Investigação e melancolia

Se olhou no espelho. Olheiras, pequenas rugas, o cabelo agora era cinza claro com três mechas brancas, um no alto e duas nas têmporas. Você está velho, meu amigo. Disse para si. Sorriu.

Deixou o dinheiro na mesinha ao lado. Vestiu seu terno azul e o casaco impermeável por cima. Olhou para a moça que dormia profundamente pela última vez e saiu.

Uma garoa fina caía molhando a calçada. Ele andava com as mãos nos bolsos. Parou embaixo de um toldo. A chuva aumentou. Não havia o que fazer. Encostou-se à parede e sacou um cigarro do maço de Time. Acendeu e deu uma longa tragada. A fumaça cinza se misturou com o ar frio do dia.

Tudo andava calmo por esses dias. Tanta calmaria anunciava uma tempestade. Ser

Ele sorriu. O trabalho de investigação é em grande parte enfadonho. Chato. Tiros e o beijo da donzela são apenas nos filmes e livros. Você usa sua inteligência e manha para meter o nariz e fazer perguntas indelicadas. Pressionar os pontos certos.

Soube que tinha pisado no calo de alguém ao notar que estava sendo seguido. Se não tiver um bom faro, você vive pouco nessa profissão. O rapaz que o seguia era bom, mas ele era melhor.

Amassou o cigarro com o sapato e caminhou despreocupado. Fez um longo caminho até o museu, virou numa esquina e sumiu no beco. Sempre tem um beco sombrio e deserto em toda cidade. Já reparou? O rapaz entrou no beco e sua cara foi de surpresa e confusão. Não viu quem o atingiu. Ele aterrissou em cima do rapaz que foi ao chão desacordado.

Revistando- o pegou a carteira. Agente policial. Assobiou. Havia mexido com gente graúda. Alguém das altas esferas. Tão altas que não haviam contratado um agente. Mais talvez dois.

Mas isso ele só viu quando sentiu uma dor forte atrás da cabeça e seu rosto sentiu o frio chão do beco e mergulhou na escuridão.

Wesley Rezende

Wesley Curumim
Enviado por Wesley Curumim em 01/10/2023
Código do texto: T7898524
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