quase como se ele simplesmente tivesse se materializado no chão vindo direto do céu.

Enquanto observa a remoção do cadáver pelo IML Flavio pondera que tudo parece um romance policial como os que lia quando menino, no entanto dá de ombros... certamente não caberá a ele quaisquer investigações posteriores sobre o fato, e certamente há uma explicação perfeitamente plausível para tudo afinal, o carro com certeza não se materializou ali do nada...

Nicanor as 16:30 de segunda esta diante de seu chefe, tem nas mãos um copo descartável cheio de café que pegou na recepção assim que chegou, enquanto ouve a arenga zangada do patrão rapidamente a sensação vitoriosa e entorpecida de ter conseguido chegar ao trabalho ainda na segunda feira se desfaz(ele julgava que merecia créditos por ter comparecido ao trabalho ainda na segunda mesmo com uma ressaca terrível mas aparentemente o chefe não via o valor disso)então com a melor expressão possível de humildade que conseguiu fazer ele ouvia Everaldo falar e gesticular sem parar para ele por detrás de sua velha e gasta mesa de escritório.

Everaldo é um homem gordo e grisalho, tem fisionomia bonachona com olhinhos miúdos e bochechas grandes , suas sobrancelhas são expeças e também estão grisalhas o que as faz parecerem duas taturanas almiscaradas repousando sobre seus olhos, ele está tão vermelho de raiva que parece que pode explodir em segundos e cair morto. E naquele momento Nicanor acha que pouco ligaria se isso realmente acontecesse.

- Você não passa de um filho de uma égua inútil Nico, um baita de um bosta bêbado - esbraveja Everaldo cuspindo saliva e raiva para todo o lado.

- Eu devia te demitir agora mesmo seu merda, devia te dar justa causa e te largar na rua da amargura devia mesmo.

Nicanor apenas ouve balançando a cabeça em concordância quase inconsciente enquanto beberica o café, ouve as mesmas coisas praticamente toda a semana é quase um roteiro a se seguir, ele tem apenas que esperar o fim de tudo para poder sair da salinha sufocante do chefe e tocar a vida até a próxima bebedeira.

-Não fosse eu ser um sujeito bom Nico não fosse isso eu ser um bom cristão você estaria passando fome agora estaria sim você bem sabe disso né?

-Sim eu sei - Nicanor concorda por que sabe que é o que o chefe quer ouvir sabe que isso é parte do "roteiro". Mas no fundo se tivesse ânimo pra ficar debatendo com o chefe ele simplesmente diria o que no fundo os dois sabem :

-Você não me demite não por que seja um bonzinho bom cristão e sim por que não quer nem arcar com os custos da minha demissão depois de 8 anos trabalhando aqui nem quer ter que contratar outro motorista para esta merda de funerária que com certeza cobriria bem mais que a merreca que me paga!!

Mas tal resposta claro esta apenas na mente de Nicanor que permanece calado e resoluto até o fim da falação do chefe. Desta vez durou uns vinte minutos, quando finalmente saiu da sala de Everaldo Nico foi direto a recepção novamente em busca de mais café.

O que ele precisava desesperadamente pra tentar se manter alerta já que erroneamente havia se dado ao trabalho de ir ao trabalho.

- Eu devia é ter ficado em casa , que merda!- resmunga enquanto se serve de café diante do olhar reprovador da recepcionista.

Há bem da verdade Nicanor não teve muito o que fazer naquela tarde, passou a maior parte do tempo com pequenas e entediantes tarefas. Pensando mesmo é em ir para casa e para sua cama.

Quase no fim do seu turno la pesa dezenove horas o chefe o chamou novamente na sala, e ai sim estava algo bem incomum que causou estranheza em Nicanor.

Ele bateu a porta do chefe timidamente e quando este o mandou entrar Nicanor o fez com certo medo.

O chefe estava como sempre em sua mesa e fazia alguma anotação, mas sua expressão estava grave quase solene, parecia estar realmente próximo de dizer algo muito sério e pela primeira vez em anos o velho Nico temeu por seu emprego.

-Sente-se -disse Everaldo sem levantar os olhos do papel em que escrevia.

Nicanor sentou-se calado e esperou pra ver o que o chefe diria.