A mulher que me fez querer ser o sol.

Sonhei ser o sol.

Não por este ser um gigante poderoso que prende em si algumas centenas de outros astros fazendo-os dançarem em sua órbita. Sonhei ser o sol por causa de uma mulher que por pura ousadia usava uma blusinha preta que deixava um dos ombros nu, exibindo em sua pele dourada uma leve marca de biquíni. Sonhei ser o sol porque depois de um elogio rasgado ela simplesmente me respondeu: “Imagine...”, e foi o que fiz.

Imaginei ser o sol.

Em minha mente ele foi o único a acariciar aquele corpo por completo. Em meu sórdido desejo, ele foi o único que a fez, sem muito esforço, arrancar aquela calça jeans justa que delineava pernas, coxas e quadril. Em minha mente, ele foi o único que com seus abraços quentes, a fez levantar suavemente aquela blusinha preta, deixando busto, seios e barriga livre para seu toque. Em minha mente, foi ele quem a fez deitar sobre uma toalha estendida na areia pondo seu corpo escultural, protegido por duas peças, à mercê dos lobos que organizavam a alcatéia em busca de tê-la como presa.

Imaginei ser o sol.

Imaginei-me como o sol tocando em sua pele, fazendo-a suar enquanto distribuía meus toques sobre ela. Imaginei-me contemplando pequenas gotas de suor correndo por entre os pêlos albinos de seu corpo, enquanto que, de olhos fechados e óculos escuro, servia-me a sua beleza como fonte de alucinações.

Imaginei ser o sol.

O mesmo sol que acariciou suas costas, seu cútis, nádegas e coxas. O mesmo sol que aqueceu seus pés, tornozelos, coxas, púbis, abdômen, seios, colo, ombros, pescoço e por fim, tocou sua boca molhada, cujos lábios dançavam um sobre o outro como uma provocação.

Então, imaginei o sol.

Numa noite quente em que uma cerveja gelada consola o corpo fadigado pelo excesso de roupas, via se afastar para longe à mulher que suscitou inveja do grande astro por não ser um simples humano.

Cai em si.

Pelo menos, abracei-a, pensava eu. Não foi um abraço qualquer, foi um desses abraços que o oceano dá aos náufragos. Inesquecível e capaz de tirar o sopro da vida. Ainda bem que era noite, se o Sol visse como é de costume, seu ciúme traria 40 graus de ira sobre a humanidade, enquanto ele, o astro rei, sonharia com todas as forças em ser eu.

Ley Gomes
Enviado por Ley Gomes em 27/03/2009
Código do texto: T1509099
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