ALÉM DE MIM - BONS DESEJOS - CAPÍTULO 18

ALÉM DE MIM

BONS DESEJOS – Capítulo XVIII

Quando acordou Renato viu que o quarto estava já às escuras. O dia já tinha acabado. Ergueu a cabeça e ao olhar para André, viu que seu rosto tinha mudado. Quem estava ali a seu lado era Andreia, adormecida ainda e segurando sua mão. Mal pode conter a alegria e tocou seu rosto com cuidado.

- Andy... chamou baixinho.

Ela foi acordando devagar e olhou para ele.

- Hum...?

Ele a beijou, apaixonado, e ela afastou-se dele assustada.

- Renato!

- Vou voltou ao normal, meu bem! Olha pra você, amor!

Ela olhou para si mesma e mal pode conter as lágrimas. Abraçou-se a ele chorando.

- Acabou tudo, não chora. Não chora mais.

No dia seguinte, Lúcio explicou o que tinha acontecido.

- Quando eu expliquei pra dona Carmem o que havia acontecido com vocês, ela disse que você tinha sido tolo em acreditar. Que coisas ruins e boas só acontecem se a gente desejar com força, como ela fez. Só que ela disse que desejou aquilo num momento de raiva, não tinha intenção de prejudicar ninguém. Não quis voltar pra cá porque tinha vergonha do que tinha feito, mas falou que faria uma oração pra vocês e tudo se acabaria. Eu fiquei meio apreensivo, mas não tive outro jeito senão acreditar nela. Parecia tão sincera... Quando eu cheguei aqui e eu e a Ângela entramos no quarto de vocês, ela já tinha voltado ao normal, graças a Deus.

- Eu nunca mais vou me esquecer disso, falou Ângela.

- Nem nós, falou Renato, abraçado a Andreia.

- Você mudou tanto, Andreia... Lúcio comentou, achando a moça mais quieta e contida que antes. – Parece tão abatida, tão triste... Já passou tudo. Foi tão ruim assim bancar meu irmãozinho caçula?

- Não, ser seu irmão só me ajudou... a conhecer a mim mesma. Isso tudo vai passar. Eu só estou muito chocada ainda, Lu. Vai passar.

- Bem, a gente vai deixar vocês dois a sós.

- Obrigado por tudo, vocês dois, falou Renato.

- Qualquer coisa... estamos aí, disse Ângela, beijando o irmão na testa e a amiga no rosto.

Lúcio despediu-se também e os dois saíram. Renato abraçou Andreia com mais força, como se não a quisesse deixar escapar nunca mais.

- Fala alguma coisa, amor. Você está tão quieta.

- Você ainda me ama, Renato?

Ele sorriu.

- E você?

- Eu pensei que o nosso casamento fosse acabar depois de tudo isso. Pensei que você fosse me odiar...

- Você fez o que pôde. Ajeitou todas as situações, lutou até que bravamente contra uma situação que um homem normal não teria resistido tanto. Eu não posso culpar você por nada. Cometi o mesmo erro. Fui fraco também.

- Sinto pena da Paula. Não sei como eu agiria se encontrasse alguém como o André pela frente. Não sei se lutaria por ele como ela fez. Ela merece ser feliz.

- E você não? Acho que você está se culpando demais, Andy.

- Estou confusa... Bem confusa.

- Sabe o que a gente vai fazer? Viajar de novo, logo que eu entrar de férias. Nem que eu faça um empréstimo com o meu pai ou com o Lúcio. Nós vamos até Ouro Preto, quer?

- Tudo bem.

- Dá um sorriso.

Ela sorriu e ele a beijou.

No dia seguinte, Renato saiu para ir ao banco e Andreia ficou sozinha em casa para ajeitar todas as coisas do casamento que ainda faltavam guardar. A campainha tocou e ela foi atender. Era Lúcio.

- Oi, amigo.

- Oi, Andy. Posso falar com você?

- Claro, entra. Que cerimônia é essa?

Ele entrou e a beijou no rosto, parecendo preocupado. Andreia fechou a porta e ambos sentaram-se.

- Cadê o Renato?

- Foi ao banco. A gente está sem grana.

- Se ele estivesse, eu ia mandar ele sair. Recebi um telefonema do Tato hoje cedo.

Andreia respirou fundo e adivinhou o que havia levado o amigo até ali.

- E...?

- Ele disse que a Paula está inconsolável... por causa do meu irmão...

Andreia levantou-se e foi ficar atrás do sofá.

- O que foi que aconteceu lá em Paquetá, Andreia? Eu nem soube o que dizer a ele.

- Você não poderia... adivinhar, deduzir e... evitar que eu tivesse que repetir toda a estória, Lúcio? É tudo muito constrangedor pra mim.

- Ela... se apaixonou pelo André?

Andreia não respondeu. Lúcio apoiou os braços nos joelhos e ficou olhando para o chão, deduzindo o que havia acontecido. Depois levantou a cabeça e disse:

- Tudo bem. Eu não quero que você fale nada sobre isso. Só quero saber o que falar... quando a Paula chegar aqui. Ela vem pra cá no final de semana.

Andreia sentiu o chão faltar, mas não disse nada.

- O Tato não ligou pra reclamar de nada. Ligou pra... me pedir desculpas por tudo que disse e fez pro André. Ele vai vir com ela.

- Pra todos os efeitos, quando eles chegarem... o André voltou para a Argentina e está... pra morrer.

- Tudo bem. Você quer que eu os leve lá pra casa ou...

- Não, eu quero falar com eles. Pra todos os efeitos também, eu vou conhecer a Paula agora. Ela só conhece o Renato. Não é justo que eu não queira receber na minha casa quem recebeu tão bem o meu marido lá, não é? Um dia eu te conto toda a estória com detalhes, Lúcio. Agora não dá, ela falou, começando a chorar.

Lúcio ergueu-se e foi abraçá-la.

- Acho melhor você ir embora, ela disse. – Eu não quero que o Renato me veja assim. Ele já sofreu bastante também com tudo isso.

Lúcio concordou. Beijou-a na testa e saiu.

Quando Renato voltou da rua, ela contou tudo a ele.

- Mas o que eles vêm fazer aqui?

- Não sei, mas o que você tem que fazer e recebê-los e agir como se eu não soubesse de nada do que aconteceu lá... com você e o André. Vou ser perfeita. Confie em mim, amor.

Ele sorriu e segurou a mão dela, beijando-a.

ALÉM DE MIM

BONS DESEJOS - CAPÍTULO 18

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

DEUS ABENÇOE A TODOS!

PAZ E BEM!

Velucy
Enviado por Velucy em 19/10/2020
Código do texto: T7090772
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