ANO 5735 - O DESFECHO (Natal Celestial) Parte 11 – A NAVE

ANO 5735 - O DESFECHO

(Natal Celestial)

Parte 11 – A NAVE

Aijou se viu livre do mal estar e da dor que o seu corpo físico impunha em seu ânima, por um longo tempo ele ficou ali observando seu pai e sua mãe, reparava que o padrão de cores emanado de ambos era idêntico como se ali ao redor dele houvesse apenas uma pessoa, nesse momento, mas apenas numa fração de momento Aijou teve duvida se queria ou não continuar a sua busca que nesse segundo parecia insana. Enquanto ele mandava vibrações de tons azuis para os seus pais ele percebe que mais alguém estava ao seu lado, era pai André. Juntos eles envolvia os pais com uma energia tranqüilizadora e estes acabaram pegando num sono reparador mesmo estando com os corações em prantos.

“Filho, vim ajudá-lo a chegar a Chikyuu, há portais por todos os lados que podem arrastá-lo para ele. Mas uma vez em Chikyuu todo o resto será por sua conta.”

“Obrigado pai!” Aijou não encontrava nenhuma outra palavra, pois a emoção que ele estava sentindo era enorme.

Aijou e Pai André foram parar nas imediações da grande biblioteca, os jardins pareciam que estavam sem brilho, assim como a enorme biblioteca parecia estar menor, mas Aijou achou que isso era uma manifestação do seu estado de espírito devido à partida.

“Filho, agora é com você, nunca deixe de pensar naqueles que ficaram e que seja feita a vontade de Deus, agora “negô veio” vai voltar para os meus afazeres”

Abraçando o velho Aijou apenas agradecia e nem percebeu que estava chorando enquanto Pai André desmaterializava ao seu lado.

A princípio Aijou nada viu, via apenas que uma movimentação enorme de pessoas e Tenshi estavam indo da biblioteca para um ponto especifico do jardim, mas ali naquele lugar nada tinha, reparando melhor percebeu que acima daquele ponto havia naves enormes que lembravam gotas deitadas no céu, a luz por ela passava, eram fantástica. Elas estavam completamente camufladas no ambiente, não era uma camuflagem como alguns veículos dos nezumi, era tal a tecnologia de camuflagem que esta permitia que a luz passasse pela sua parede sofrendo o mínimo de refração, como poderia algo tão gigantesco fazer isso? Como seria por dentro? O que impedia de uma pessoa ver dentro dela?

Para Aijou o transporte de seu ânima por pensamento era coisa fácil de fazer, afinal desde que ele conhecia por nezumi ele se desdobrava todas as vezes que dormia, indo para todas as partes do Azul apenas em desdobramento, mas todas as vezes que ele tentava se projetar para dentro da grande gota transparente ele acabava sentindo uma pressão em sua cabeça e voltava para o mesmo lugar, para o menino isso era algo incrível, uma tecnologia que impedia a entrada de ânima em seu interior por projeção, o jeito seria de entrar na nave por outra maneira, mal ele pensava nisso ele reparou que ali próximo a grande Chikyuu havia pequenas gotas e estas naves bem menores iam para o ponto onde estavam se desmaterializando as pessoas e Tenshi. Observando bem, o menino percebeu que eles não eram teletransportados para a grande nave, eles entravam nas pequenas naves e uma vez lá dentro eles se tornavam invisíveis.

Como entrar sorrateiramente dentro de uma dessas naves transportadoras?

Aijou ficou matutando por muito tempo, quando resolver apenas fazer, pois ficar parado fazendo planos e fazendo nada para pô-los em ação em nada ajudaria. O menino deu uma volta pelo jardim que agora parecia meio que abandonado e conseguiu chegar perto de as naves ficavam paradas antes de irem para o ponto de embarque.

A nave parecia não ter portas, ou escotilhas parecia ser algo único, como sendo realmente uma gota de água, o menino encantado toca na nave, parecia de consistência líquida, mas a mão não se aprofundava na parede desta, passando a nave para a sua surpresa sua mão penetra pela parede e Aijou percebe que ali estava a entrada para nave.

A princípio o garoto entrou achando que encontraria alguém, foi entrando meio que assustado com medo que os Tenshi pudessem estar ali dentro e repreende-lo, mas à medida que entrava mais para o interior da nave ele percebeu que não havia tribulação. Esconder-se numa nave que não tinha nichos ou vãos seria complicado. Enquanto as dúvidas e medos se aumentavam em sua cabeça, a luz de tênue passa a ser uma luz clara como se...

A porta foi aberta e nezumi e Tenshi entraram, e ele percebeu que estava no ponto de decolagem da nave. Todos os nezumi que entravam ali apenas o ignoravam, como se o menino não existisse, ou pior, como se aquilo fosse um sonho, uma alucinação da doença de Aijou, e no meio de um turbilhão de interrogações, um lindo Tenshi chega para ele, Aijou se joga ao chão

“Aijou, você não precisa ser clandestino em nossa nave. Você amigo não é uma pessoa que temos que combater, como diria o nosso povo ancestral um aite. Uma pessoa que aprendemos a combater não para destruir, mas para impedi-lo que se destrua. Você e seu povo são para nos kodomos, que traduzindo muito vulgarmente para o seu idioma seria criança, mas isso apenas em estado metafórico, pois na eternidade não há menos ou mais evoluídos, há apenas o evoluindo, pois tudo é movimento”

“Senhor desculpa interrompe-lo como sabe o meu nome? Quando iremos daqui, como fala tão bem minha língua? Que tipo de fala é esta? Seu povo ancestral são os alados?...”

“Calma pequeno Aijou, suas perguntas serão respondidas no seu tempo, o importante no momento meu pequeno nezumi curioso é você saber que a nossa missão aqui no Azul e em qualquer lugar aonde nos Tenshi vamos é sempre de ajudar e não impedir ou atrapalhar a evolução de ninguém, pois apesar de sermos de planetas diferentes e nossas raças terem bilhares de anos de tempo de surgimento, somos irmãos em nossa essência. Então meu pequeno tudo é fácil de resolver.”

“Aijou, antes de embarcar de vez e se alojar, pense que essa sua atitude poderá gerar sofrimento nas pessoas que te amam, apesar de vocês nezumi serem bem evoluídos os laços que unem familiares ainda são fortes, partindo talvez você fique milhares de séculos sem reencontrar os seus familiares, mas fará com certeza nossos vínculos. Uma vez que tenhamos partidos, não voltaremos mais para o Azul.”

O menino estava sem palavras pelo choque, ele sabia exatamente o que o Tenshi queria falar e se comunicar, mas o lindo ser não usava projeções e nem palavras, parecia que as idéias do Tenshi brotavam em seu cérebro.

“Sim!”. Foi à única palavra que o menino conseguiu pronunciar, pois ele tinha a certeza nem que passasse um bilhão de anos ele sempre estaria entre amigos e sempre sentiria os amigos por perto, pois na vida tudo é mutável.

O Tenshi percebeu o tão serio era a vontade do menino e levando a mão para o ombro do menino ajuda-o a se levantar. Para Aijou o toque era parecido com uma brisa em dia quente, mas como ele sentia o toque se ele estava desdobrado?

Por que o Tenshi se portava com tal naturalidade com ele?

“Senhor, como o senhor sabe o meu nome?” o menino projetava a pergunta.

Numa espécie de riso o Tenshi responde:

“Há muitos milênios observamos você pequeno, você talvez comece algo, mas se será você ou não é você quem decidira. Outra coisa, pequeno Aijou, nos Tenshi ha muitos milênios deixamos de nos chamar por nome, apenas somos. Somos um, somos todos e não somos nenhum. Assim deixamos várias características que prejudicavam o nosso povo de lado. Alguns de nosso povo ao passar por planetas habitados ali decidiram morar, outros resolveram ir para outras dimensões e outros como é o meu caso, preferimos apenas ajudar outros povos.”

Para Aijou aquilo parecia algo inacreditável e somente então percebeu que assim como Tenshi ele deslizava sobre o piso. E antes da pergunta a resposta veio.

“Pequeno, dentro da nave o tempo como você conhece no Azul, deixou de existir, aqui no espaço temos como ir de um ponto a outro do universo apenas usando atalhos e a energia sutil.”

“Explore a nave Aijou. Nós partiremos amanhã, você, nezumi e terráqueos do plano astral de seu planeta e os Uma-Ushi que vieram comigo. A viagem será tão rápida que mal você conhecera esses indivíduos. Talvez para a sua percepção seja apenas como um piscar de olhos ou o bater das asas de um colibri. Vá pequeno, explore, mexa em tudo o que tiver vontade e pode ter certeza que nossa conversa já faz parte do meu povo, então não estranhe se todos tratarem você com se conhecesse você pessoalmente. Vá, aproveite o tempo, tudo é permitido menos à inércia.”

Aijou não sabia o que fazer, andou a esmo pela nave, cada encontro com um Tenshi era sempre saudado com afeto. Da nave ele via o Azul, via também as colônias astrais, via formações parecias com ralos em pontos específicos próximos ao planeta que ele não sabia o que era, mas provavelmente eram os tais portais. A nave permitia que pudesse observar tudo o que ocorria fora, era incrível, pois as paredes eram transparentes, e sob o seu pé e sob a sua cabeça dava para ver o que ocorria fora da nave, mas não dava para ver as estruturas internas da nave ou compartimentos vizinhos.

Ele reparou que a movimentação dos Tenshi era intensa. Eles a todo o momento entravam e saiam da nave em suas pequenas naves e transportavam pequenos cristais não muito maiores que um grande greifruiti. Os cristais lembravam pequenas pirâmides e tinham colorações diferentes. Aijou observando a movimentação percebeu que essas pirâmides eram guardadas todas num grande salão e reunidas pela cor delas e por mais que ele quisesse saber o que era e para que servisse, a resposta era sempre a mesma:

“Tudo na sua hora pequeno nezumi”

Passeando pela nave Aijou teve a oportunidade de ver de perto os Uma-Ushi, criaturas exoticamente bonitas, mas elas não pareciam sentir a sua presença, assim como os nezumi e terráqueos do astral, alias observando a estrutura de ambos era clara as diferenças, seja na forma do crânio como na postura, mas o brilho de ambos era o mesmo. Nessa de entrar e sair de diversas salas Aijou perdeu-se no tempo até que encontrou uma sala que lembrava muito uma tenda pré-colombiana, a textura da parede era de folhas entrelaçadas, havia redes penduradas, era como estar dentro de uma oca, utensílios tudo como se fosse real, até os sons que ele escutava lembrava os sons de uma floresta. Deitando na rede o pequeno nezumi adormece.