nova era - o veneno

Meu mundo, era tudo o que mais amava, o que havia construido por anos, com todo amor e dedicação possível, embora tenha pago um preço alto, pela soberania e segurança de meu reino, estava feliz com tudo isso, hoje estava extremamente nostalgica, lembrando de coisas que não deveria lembrar, de todos que um dia matei, e tambem morreram por mim, sentia o sangue deles marcado em minha alma, sentia a dor da solidão apesar de sempre estar rodeada de meus servos e seguidores leais, confiavam em mim, mas nada mais que isso, então lembrei-me do ANJO, que havia aceito nessas terras, como amigo, era um eterno enigma para mim ainda, porque não conseguia ler sua mente, saber o que sentia e pensava e isso me deixava incrivelmente intrigada.

Preocupava-me sua segurança, embora saiba que havia intensificado seu treinamento, era um otimo arqueiro, e tinha mesmo um instinto de guerreiro nato, isso que me intrigava nele, como um ser de luz, podia ser tao bom estrategista e guerreiro, sabia que tinha algo nele que não desvendava, mas não ousava invadir tua privacidade, por isso tambem me afastei, e na verdade temia, por ele descobrir quem realmente eu era, a fera atras da soberana que o acolheu.

Como ele enfrentaria isso? Ainda não sei, sei apenas que ele estava em paz, na companhia de Drakon, que parece estar feliz assim tambem, entre voos e passeios sem fim pela floresta, sabia que tinha feito amizade com outros seres magicos, e estava se descobrindo dia a dia, o sentia feliz de certa forma, mas ainda temia caso ele soubesse a verdade, mas, ele precisaria saber a verdade, cedo ou tarde, terá de saber, e penso que o dia se aproxima, e não poderei fugir disso muito tempo.

Minhas visões ainda confusas sobre Ele, o vejo Anjo e as vezes Demonio, o mesmo demonio que representará meu fim, se não tomar cuidado, eu sei disso, na realidade meu instinto me diz para me afastar dele, me manter em minha mansão, esquecer que ele um dia existiu e quem sabe chegue a partir da mesma maneira que chegou, mas não será assim.

Alcei voo, perdida em meus pensamentos, quando de vi, estava próxima a cabana dele, tudo estava em silencio, uma calmaria que era quase irreconhecivel nessas terras, não queria ser sentida nem vista como estava agora, então me mantive em uma distancia segura, apesar do desejo de querer conversar com ele, saber mais sobre aquele ser, quem sabe conseguiria desvenda-lo enquanto dormia, quando tua alma estava mais liberta do corpo? Esse pensamento se passou, tão rapido e quando vi, já estava dentro da cabana, observando aquele ser adormecido, como parecia vulneravel, mas não era e eu sabia disso, o sentia mais forte, mais centrado, embora não apresentasse novamente tuas asas, isso eu não podia entender o porque.

Me sentei a sua frente e fiquei ali observando, quando notei que começou a ficar agitado, seria a minha presença? Então fiz menção de me afastar, mas era tarde ele despertou, fiquei imovel, em silencio, na escuridão do quarto, ele olhou para os lados, e nada viu, respirei aliviada, não teria como explicar minha presença ali, naquela hora da noite, o vi se deitar novamente, mas sei que estava alerta a qualquer movimento, esperei que adormecesse novamente, e sai dali, da mesma maneira que entrei, me senti mal com isso, então segui para a beira do riacho, e lá fiquei ate o dia amanhecer.

Adorava o nascer do sol, mas algo errado aconteceu hoje, que me assustou, minha carne, sentiu os raios do sol, senti minha pele queimar, como a muitos seculos não sentia, não poderia mais andar durante o dia como antes, era quase uma certeza, mas porque isso agora? Seria o veneno no sangue do demonio que provocou isso? Então segui para a caverna oculta entre a cascata do riacho, apenas eu a conhecia, foi meu refugio a anos, sentia as queimaduras em meu corpo, latentes, mostrando-me novamente o quanto era vulneravel a luz, e isso me assustou, fiquei ali, perdida em meus pensamentos, só queria entender o porque, retornei as trevas, e não mais veria a luz como antes, o nascer do sol, as flores, a vida alem das sombras.

Tive medo, havia me habituado a minha liberdade, e isso me deixava completamente vulneravel em qualquer batalha, os meus não deveriam saber disso por enquanto, ao menos ate eu descobrir que isso não era reversivel, ou apenas uma reação ainda do veneno daquele demonio em meu corpo, mil pensamentos passaram em minha mente, então olho meu reflexo sobre a agua, e me assusto, a forma da fera, será que não mais conseguiria voltar a forma humana tambem? Não sei... sei que agora mais do que nunca o ANJO, não pode me encontrar, então fiquei ali, perdida em meus devaneios, só me restava esperar a noite chegar, para sair dali e rogar aos deuses, para que não me encontrem, nada mais.

Condessa Drakon
Enviado por Condessa Drakon em 23/03/2017
Código do texto: T5949617
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