Páscoa

Arnaldo Malheiros acordou com o interfone tocando. Eram cinco e meia da manhã.

- Dr. Arnaldo? É o Sebastião da portaria. A Polícia Federal está subindo.

Polícia Federal? Malheiros levantou de um pulo.

- O que foi, Arnaldo? - Perguntou Sofia, a esposa, sentando-se assustada na cama.

- Os federais... estão subindo! Vá pro quarto das crianças!

- Federais? - Ela repetiu, atarantada.

- A polícia! - Gritou ele, jogando um robe por cima do pijama e saindo às pressas do quarto.

* * *

Policiais vestidos de preto entravam e saiam dos cômodos da casa, vasculhando tudo. Na sala, Arnaldo Malheiros e a família - mulher e duas filhas pequenas - aguardavam, sentados juntos num sofá.

- Papai, esses homens vão demorar muito? - Perguntou Érica, de cinco anos.

- Eles estão aqui para nos ajudar, filhinha - disse Arnaldo.

- Mas nós sempre achamos sozinhas - Alice, de 7 anos, estava amuada.

- É que desta vez, o Coelho da Páscoa escondeu muito bem os ovos - respondeu Arnaldo, olhando com raiva para os federais que reviravam os móveis. Um dos policiais, ouvindo isto, virou-se para ele e retrucou:

- Não se preocupe, Dr. Arnaldo: nós somos especialistas em achar coisas escondidas!

[10-03-2017]