A Sombra e a Escuridão. #15

Eles iriam se arrepender pelo resto de suas vidas de terem capturado Audrey, eu estava determinado a matá-los, mesmo que o plano não fosse esse.

Capítulo 15 - Ninho de Versipélios

Os dois homens descem do cavalo, encapuzados. Beatrice tira a espada da bainha a fim de ameaça-los, Desertor permanece tranquilo apenas olhando:

- Ei, não precisa violência senhorita. - Diz o primeiro homem, que tira o capuz, se revelando ser o homem loiro que estava na casa da Dona Calcecott.

Me senti um pouco mais aliviado, afinal eram amigos dela, o que poderiam fazer conosco? O outro homem tirou o capuz e se revelou um desconhecido, não era aquele outro rapaz careca que estava com ele na noite anterior:

- Eu reconheço você, da casa da Senhorita Caldecott, você me falou de alguém chamado Edgar. - Disse para o rapaz loiro.

- Ah sim, perdoe a indelicadeza, meu nome é Arthur, Arthur Sven a seu dispor. - Disse o homem loiro fazendo uma reverência. - Caldecott nos mandou atrás de vocês, como apoio.

Isso era maravilhoso, apoio era muito bem vindo neste momento:

- Prazer Arthur, como sabe sou Beatrice, este é Edmond, e este é Simon Petrell. - Disse Beatrice.

- Pretrell? Já ouvi este nome antes, e seu cheiro não nega sua origem. - Disse o outro homem.

Tinha uma pele escura, cabelos curtos e olhos vermelhos vivo, quando falou, um cheiro forte de sangue saiu de sua boca, havia acabado de se alimentar:

- Não preciso perguntar seu nome, seu cheiro é familiar, Edgar. Conhecido como o Imperdoável, meu povo tem uma dívida de décadas com você. - Disse Petrell. - Mas como sabe, sou conhecido como Desertor, não é atoa.

O clima estava pesado, Edgar olhava para Petrell com olhos ameaçadores:

- Fique calmo Edgar, estamos aqui para ajudar afinal. - Arthur colocou a mão sobre o ombro de Edgar. - Caldecott nos mandou pois Edgar veio correndo até nós quando soube por Jofrey que vocês estavam indo atacar o ninho dos Licans.

Deduzi que Jofrey fosse o rapaz careca de antes:

- Sim, Jofrey me contou a situação, da criança, eu entendo vocês. Mas viemos ajudar, fiquei sabendo que são muitos no ninho, e que existe a chance de Samyaza estar presente no momento. - Disse Edgar.

Beatrice parecia preocupada:

- O que faremos? - Perguntei aos dois.

- O planos é simples, e com a ajuda do Lican Desertor tudo ficará mais fácil. - Disse Arthur, Petrell não parecia se importar que o chamassem assim.

- Sim, entraremos sem sermos vistos, sei de um atalho que leva a uma passagem por baixo da terra, é perfeito! Com sua ajuda moça, sentiremos o cheiro da criança e voltaremos antes que nos notem. - Completou Edgar.

- Pode ser um bom plano - Disse Petrell. - Onde seria essa passagem?

- Tem uma mina abandonada próxima dali, descobri isso quando precisei escapar deles a alguns anos atrás. - Disse Edgar.

- Bem, vamos. - Disse Arthur. - Abandonaremos os cavalos aqui e iremos todos andando.

Arthur foi até os dois cavalos, sussurrou algo nos ouvidos deles, que correram em direção a Londres, e nós cinco partimos sob a liderança de Edgar:

- Ei, aqueles cavalos, tinham um cheiro estranho e familiar. - Comentei com Edgar e Arthur.

- Normal que reconheça o cheiro deles, deixamos eles na floresta a maior parte do tempo, e o cheiro você estranhou provavelmente porque estão mortos. São cavalos sem alma. - Disse Arthur.

Fiquei boquiaberto com aquela informação:

- E antes que pergunte, não sei como isso ocorre, Beatrice? - Perguntou Arthur.

- Já ouvi falar, mas não passam de teorias, os povos antigos faziam como forma de eternizar os animais, mas não sei como surgiu essa técnica. - Disse Beatrice enquanto caminhávamos.

- Anjos. - Disse Petrell. - Os homens aprendem coisas através dos anjos. Já ouviram falar nos Necromantes? Alguns deles possuem habilidades tão apuradas que são capazes de manter um animal desses vivo mesmo que não possua alma.

Todos ficaram surpresos, porém Edgar parecia saber do assunto, não esboçou reação alguma:

- Necromante? Me perdoem, ainda sou novo nisso. - Comentei com o grupo.

- Necromante são bruxos capazes de se comunicar com os mortos na maioria das vezes. - Disse Edgar. - Provavelmente foi assim que os Licans descobriram que você assassinou um deles Edmond. Esse Necromante que traz os mortos de volta a vida, geralmente é alguém muito velho e com um contato imenso com os mortos.

Ficamos em silêncio um tempo, refleti sobre isso, em poucos dias eu havia descoberto coisas das quais durante minha vida inteira não havia sequer imaginado, alguém que é capaz de se comunicar com os mortos? Pessoas andando sem alma por ai? Monstros que são resultado de uma relação entre Anjos Caídos com Homens? Era tudo muito novo e misterioso.

- Então o que aconteceu comigo foi algo desse tipo? - Perguntei para Beatrice.

- Até envolve algo do tipo, mas é algo mais pessoal, vem de dentro de nós, você é capaz de fazer isso mesmo não sabendo usar de Necromancia. - Disse Beatrice.

Por enquanto era o suficiente, decidi não perguntar mais nada. O caminho era longo, passamos a noite caminhando floresta a dentro, passamos por alguns pontos em que Edgar se abaixava para cheirar o solo atrás da localização, se guiavam pelas estrelas também. Algumas vezes pensei ter sentido o cheiro dos Verispélios, mas Arthur disse que quando um deles estiver por perto, todos sentiremos um cheiro insuportável, eu sabia que sim, lembrava das duas vezes que vi eles transformados, era um cheiro perturbador:

- Estamos nos aproximando da mina, apertem os passos e apurem as narinas e ouvidos. - Disse Edgar. - A qualquer momento poderemos ser interceptados.

Pude ver mesmo no escuro, logo a frente uma entrada de uma caverna. Apertamos os passos e nos abaixamos assim como Edgar, ele fez sinal para que entrássemos e ficou esperando do lado de fora:

- Por enquanto está tudo tranquilo. - Disse Edgar entrando na mina. - Andaremos pouco e logo estaremos sob o ninho, fiquem atentos, qualquer barulho pode atraí-los.

Eu estava nervoso, as pernas trêmulas, aquilo era emocionante, logo estaríamos em um local repleto por aqueles demônios horríveis, e pelo que Edgar disse, eram muitos, e ainda havia a possibilidade do Anjo Caído Samyaza estar presente.

A mina estava completamente escura, iluminada apenas por uma pedra que Arthur tirou de uma sacola, emitia uma luz branca muito fraca, apenas para enxergarmos o chão e não cairmos em nenhum buraco. As paredes feitas de terra eram sustentadas por madeiras, que já estavam velhas, o local era úmido demais, um trilho sob nossos pés. Eu sabia que haviam muitas dessas minas por aqui, mas Edgar sabia qual era a mina correta, e qual caminho seguir dentro dela, era muito experiente, assim como seu amigo havia dito outrora.

Depois do que pareceram trinta minutos de caminhada caverna adentro, já não havia vestígio sequer da mina, apenas rochas e terra, entramos em um buraco estreito que saia em uma outra caverna e andamos por mais alguns minutos:

- Estamos perto, ouçam. - Disse Edgar sussurrando.

Tentei prestar atenção, e consegui ouvir uma conversa, que vinha aparentemente de cima de nós, estávamos embaixo do ninho dos Versipélios:

- Beatrice, consegue sentir o cheiro da criança? - Perguntou Arthur.

Beatrice pareceu se concentrar, tentei fazer o mesmo, mas só sentia o cheiro dos bastardos acima de nós:

- Consigo, está fraco, ele está inconsciente. - Disse Beatrice, como ela conseguia distinguir os cheiros em meio a tanta carniça, ela era realmente maravilhosa. - Por aqui. - Ela apontou em para o nordeste da caverna.

Edgar nos guiou por umas rochas, a fim de chegar o mais perto possível do local onde Audrey estava:

- Essa é a passagem mais próxima Beatrice. - Edgar mostrou um buraco estreito na parede. - Você terá que ser veloz e silenciosa, enquanto isso Eu, Petrell e Edmond ficaremos próximo ao local caso aconteça algo, e Arthur ficará aqui embaixo, a fim de proteger nossa saída e nos avisar caso alguém apareça.

Havíamos chegado até ali graças a Petrell e Edgar, ambos conheciam o local, era justo irem comigo, e provavelmente Edgar saberia que eu reclamaria se não me colocasse no time de retaguarda:

- Posso fazer isso. - Disse Beatrice. - Pegarei Audrey e voltaremos o mais rápido possível!

- Vamos! - Disse Edgar.

Eu, ele e Petrell seguimos Beatrice no buraco estreito. Finalmente havíamos chegado no Ninho.

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Pedro Kakaz
Enviado por Pedro Kakaz em 02/05/2013
Reeditado em 06/05/2013
Código do texto: T4270814
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