No comando do Inferno

Um espirocado poeta de nome Bernardino mora no alto de uma serra azul a poucos quilômetros de Capitão Enéas. Uma multidão tem lhe tem visitado e o feito abastado financeiramente de três anos para cá, vindos de todos as partes do mundo. O motivo é que o ex-mandrião, tem visões assustadoras com os mortos de todos os arredores do planeta. Conversa com o morador da cidade de pés juntos como se falasse com alguém bem próximo, para o familiar que não acredita ele pede para fazer uma pergunta intima que só o dito poderia responder. E é pran-chan! Termos que os Buraramenses usam para dizer que algo esta certo. Antes Esmeraldo Filipino Jose de Oliveira era um poeta que vivia a catar pedaços de papel em branco para escrever seus versos, já se enveredou pelas ramas do cordel mas pouco conseguiu evoluir. Até que numa noite de lua cheia brotando na cacunda da serra, ouviu uma voz que o chamava...chamava e chamava. Mesmo com a acidez da cachaça tinindo na crôa, conseguiu encarar o vazio e sentir um impacto indescritível no interior. Era o velho Zé da Lupa morto há mais de dez anos vitima de uma tuberculose. Vestia uma camisa branca e uma calça azul, os pés flutuavam nus numa fumaça com odor de rosas brancas. O medo foi tanto que o poeta se borrou todo e conseguiu se curar do porre. Partir daí seu nome seria Mago Bernardino o homem que fala com os mortos. A lua caiu a noite passou e ele acordou deitado no terreiro. Uma mulher bonita vestindo uma bermuda jeans expunha suas coxas grossas, com seios fartos debaixo de uma camisa xadrez amarrada no umbigo. Os cabelos eram lisos e louros e os olhos eram verdes e sedutores, olhava para ele com riso maroto. Assustado se levantou com vergonha da sujeira explicita pelos mosquitos sobrevoando a região impregnada de eliminações fecais. Sem tempo para apresentações a moça pediu que ele não se interessasse por ela que sua aparência sensual era apenas produto de um fotoshop para almas andarilhas, ela estava ali para pedir vingança. Bernardino pediu um minuto de licença, encheu uma bacia d’agua e liberou-se do cheiro atroz. Tomou uma cachaça pra tomar coragem e voltou ao quintal. A moça não estava só, em um canto haviam duas senhoras segurando potes de barro, em outro espaço um senhor bem vestido de terno e pince-nez alisava um bigode que descia abaixo do queixo e o mais assustador foi seu avô, que fumava um cigarro de palha e cuspia no chão como fazia na época de vivo. Cada um destes vinha cobrar justiça, e cada família pagava o que podia. Mestre Bernardino era a sensação mundial, fazia uni-du-nitê entre Faustão e Gugu e não aceitou convite da G Magazine para pousar nu. Pedro Bial lhe convidou pessoalmente via MSN para participar do Big Brother Brasil. Ele não aceitou a pedido de Chico Anísio. Mas o rebuliço em torno do poeta se consolidou depois da entrevista com o Capeta. Tudo começou com a morte do Jornalista Paulistenio Ladislau que havia entrevistado todas as celebridades americanas quando vivo, pouco antes de sofrer um acidente fatal no Air-Bus 347 quis entrevistar o desafeto George Bush, que lhe disse sem cerimônias para entrevistar o Capeta. Em seu ultimo artigo no Washington Post publicou que quando morresse faria o que o sanguinário ex-presidente pediu. Quatro meses se passaram, o mundo das comunicações ainda chorava a perda do jornalista quando ele acordou Bernardino, o ex-poeta já interado com a gentalha falecida, suportou com bravura e anunciou a publicação em rede nacional da entrevista de Paulistênio Ladislau com o Capeta chefe de nome Cão Velho. A Record recorreu no ultimo instante ao STJ, mas a Globo reverteu sob influências, pois queria Ibope e mandava flashes, a cada minuto chamava para a grande entrevista, quando todas as pessoas do Oiapoque ao Chui estavam ligadas na televisão, esperando a qualquer momento que o Capeta falasse, a Globo saiu do ar e usou do seu ardil para que todas as outras também não transmitisse. Mas a verdade veio a tona pouco depois na voz de Dercy Gonçalves. Quando disse violentamente no ouvido de Bernardino.

“Fala aí com o povo que infelizmente o Presidente do Inferno agora é o Doutor Roberto Marinho”.

O jornalista decepcionado pensou em voz alta – p.q.p a Globo manda até no inferno agora! Vou bater um papo com Alan Kardec, voltarei na família Sarney.