E Ele Não Viu...

É tarde, muito tarde. E agora, o que fazer?

O desespero começa a tomar conta. Quase 18:00 horas!!

O trem vai sair daqui a uma hora. Procura daqui, procura dali... E nada!

É inacreditável, estava ali em cima da mesa a dois minutos atrás... Inexplicável.

18:30 horas.

Algo muito estranho começa a acontecer em sua mente. A fisionomia antes calma, transforma-se num misto de esperança e sentimento de tragédia iminente.

Relaxe, relaxe. É preciso calma. Respire fundo...

Isso! Agora vá, procure o que talvez seja a coisa mais importante de sua vida. O que não poderá deixar de levar na viagem.

Daqui a pouco sai o último trem para o único lugar onde o cogumelo atômico não chegou. Senão pegá-lo a tempo, morte e destruição, e o pior de tudo: solidão, serão suas eternas companheiras à espera do fim...

Mas ainda resta uma esperança! Procure!

19:00 horas. É tarde, muito tarde...

Aquele homem ouve o apito de um trem, cada vez mais longe...

O derradeiro trem, que lhe tiraria de todo aquele horror. Mas ele se foi... A esperança se foi...

Caminhando pela cidade em ruínas, na chuva negra e ácida, andando por entre os corpos queimados, lojas semidestruídas, ele se vê frente a frente com algo muito mais assustador do que a realidade: Um espelho.

Um grito rouco e louco ecoa no caos.

Naquele espelho ele descobriu o que procurava com tanta angústia e desespero.

Estava ali o tempo todo... Em frente aos seus olhos, e ele não viu.

Ele não viu... Os seus óculos.

Márcia Bonfim
Enviado por Márcia Bonfim em 18/08/2013
Reeditado em 30/06/2014
Código do texto: T4440372
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