O Desaparecimento do Homem Fumaça.

O homem fumou por cinquenta e sete anos, desde os doze. Gostava de fumar cigarros sem filtro, de preferência o “campeão”, filtro vermelho, que era “cigarro pra macho”, como ele gostava de dizer.

Tossia pela manhã; tossia pela tarde; tossia pela noite.Tossia e ria, logo acendendo outro cigarro. Pigarreava sempre...

Quando bebia bebidas alcoólicas costumava acender um cigarro no outro, em baforadas contínuas. Parecia uma máquina a vapor.

Porém um dia algo muito estranho lhe aconteceu. Andando vagarosamente na calçada, de manhazinha, principiou a soltar fumaça por todas as cavidades de seu corpo, num jorro espasmódico. Sua boca, suas narinas, seus ouvidos, ânus, soltavam jatos de fumaças que o faziam espernear de rir, rolando no chão. Estranhamente, enquanto a fumaça saía em jorro ele ia gradativamente se esvaziando, como uma câmara de ar. Isso perdurou por alguns segundos, a ponto de, na cidade pequena, ruas vazias, ninguém ver. Soltou tanta fumaça que se esvaziou, ficando murcho, esticado no chão e logo carregado por algumas cadelas que assustadas presenciaram tudo, como únicas espectadoras. O homem fumaça desapareceu do mundo sem deixar rastros... Por onde se esvaziou formou-se uma pequena nuvem de fumaça, que chamou a atenção dos coletores de lixo...

Savok Onaitsirk, 05.04.10.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 18/11/2010
Código do texto: T2622401
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