O CÃO NIILISTA AO TEMPLO
Feijão preto fora o apelido que eu dera a ela, tal a sua cor e seu despenteado e grosso cabelo.
Naquele dia ela parecia mais bonita e sublime, mas como sempre era amolada pelos gravatinhas, ficava ali calada e acanhada em seu cantinho.
Eu era seu amigo e, escondidamente, tinha por ela uma quedinha. Tentava protegê-la, quando eu mesmo era motivo dos mesmos de piadinhas e de chacotinhas.
Mas neste dia, um dia frio de inverno, ela chegou mais viva, como se tivesse renascido. Nunca soube o que lhe deixara assim. Talvez um presente, já que era como eu extremamente pobre. Talvez um namoradinho.
Mas o fato é que estava alegre, como se tivesse renascido e aquilo me alegrara e fascinara. Era pureza em demasia naquela menina.
Mas lá vieram de novo os de tênis rainha, a caçoarem e a lhe jogarem em abstratas latrinas.
E, de repente, sumiu a luz que eu via e apareceu-me uma escuridão ainda mais fria.
Então eu lha disse: “Vai pra sala mais cedo, vou logo em seguida”. E ela que sempre seguia o que eu falava, foi-se já com a alegria com que chegara perdida.
Eu não apareceria por uma semana, ela nem sabia, estar do meu lado sua decisão seria, motivo pelo qual eu a pedi que entrasse antes um pouco.
Acho que foi nesse tempo que realmente vi que tinha de me transformar, às vezes, num cão vadio: tornei-me uma onda de choque e de ira e me investi contra os burguesinhos. Tomei sopapos, murros e pontapés da cambadinha vadia, mas a um peguei pelo colarinho.
E como monstro me tornei, não me importava com as pancadas, mas aquele foi perdendo as cores com a gravata, até ficar branquinho, até que um puxão quase me arrancou as tripas. Seu pai era outro monstro contra o qual eu ainda não tinha forças para enfrentar. Tomei tapas e cascudos. Em casa, de meu pai apanhei de novo.
Uma semana suspenso da escola e falavam que eu já era um marginalzinho.
Quando retornei, os de tênis rainha tomaram distância e vi a ela, feijão preto, sorrindo aquele sorriso puro e lindo.
“Valeu a pena ter enfrentado esses viadinhos!”. pensei feliz.
Começava ali a sina do cão niilista!
Naquele dia ela parecia mais bonita e sublime, mas como sempre era amolada pelos gravatinhas, ficava ali calada e acanhada em seu cantinho.
Eu era seu amigo e, escondidamente, tinha por ela uma quedinha. Tentava protegê-la, quando eu mesmo era motivo dos mesmos de piadinhas e de chacotinhas.
Mas neste dia, um dia frio de inverno, ela chegou mais viva, como se tivesse renascido. Nunca soube o que lhe deixara assim. Talvez um presente, já que era como eu extremamente pobre. Talvez um namoradinho.
Mas o fato é que estava alegre, como se tivesse renascido e aquilo me alegrara e fascinara. Era pureza em demasia naquela menina.
Mas lá vieram de novo os de tênis rainha, a caçoarem e a lhe jogarem em abstratas latrinas.
E, de repente, sumiu a luz que eu via e apareceu-me uma escuridão ainda mais fria.
Então eu lha disse: “Vai pra sala mais cedo, vou logo em seguida”. E ela que sempre seguia o que eu falava, foi-se já com a alegria com que chegara perdida.
Eu não apareceria por uma semana, ela nem sabia, estar do meu lado sua decisão seria, motivo pelo qual eu a pedi que entrasse antes um pouco.
Acho que foi nesse tempo que realmente vi que tinha de me transformar, às vezes, num cão vadio: tornei-me uma onda de choque e de ira e me investi contra os burguesinhos. Tomei sopapos, murros e pontapés da cambadinha vadia, mas a um peguei pelo colarinho.
E como monstro me tornei, não me importava com as pancadas, mas aquele foi perdendo as cores com a gravata, até ficar branquinho, até que um puxão quase me arrancou as tripas. Seu pai era outro monstro contra o qual eu ainda não tinha forças para enfrentar. Tomei tapas e cascudos. Em casa, de meu pai apanhei de novo.
Uma semana suspenso da escola e falavam que eu já era um marginalzinho.
Quando retornei, os de tênis rainha tomaram distância e vi a ela, feijão preto, sorrindo aquele sorriso puro e lindo.
“Valeu a pena ter enfrentado esses viadinhos!”. pensei feliz.
Começava ali a sina do cão niilista!