A Sombra e a Escuridão. #16

"O que você mais quer Edmond?" - Perguntou minha Escuridão.

Capítulo 16 - Sundjata

O cheiro era terrivelmente insuportável, eu não podia distinguir nada em meio aquela carniça interminável. O lugar era completamente rústico, as paredes eram feitas de pedra, o chão de terra cheirava a sangue. Beatrice fez um sinal com a cabeça, e abaixada avançou na frente até uma escada que se encontrava no fim do corredor, que era muito estreito, seguimos os três atrás dela, com Edgar na retaguarda:

- Não ouço nada, talvez não estejam aqui. - Disse Petrell em voz baixa.

- Ou talvez já saibam que estamos aqui. - Disse Edgar. - Beatrice, consegue sentir o cheiro do menino?

Beatrice fez que sim com a cabeça e avançou escada a cima com a espada em mãos, empunhei minha Lagrima e avancei logo atrás dela. Logo acima estava um corredor quase idêntico aquele que havíamos adentrado, com a diferença que nas paredes se encontravam celas, como em uma prisão:

- Audrey está em alguma dessas celas? - Perguntei a Beatrice, que não me respondeu.

Ela avançou sorrateiramente pelas paredes opostas as da cela, dentro delas homens a beira da morte apenas nos olhavam, não pareciam ter forças para suplicar pela liberdade, não consegui sentir o cheiro deles, tamanho era a presença de carniça do lugar. Edgar e Petrell estavam logo atrás de mim, olharam brevemente para os prisioneiros.

Passamos para o próximo corredor, seguindo Beatrice e subimos mais uma escada enferrujada, a essa altura de alguma forma eu sentia que estávamos saindo do subsolo. No andar seguinte nos deparamos com dois corredores, se dependêssemos do meu olfato, nos perderíamos ali, porém ela parecia segura do paradeiro de Audrey e virou para a direita sem exitar, foi quando ouvimos alguém gritando atrás de nós.

- Merda! - Exclamou Petrell. - Nos acharam.

- Isso já era esperado, Beatrice avance com Edmond, iremos proteger a retaguarda. - Mandou Edgar.

Não exitamos em correr, a ultima visão que tive foi o Versipélio se transformando para atacar os dois, e Petrell aparentemente fazendo o mesmo. A essa altura o cheiro deles parecia sair das paredes de tão forte que estava.

Beatrice correu até a próxima escada, o barulho do embate deles com certeza iria atrair mais e mais deles, precisávamos ser rápidos. O próximo andar era bem mais amplo e aberto, e para nosso azar, lá se encontravam pelo menos duas dezenas deles, todos olhando para nossa direção:

- Merda, corra Edmond! - Gritou Beatrice.

Obedeci e corri seguindo-a, alguns dos Licans estavam atrás de nós, quando outros desceram provavelmente para ajudar o companheiro que estava lutando contra Petrell e Edgar. Beatrice nos guiou até a próxima escada:

- Está perto Edmond, já consigo ouvi-lo! - Disse desesperada enquanto fugíamos.

Pude ouvir alguns se transformando atrás de nós, meu coração batia forte, talvez mais forte do que nunca, isso me deu um fôlego que parecia interminável:

- Vamos conseguir Bea! - Viramos mais um corredor, a essa altura eu conseguia sentir o cheiro dele também, estávamos perto.

Ela parou bruscamente, fazendo com que me chocasse contra suas costas violentamente. Antes de ter qualquer reação percebi porque havia parado, logo a nossa frente estava Audrey, e do lado segurando-o pelo braço estava um homem negro, com aproximadamente 2 metros de altura.

Vestia um manto colorido, um chapéu longo coberto com folhas e no pescoço um colar que daquela distância era impossível distinguir o que era. Em uma das mãos um cajado de madeira e na outra Audrey, que estava tremendo de medo:

- Estava esperando por vocês. - Disse o homem em tom sarcástico com um sotaque forte, provavelmente da Africa. - O casal mais impertinente de toda Europa.

Engoli seco, a voz grave dele me colocou um medo terrível, os olhos verdes dele me fitavam sem parar, ele se aproximou de nós:

- Lorita! - Gritou o homem negro. - Vá ver o que está acontecendo lá embaixo e trate de trazer os outros invasores vivos!

Um dos homens que estavam nos perseguindo voltou para o andar debaixo. Foi só ai que pude ver a quantidade deles no local, e acreditem em mim, era absurda, mas não fariam nada conosco, não até a ordem do aparente líder deles:

- Não seria pertinente matar vocês na cidade, mas também de início não achei que viriam em busca do garoto. Foi ai que o irmão de Lorita nos disse que sentiu o cheiro de Petrell e alguns forasteiros se aproximando, transbordei felicidade no momento, percebem? - Disse o homem agora bem próximo a Beatrice, com um sorriso medonho no rosto. - Mataremos alguns coelhos com uma única mordida.

O Versipélio voltou com Edgar, Arthur e Petrell, feridos ao extremo:

- Primeiro nos livraremos do tão odiado DESERTOR! - Gritou ele, e um urro de todos os outros explodiu no local.

Olhei em volta e o número estava aumentando, alguns transformados, outros apenas rindo e assistindo aquele show macabro, o Lican de antes arrastou Petrell e o chutou, ele caiu na nossa frente, onde o Líder estava.

Beatrice permanecia imóvel, fitando Audrey. E eu, não conseguia ter nenhum tipo de reação, esta paralisado:

- Que o banquete se inicie com o traidor! - Pegou Petrell pelos cabelos e o levantou mostrando a todos, foi quando vi que estava acordado. - Algo a dizer Desertor? Talvez suplicar pela vida?

- Nunca, nunca suplicarei a você Sundjata, assim como nunca o obedeci! - Gritou Petrell.

Enfim revelado o nome, era ele, Sundjata. O homem que matou minha mãe, provável portador do colar, a pessoa que sequestrou Audrey e que agora mataria Petrell.

Entregou Audrey para um dos Licans enquanto segurava Petrell pela garganta suspendendo-o no ar, ele era forte mesmo em sua forma humana. Começou a apertar sua garganta com força, percebi que ia perder a consciência e morrer em breve, eu precisava fazer algo, ele estava ali por minha causa!

Pensei que talvez Sundjata recuaria quando soubesse quem eu sou, talvez ainda não havia me notado ali, eu precisava parar com aquilo, e sem pensar muito eu avancei em direção a ele com Lagrima empunhada e gritei:

- Largue-o imundo!

Ele se virou rapidamente para mim, agarrou-me pelo pescoço com a outra mão, e me suspendeu no ar assim como fez com Petrell, estávamos os dois ali, sem força para revidar:

- Edmond, andam dizendo por ai que você é o temível Olhos de Prata! - Caçoou enquanto apertava minha garganta, minha espada havia caído no chão e notei que Edgar havia percebido isso. - Olhem seus tolos, nenhum mito irá acabar comigo, nenhum traidor irá acabar conosco!

Eu tentei chutá-lo diversas vezes, ele ria enquanto apertava minha gargante e a de Petrell, que a essa altura estava apagando:

- Edmond... Faça o que for preciso... Edmon... - Petrell apagou finalmente.

Sundjata jogou-o para os outros Versipélios:

- Comam a carne do traidor companheiros, a fim de manchar completamente sua reputação e rebaixa-lo a um frágil humano!

E os outros avançaram até Petrell que permanecia no chão, imóvel, e começaram a devorar sua carne, um por um se transformavam aos poucos, era uma visão abominável, eu estava no inferno, ou em algum lugar muito próximo a ele.

Edgar aproveitou o momento de distração para pegar Lagrima e avançar contra Sundjata, forçando-o a me soltar:

- Edmond, pegue Audrey e Beatrice e fuja, faça Beatrice voltar a si! - Gritou Edgar atacando Sundjata, que bloqueou a espada com seu cajado.

Recuperei o fôlego e corri até Audrey, porém fui parado por um deles antes de qualquer reação, que me derrubou se jogando em cima de mim.

"Você não vai conseguir sozinho."

Minha Escuridão disse em meu ouvido, enquanto permanecia parada ao lado de Audrey, "Eu posso salvar o garoto e posso salvar a moça, posso matar todos que estão aqui."

Eu tentei sair das garras do Lican que tentava me impedir, mas era muito forte e eu estava desarmado:

- BEATRICE! ACORDE BEATRICE, FAÇA ALGO! - Gritei.

Ela me olhou, aterrorizada, estava mais apavorada que eu, algo estava errado naquela reação:

- BEATRICE, POR FAVOR! - Gritei novamente enquanto chutava o Lican e tentava me levantar.

Foi quando enfim Sundjata se livrou de Edgar, jogando-o para longe e tomando a espada dele que se aproximou de mim novamente:

- Malditos cadáveres, merecem muito mais que o sofrimento!

Me jogou na mesma parede onde Edgar estava no chão, se contorcendo de dor, jogou Beatrice que permanecia calada e por fim jogou o cadáver de Arthur decapitado:

- Nos livramos do traidor amigos! Agora nos livraremos do mito, vou mostrar a vocês que o ancião estava enganado quanto ao retorno do lendário Olhos de Prata! - Agarrou Audrey pela camiseta, que gritava desesperadamente o nome de Beatrice, que permanecia imóvel e calada, amedrontada.

Meus olhos nunca esqueceram as cenas que eu estava presenciando, Sundjata começou a se transformar no terrível demônio que me atacou naquela noite, na noite da morte de minha mãe. Era como uma festa, todos os Versipélios urravam ao ver ele se transformando, era muito maior que os outros e fazia juz ao nome Licantropo, sua aparência era a de um cão infernal, da pele cresceram pelos negros imensos, os olhos verdes cresceram e adotaram aquela cor amarela terrível.

Sundjata estava transformado, com a vida de Audrey em mãos.

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Pedro Kakaz
Enviado por Pedro Kakaz em 04/05/2013
Reeditado em 14/05/2013
Código do texto: T4274155
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