Os Segredos da Rua Baker 3: 2- The Game is On II

E ali estavam sentados: Irene e Sigerson Holmes. Sobrinha e tio. Ele tentando descobrir qual seria o plano dela, enquanto Irene parecia apenas observá-lo.

-Por onde andou? – Ele a questionou.

-Não sabe mesmo?

-Encobriu muito bem os seus rastros.

-A prática leva a perfeição. Comecei a conseguir andar por aí sem ser notada desde a adolescência. Mycroft sempre ficava possesso quando sabia que eu havia ludibriado seus agentes. Eu achava exagero, mas agora eu entendo o motivo... Você. – Ela toma um gole do chá. – Vamos a minha pergunta: qual seu problema com o Mycroft? Eu entendo com o Sherlock, mas não com o Mycroft.

-Qual a razão do questionamento?

-Sério? Explodiu o carro dele. Eu sei que foi você. Não tente me enrolar, Sigerson, retornei sem qualquer paciência.

-Ele ama o Sherlock. Sempre amou. Assim como todo irmão mais velho ama o mais novo e faz de tudo para que fique bem... Você deve conhecer o sentimento.

-E você tem ciúmes.

-Não seja tola. Apesar de irmãos mais novos nunca terem um apreço parecido em retorno. Mesmo quando seguem os seus passos... Você deve saber disso também. – Ela apenas bufou. – Diana está sempre com você, mas sempre terá aquela vozinha lá no fundo aparecendo no último segundo: ela morreria por mim também?

-O que você quer de mim?

-Quero fazê-la enxergar o mundo de verdade. Você tem potencial Irene, mas comete um erro grave. Eu também o cometia. Irmãos... Família... Não se deve confiar. Responda-me: ela iria ao fundo do poço como você foi para livra-los do Morse? – Ela não responde. – Oh, você não sabe, não é? Isso é ótimo!

-Por que eu, Sigerson? Qual a razão de ser tão obcecado por mim?

-Obcecado? Meu sentimento é puro. Eu te amo, Irene. Você é o meu vislumbre de futuro. Nunca quis ter filhos, no entanto quando a vi pela primeira vez; quando a segurei no colo. Tão pequena. Tão frágil. Tão esperta. Ali eu já soube que você era minha! Porém, Sherlock foi um idiota egoísta e não quis dá-la pra mim.

-Por causa disso você arruinou a minha vida?

-Você não tinha uma vida! – Ele levantou-se subitamente. – Eu estava tentando lhe mostrar o que eu vejo. Sou o único que se compara a você; que a desafia; que faria qualquer coisa por você!

Irene também se pôs de pé e se aproximou devagar a cada palavra.

-Então faça uma coisa por mim. Ajude-me. Eu quero me lembrar de tudo.

-Já não era sem tempo. – Ele sorri.

***

No dia seguinte, Irene saiu para reparar alguns erros. Ela foi até a casa da Susan, na saída deu de cara com o John chegando com a Miller.

-Irene?! – Exclamou ele.

-John! - Ela sorriu. – Bom te encontrar, pois tenho algo pra dizer... Em... Primeiro quero me desculpar por não ter respondido àqueles telefonemas e mensagens. Eu precisava de um tempo. Não sei se está a par do que aconteceu comigo e minha família. As revelações... As mentiras.

-Ele não sabe e não se importa. – Miller quem respondeu.

-Oh, você tem uma porta-voz! Olá, Miller. Parabéns! Finalmente conseguiu.

-Não quero saber de suas ironias, Irene.

-Você continua a mesma, Miller.

-O que você quer Irene?

-John, desculpe pelo que fiz sua sobrinha passar. Foi errado e irresponsável. Fui muito insensível com os seus sentimentos, das Susan e da Alicia. Eu sei disso agora.

-Não é a mim que deve essas palavras.

-Eu sei; já me entendi com elas. – Ele ia entrando; Irene já quase no meio da calçada retornou. – Mais uma coisa, John. – Ele voltou. Miller parou na porta ainda aberta. – Desculpe-me por toda a dor que lhe causei. – Ele ficou sem palavras. Ela lhe dá um beijo no rosto. – Ah, você pode me ligar se tiver algum caso interessante... Vou atender dessa vez. Tchau, Miller.

-Não sabia sobre esses telefonemas. – Disse Miller.

-Havia pessoas morrendo, psicopatas a solta e nenhuma pista de como captura-los... O que você queria que eu fizesse?

-O seu trabalho.

-Eu estava fazendo o meu trabalho. E você devia se concentrar mais no seu ao invés de ficar procurando por problemas extras. – John entrou na casa da cunhada.

-Foi só aquela garota se aproximar... Os transtornos começaram. – Miller o seguiu.

-Chega! Eu estou cansado disso. A Irene é uma ótima investigadora, mas não vim aqui para vê-la, falar com ou sobre ela. Vim para ver meus sobrinhos. Não tenho nada com ela e nunca tive... Já te expliquei mil vezes. Acho melhor voltar para sua casa, nos falamos mais tarde.

Miller não pronunciou qualquer outra palavra, apenas entrou em um táxi.

Na 221B, Irene encontra sua irmã e cunhado sentado na sala a sua espera.

-O que fazem aqui? Aliás, como souberam que eu estava aqui?

-Liguei para nossa mãe hoje cedo.

-Oh, é claro! Se você quer uma atualização dos fatos, Diana, eu ainda estou com raiva e prefiro não vê-la. Então se puder...

-Não estamos aqui para uma visita social, Irene. Mamãe não te contou nada a nosso respeito?

-Fazia parte do nosso acordo. Eu ligava todo dia, porém não tocaria no nome de nenhum Holmes. Se não é uma visita...

-Estamos aqui como clientes.

Ela lhe entrega um envelope, Irene abre e o lê até o fim. Olha para o Sean, então senta em sua poltrona.

-Ok. Conte-me sua história. Não se esqueça de nenhum detalhe e não me entedie.

-Eu não vim morar aqui apenas por causa do mestrado. Eu vim fugindo do meu passado. Apesar de ter sido a melhor decisão da minha vida, pois conheci Diana.

-Ok. Meu tempo é curto e já avisei: não me entedie.

-Melhor se ater aos fatos, amor.

-No exército, eu era primeiro tenente e namorava a primeiro sargento. Em uma invasão acabamos nos separando, nos perdemos por dias, quando nos encontramos... – Ele respirou fundo. – Ela me contou ter sido estuprada por alguns dos nossos. Junto com o nosso capitão tentamos denunciar de várias formas para fazê-los pagar, mas eles eram protegidos. Eu vi uma mulher que amava o exército; uma mulher cheia de vida, mesmo com um dia de merda ela estava sempre sorrindo e animando a todos... Eu vi essa mulher definhar, se fechar completamente. Não aguentei, precisava fazer algo, e os matei. Meu capitão descobriu, mas encobriu as pistas comigo, contanto que eu saísse do exército. O namoro acabou, pois ela só queria esquecer-se de tudo. Não a culpo. Foi quando vim para Londres.

-No dia do acidente do Mycroft, o Sean recebeu esses papéis. Essas cópias e fotografias compravam que ele foi o assassino desses soltados. Ele pode ser condenado à morte.

-Isso foi o Sigerson, com certeza.

-Pensei o mesmo, porém qual a razão dele ter ficado em silêncio todo esse tempo se já tem as provas em mãos?

-Porque ele não tinha a mim.

-Como assim?

-Eu estava longe, Diana. Sigerson tinha medo de eu já ter superado toda a família. Ele não queria agir de forma precipitada, apesar de ser apenas uma questão de tempo até usar essas provas. Mas isso não importa agora, pois estou de volta e vou cuidar do seu caso, soldado.

-Sério?

-Um embate com o Sigerson. Como eu poderia negar? Deixe esses papéis comigo e não me importune. Quando eu terminar você irá saber. Agora se me dão licença...

-Não, - Diana se levantou logo após Irene -, precisamos conversar.

-Eu vou salvar a vida do seu marido, não me interessa explicações ridículas sobre sua mentira...

-Não era minha mentira.

-Era sua mentira também! Foi para o meu próprio bem? Eu não me importo. Se eu precisar de ajuda laboratorial vou até você. Caso contrário, apenas não apareça na minha frente.

-Você está sendo muito intransigente. Tantas vezes...

-Diana! Eu tenho mais o que fazer.

Irene desistiu do banho, apenas pegou sua jaqueta e se retirou. Minutos depois estava entrando na casa do Sigerson.

ALANY ROSE
Enviado por ALANY ROSE em 25/09/2017
Reeditado em 09/10/2017
Código do texto: T6124916
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