ALÉM DE MIM - NECESSIDADE - CAPÍTULO 15

ALÉM DE MIM

NECESSIDADE – Capítulo XV

André e Paula desceram as pedras e começaram a andar pela areia de mãos dadas. Um pouco mais adiante, chegaram a um rochedo onde havia uma cabana antiga, embora bem conservada.

- Dizem que era habitada por índios, um casal. Um dia ele saiu para pescar e não voltou mais. A índia morreu de tristeza, depois de chorar muito de saudade, aqui em cima desse rochedo. Romântico, não?

- É... ele falou, olhando para a cabana.

- Vamos entrar?

- Pra quê?

- Ora, André! – falou ela, puxando-o pela mão.

- Não... Não, Paula! - André falou, parando.

- Quer voltar pro hotel e ficar olhando pra cara feia do Renato e recebendo insultos? Fique sabendo que ontem ele e o Tato fizeram a maior farra no barco da Marta e da Marisa, viu?

- Farra?

- Você me entendeu, amor.

Ela o levou para dentro da cabana e André, indignado, exclamou baixinho:

- Cachorro!

- Como você é inocente! Eu não acredito. Você existe mesmo?

Ela envolveu seu pescoço num abraço e o beijou mais uma vez. No início, André tremia de medo, mas aos poucos o ódio que sentia de Renato fez crescer dentro dele um sentimento de vingança e acabou correspondendo e ficando... Deitaram-se sobre uma esteira forrada no chão e tudo aconteceu.

Andreia agiu mais por raiva do que por qualquer outro motivo. Não era admissível que seu marido tivesse esquecido tão rápido que tinha se casado há poucos dias. Esqueceu-se do fato também e deixou que Paula fizesse o que tinha vontade. Algum tempo depois, cansados, os dois adormeceram.

André acordou, algumas horas depois, com os beijos de Paula em seu rosto.

- Oi... ela falou, sorrindo.

Ele não conseguiu dizer nada. Só olhava para o rosto dela, como se estivesse anestesiado.

- Vou comemorar meu aniversário a partir desse dia. Seduzi o “gay” mais bonito do planeta.

André sorriu, mas uma lágrima rolou pelo canto do seu olho e isso assustou Paula.

- Ei, que foi, gatinho? Eu te magoei?

- Não! Não... Eu é que estou sentindo que nunca mais vou ser o mesmo a partir de hoje.

Ela sorriu e o beijou de novo, docemente.

- Nem eu...

André se levantou e passou as mãos pelos cabelos.

- Eu não queria voltar praquele hotel nunca mais.

- Você não precisa ter medo do Renato. Ele não manda em você. Não tem nada com a sua vida. Muito pelo contrário. Vai ficar felicíssimo quando souber que você vai se esquecer dele.

Vestiram-se e retomaram a caminhada de volta para o hotel. O sol ia se pondo lentamente no horizonte. Quando os dois entraram no hotel, Tato estava esperando pelos dois. André gelou.

- Eu pedi pra você não tocar na minha irmã, não pedi, seu calhorda?

- Para com isso, Tato! - falou Paula. – Eu fui porque eu quis! Eu gosto dele.

Não adiantou nada. Tato investiu contra André que não fez a menor reação e aceitou todos os golpes dele sem se defender. Paula correu para chamar Renato ou alguém no hotel, mas quando voltaram, André já estava jogando no chão desmaiado e com o rosto todo ensanguentado. Tato tinha sumido e curiosos tentavam ajudar o rapaz.

Horas depois, André estava deitado numa cama do único hospital de Paquetá, já medicado, mas inconsciente.

Renato, sentando na sala de espera, não dizia nada. Paula estava com ele e esperava pela permissão do médico para entrar no quarto.

- Eu sinto muito, Renato...

Ele olhou para ela muito sério.

- Vocês dormiram juntos, não é?

Ela confirmou, balançando a cabeça.

- Eu gosto muito dele.

Renato apoiou a cabeça nas mãos e fechou os olhos.

- Você devia ficar satisfeito. Ele não é só um bixinha apaixonado por você. É um homem, com capacidade de amar uma mulher e fazê-la feliz. Eu sinto muito que meu irmão tenha feito o que fez, mas estou muito feliz. Ele vai sair dessa.

- Cala a boca! – Renato gritou, levantando-se. – Você não sabe de nada!

Paula estranhou aquela reação dele, mas o médico apareceu e interrompeu a conversa.

- Podem entrar, se quiserem. O rapaz já está fora de perigo e está consciente.

Paula ficou olhando para Renato que disse:

- Entra você. Eu volto mais tarde.

Ele afastou-se. Paula entrou no quarto e aproximou-se da cama. André estava com os olhos fechados e ela segurou sua mão, beijando-o no rosto. Ele abriu os olhos e perguntou:

- Onde é que está o Renato?

- Você ainda tem coragem de perguntar por ele, depois de ter apanhado por minha causa? Por que você não reagiu?

- O Tato estava certo. Por que eu reagiria?

- Mas você não fez nada. Fui eu quem te seduziu! A culpa foi minha!

- Conta isso pra ele, aí ele te dá uma surra também e você vem me fazer companhia.

Paula sorriu, acariciando sua testa.

- Boboca! Não seria má ideia. O que dói?

- Tudo, menos o cabelo. Paula, eu preciso te contar uma coisa... mas eu queria que o Renato estivesse aqui.

- Por quê?

- Está havendo um grande engano e a culpa é minha. Eu te envolvi numa grande farsa e vou ter que pagar por isso. Já estou pagando. Você vai no mínimo me odiar quando souber de toda verdade.

- Odiar você? Impossível.

- Por enquanto, me deixa sozinho, tá? Eu preciso ficar sozinho e... queria que você só me procurasse depois que eu saísse daqui, lá no hotel.

- Você está me pedindo... pra ir embora? – ela perguntou magoada.

- Estou pedindo pra você ter paciência, Paula.

- Então... o que a gente fez não significou nada pra você, não é? Eu não significo nada pra você.

- Mais do que você imagina e mais do que devia. Por favor, me deixa sozinho. Eu preciso pensar.

Paula sentiu-se magoada, mas entendeu aquele pedido. Saiu do quarto com a intenção de ir embora para casa. Renato estava na portaria do hospital e a chamou quando ela passou. Ela parou e esperou.

- Como é que ele está?

- Doido por você ainda. Eu não consigo entender o que de... tão interessante você tem pra atrair um homem maravilhoso como ele. Isso parece até feitiço, bruxaria... se eu acreditasse nisso. Por que você não desilude o André de vez e não se afasta dele de uma vez por todas?

Renato não respondeu. Paula afastou-se.

ALÉM DE MIM

NECESSIDADE - CAPÍTULO 15

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

DEUS ABENÇOE A TODOS!

PAZ E BEM!

EXCELENTE DOMINGO!

Velucy
Enviado por Velucy em 18/10/2020
Código do texto: T7089982
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