A Sombra e a Escuridão. #9

Sangue do inimigo fora derramado, seus olhos agora estavam marcados, não existia acordo, nenhuma negociação. Dias de tormenta virão...

Capítulo 9 - Uma noite tranquila.

Fomos em silêncio o caminho todo, eu procurava palavras para me defender, mas eu sabia que de alguma forma ela me entendia. Nada precisava ser dito, em alguns momentos eu senti o peso do olhar dela em mim, o olhar que eu estava evitando encontrar naquele momento:

- De alguma forma eu sabia que era você... - Disse ela quebrando o silêncio.

- Sabia o que? - Perguntei já sabendo que ela se referia aos olhos.

Ela tornou a ficar em silêncio. Então algo me veio a mente aquele momento:

- Quero te perguntar algo. - Esperei um consentimento, ela fez que sim com a cabeça, então prossegui. - Como sabia onde eu estava?

Ela me olhou, e dessa vez retribui o olhar:

- Como da primeira vez em que nos encontramos, eu senti algo em você, algo forte o suficiente para me guiar. Já me enganei algumas vezes, e poderia ter me enganado desta. Mas seus olhos não mentem.

Ela parou e desceu, havíamos chegado.

Desci também, e antes que ela pudesse entrar na casa, gritei pelo seu nome. Ela parou, me esperando:

- Beatrice... Eu... - Me aproximei dela. - Eu espero que me perdoe pelo que fiz.

- Eu entendo o que sente Edmond, entendo o que sentiu. Mas você cometeu alguns erros graves, e temo que não tenha volta. - Ela se virou para mim, ficamos perto um do outro, perto até demais.

Ela tinha um cheiro diferente dos outros, era muito mais forte e muito melhor, era um cheiro específico, mas de alguma forma eu não sentia vontade de mata-la. Apenas queria apreciar aquele cheiro mais de perto:

- Eu perdi o controle... Não consigo te explicar com palavras o que senti. Matar o Sr Logan foi um erro, eu sei disso... - Senti vontade de chorar, pensando agora no que havia feito, era desumano, cruel demais.

- Sim, um erro. Mas infelizmente você cometeu um erro mais grave que este. Algo que vou ter que tentar reparar por você, caso contrário estamos todos perdidos. - Disse ela lamentando.

Refleti por um minuto, o que deveria ter sido pior que matar Logan?

- Eu deveria ter mencionado isso, foi erro meu... - Ela me olhou nos olhos novamente. - Um Versipélio está desaparecido Edmond. É só uma questão de tempo até que achem o cadáver e o culpado. Eu sei o que você fez, sinto o cheiro dele em você.

- Beatrice... Eu fui atacado por ele! - Tentei me justificar. - Não havia nada que eu pudesse ter feito, apenas me defendi.

Ela continuou me olhando séria, foi um erro mentir para ela? Ela me olhava como se soubesse de tudo, como se pudesse ler minha mente:

- Em toda minha existência, nunca ousei me opor contra um Versipélio. Festejamos quando o tratado foi concluído obrigando a paz entre nós e eles, não sei como você fez isso, porém quando o matou você anulou completamente o acordo. Voltamos a ser inimigos.

Não sabia quantos deles haviam solto por ai, mas certamente não queria ver outro tão cedo.

Fiquei sem reação, ela me olhou, abaixou a cabeça e se virou para a casa. Fiquei olhando ela entrar parado ali, pensando no que faria, existiria a possibilidade de sermos atacados? Audrey era apenas uma criança, eu não podia deixar isso acontecer. Eles estavam com o colar da minha mãe, sabiam algo sobre meu pai, e agora por minha culpa eles eram nossos inimigos, algo tinha que ser feito.

Mas antes eu precisava de mais respostas de Beatrice, fui procurar ela na casa.

Já era tarde, todos estavam dormindo. Eu sabia onde ela estava, o cheiro maravilhoso deixara um rastro, que levava até um quarto no fundo da casa.

Fui lentamente até lá, olhando o restante da casa, que estava toda apagada. Não conseguia ouvir sequer o barulho da respiração dela, estava completamente silencioso o lugar.

Cheguei até a ultima porta, que estava um pouco aberta, como que me convidando a entrar. Encostei a mão e lentamente fui abrindo a porta.

O quarto estava iluminado por uma única vela, e dentro estava Beatrice. Ela estava se trocando, com certeza tinha me notado, mas continuou como se eu não estivesse ali, assisti em silêncio, ela era maravilhosa e fez meu corpo estremecer inteiro.

Fechei a porta e me aproximei dela, ela vestiu uma camisola branca e se virou para mim:

- Quero que tenha auto controle Edmond, você carrega dentro de si um monstro insaciável.

Ela colocou as mãos frias no meu rosto, e me lembrei da primeira noite em que a vi:

- Precisamos fazer algo Bea... Não quero o seu mal, não quero que Audrey seja ferido... - Disse sinceramente.

- Por enquanto quero que fique tranquilo, temos outras coisas a resolver, amanha quero que vá até seu antigo trabalho e onde você costumava morar. Consegui um álibi para você. Eu vou tentar resolver pacificamente este problema.

Estávamos muito perto um do outro, será que ela também sentia meu cheiro?

Agarrei-a pela cintura e fiz ela se aproximar de mim. Ela me olhou nos olhos, e pude ver de perto a cor dos olhos dela mudar. Aquilo me trouxe uma sensação de fraqueza, o que ela estava fazendo comigo?

Ela aproximou a boca dela da minha, apenas encostando os lábios nos meus e disse em voz baixa:

- Edmond... - Olhei para ela, que estava agora com os olhos fechados.

Meu coração começou a desacelerar, fui perdendo a força aos poucos:

- Descanse um pouco, tempos de tormenta virão. - Havia entendido que não faríamos nada, não aquela noite.

Ela me despiu devagar, deitamos na cama, adormeci olhando nos olhos dela.

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Pedro Kakaz
Enviado por Pedro Kakaz em 10/04/2013
Reeditado em 06/05/2013
Código do texto: T4233549
Classificação de conteúdo: seguro
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