Uma nova era - continuação

Retornei para a rotina diaria de minha vida, audiencias noturnas, reunioes incansaveis, mas aquele ser não saia de meus pensamentos, será que ele sabia quem realmente era? O que estaria fazendo em minhas terras? São tantas perguntas a serem desvendadas, mas tudo a seu tempo, e estava realmente curiosa em desvendar esse ser, que parecia tao fragil e ao mesmo tempo tão forte.

Quando retornaram me relataram tudo, principalmente o estado fisico dele, e que havia tomado a poção por mim preparada, então dormiria por um dia ou mais, isso ajudaria seu corpo a se recuperar naturalmente, ao menos era o que eu esperava, então logo ao amanhecer iria visita-lo.

Chegando a cabana, me certifiquei que ainda dormia, não queria assusta-lo, não sabia o que esperar dele, o silencio era supremo, apenas os animais da floresta se escutava nesse momento, no mais lindo amanhecer, poucos de minha especie, podem ver isso, infelizmente, e muitos já se esqueceram de quanto é belo, por vivermos na escuridão suprema.

Depois de me certificar que realmente ainda estava dormindo, entrei na cabana, e ao ver deitado ali, pensei como estava vulneravel qualquer um poderia destruir aquele ser, devia pensar em sua segurança tambem, deixaria guardas aqui, apenas para impedir que algo errado acontecesse.

Me aproximei, e o toquei, sua pele era quente, diferente da minha, ele se mexeu e se ajeitou, seus ferimentos pareciam estar menos infeccionados, limpei-os com cuidado, apesar de alguns gemidos de dor, não despertou, então no ferimento maior a suas costas, ainda estava aberto, uma visao assustadora, para qualquer um que não estivesse acostumado com a guerras, mas já havia vivido muitas delas, isso não mais me assustava, então mordi meus pulsos, e deixei o sangue cair sobre ele, logo se fecharia, não teriamos problemas com ele tentar infeccionar, apesar de sua expressao de dor, não despertou, fiquei ali imaginando quem seria, o que fazia em minhas terras, porque não conseguia decifra-lo, entre tantos que conheci ele eu não conseguia, então decidi tentar ler sua mente, estava ali, indefeso, e penso que não teria como controlar minha invação.

Fechei meus olhos, o toquei novamente, e dessa vez, vi cenas, contraditorias, entre ao amor, o odio, a dor, a alegria, a tristeza, cenas que não tinham ordem nenhuma, e quase sem querer, senti um tranco, como se algo me jogasse de sua mente, como ele teria feito isso? Sentia a dor de sua alma, uma dor quase insuportavel, que passado ele carregaria, me senti fraca, precisei respirar fundo e me concentrar em mim, para recobrar o equilibrio, mas havia descoberto algo importante, era um anjo, na forma humana, um anjo caído, só não tinha entendido o motivo de sua queda por entre tantas imagens.

Vi ele se mexer na cama, parecia querer despertar, então me afastei, mas fiquei ali, observando-o por mais algum tempo, vi que estava melhor, seus ferimentos haviam fechado, ao menos o corpo estava se recuperando, embora na forma humana, e como humano estaria vulneravel, precisava ajuda-lo a recuperar sua verdadeira essencia, mas esse seria o mais complicado, será que ele realmente queria isso, ou iria optar pela nova vida, em seu esquecimento? Só o tempo diria.

Meus pensamentos estavam confusos, misturados ao dele, por algum tempo, como se de alguma maneira parte dele estivesse em mim, sentia uma necessidade de ficar ali, coisa que não era possível, tinha minhas obrigações, como Soberana dessas terras, e não poderia me deixar ficar ali, por um segundo, senti meu coração pulsar e a dor da despedida, me assustei e tentei não pensar nisso, sai apressada daquele lugar, precisava me controlar, e quem sabe talvez, quando ele estivesse recuperado fisicamente, poderiamos conversar e quem sabe podia ajuda-lo.

Sai sem rumo, por algum tempo, e me sentei a beira do riacho para tentar relaxar, a agua me ajudava nisso, me acalmava sempre, fiquei algumas horas ali e retornei para meu reduto, e destaquei dois de meus melhores guerreiros para guardarem a cabana, mas que não fossem vistos por ele, pois não era um prisioneiro, e sim alguém que precisava ser protegido, e deixei isso bem claro.

Me tranquei em meu escritorio, naquela tarde, não queria ser incomodada, precisava pensar, decidir novas metas e caminhos a seguir, as cenas que vi, não saiam de meus pensamentos, pareciam mesmo fazer parte de mim de alguma maneira, e nem eu entendia o porque, parte de mim dizia que precisava manter-me distante dele, um alerta, pois somos de mundos diferentes, a outra queria mante-lo perto, protege-lo, mas tambem sabia que essa decisao não pertencia a mim e sim a ele.

Restava-me aguardar seu restabelecimento e ele tomaria a decisão.

Condessa Drakon
Enviado por Condessa Drakon em 01/03/2017
Código do texto: T5927143
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