E O ALIEN QUASE LEVOU

SEGUNDA FEIRA 2 DE AGOSTO DE 1990 4 :30 DA MANHÃ

Sergio não esta contente, ele acha que chegou a uma idade e importância social em que não deveria ter de se submeter a determinados "esforços".

-Tenho 70 anos porra- Pensa ele firmando os olhos na estrada a sua frente - Eu deveria poder mandar algum Zé qualquer fazer este serviço para mim. Alias eu deveria poder mandar o bunda mole do meu filho fazer esta merda e poderia estar em casa agora bem "abafado" nas cobertas.

A freeway esta basicamente deserta , ate mesmo para uma segunda feira de madrugada e isto só contribui ainda mais para a rabugice do velho. Um único carro solitário em sentido contrario passa na outra pista e esta a toda como se fugisse do próprio diabo, Sergio o nota passar e pragueja como se isto o afetasse de alguma maneira. O fato é que esta apenas muito aborrecido e tudo o irrita, mas sabe ... la no fundo ele sabe que tem que ser assim.

Ele não poderia confiar esta missão a ninguém mais muito menos a seu filho. Esta indo a capital fazer algo que julga vital para seu futuro , Dono quase todos os postos de gasolina da região do litoral norte gaúcho ele agora pretende ingressar na vida politica e começa a tentar solidificar as bases para isto, e para tanto nada pode arranhar sua reputação até então imaculada...NADA MESMO. Principalmente coisas como um filho bastardo...

Foi perdido nesses pensamentos que Sergio Arroios importante Empresário e marido infiel se viu surpreendido e aterrorizado quando a luz branca e cegante vinda do céu engoliu seu carro exatamente a meio caminho entre sua cidade Farol do sul e Porto Alegre.

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SEGUNDA FEIRA 2 DE AGOSTO DE 1990 4:30 DA MANHÃ

- Nicanor esta trançando as pernas na saída do boteco.

Ha bem da verdade ele não queria nem ter saído do bar mas o dono de saco cheio o expulsou prometendo que ele nunca mais vai por os pés ali de novo.( fizera esta mesma promessa na semana passada). Nicanor começou a beber e farrear na tarde de sábado e no fim das contas sempre acabava neste mesmo boteco por que era o único que ficaria aberto até tão tarde principalmente num domingo, mas agora tinha que voltar para casa e o caminho seria longo e penoso(embora sua casa não fique a mais de 300 metros do boteco) uma zoada irritante de cachorros o acompanha por todo o caminho, Nicanor odeia cachorros quase tanto quanto odeia o próprio nome.

Exatamente em frente ao cemitério onde jaz o corpo de seu pai um grande grupo de cães vadios como que adivinhando que passava por eles naquele instante um algoz se põe a latir e rosnar o observando passar. Nicanor no entanto faz pouco caso com um gesto de mão sua atenção esta voltada para a escuridão lá dentro do cemitério, o túmulo do velho fica logo ali não estivesse tão escuro ele até poderia ver.

-Nicanor pai?- Ele para diante do portão gritando esta pergunta para o túmulo que não pode ver e o som de sua voz atiça ainda mais os cães.

-Nicanor? - brada de novo irritado- Que porra de nome é esse que tu me deu seu filho de uma puta?

Ele fica por ali parado por uns dois minutos como quem aguarda uma resposta do esqueleto do pai. Como tal resposta não veio ele segue adiante envolto mais do que nunca na fanfarra barulhenta da cachorrada. já em sua casa um segundo antes de desabar na cama desarrumada e apagar de vez Nicanor lembra vagamente de que deveria trabalhar naquele dia afinal é segunda feira... E então ele apaga.

A mais de 60 km dali uma luz cegante envolve seu conterrâneo mais ilustre Sergio Arroios, e ninguém neste mundo testemunha os dois eventos.

UM CONTO SERIADO QUE SERA POSTADO EM VARIAS PARTES, ESTA É A PARTE UM