BEBÊ, UM CARCEREIRO COR DE ROSA (Luc Ramos)

Bebê. Um carcereiro cor de rosa.

(Luc Ramos)

Bebê era o apelido de Jairo Neves. Rapaz de boa indole, muito alegre, amigo dos amigos e pasmem...Homossexual!

Bom, cada um é cada um, e o sexo é uma opção particular de cada individuo. Porém, o Jairo, mais conhecido como Bêbê era carcereiro de um Distrito Policial em uma cidade interiorana nas proximidades da capital de São Paulo.

O Delegado-Diretor desse Distrito não tinha nada contra o Bebê, ele era um bom funcionario, aplicado no serviço e sobretudo confiavel na função.

Mesmo os presos que já haviam percebido os gestos femininos do carcereiro não o provocavam de modo algum, pois, apesar dos escorregões diarios em alguns momentos que falava ou gesticulava, Bebe mantinha o respeito e assim os comentarios que por ventura houvessem, eram trocados pelos detentos em surdina. E assim passavam os dias naquele Distrito Policial. Sem novidades.

Mas, nem sempre é assim num lugar desses, onde além dos maus elementos que fazem parte da população, nem todos estão de acordo com a decisão da Justiça que os mandara prender por causa de seus atos ilicitos.

Dai o descontentamento, e em consequencia uma rebelião estava se formando no Distrito 24, justamente aonde o Bebê prestava serviço.

O carcereiro chefe, Luizão, um sessentão em vias de se aposentar era um linha dura das antigas. Os detentos tinham grande respeito por ele. Nada de moleza. Com ele o detento tinha seus direitos, mas, também tinha seus deveres. E coitado deles se não cumprissem as regras. Era castigo na certa.

Então, no dia escolhido pelos detentos para a rebelião, o alvo principal era o chefe Luizão, os presos sabiam que ao rende-lo e mante-lo na condição de refem estava o exito da fuga pretendida pelos quase cinquenta detentos que haviam na Delegacia, se bem que numa empreitada dessas, nem todos os presos concordam em fugir. Alguns tinham pouco tempo de pena para puxar, ou já tinham cumprido uma boa parte da sentença, portanto não achavam que uma rebelião naquele momento iria valer a pena. Outros, não concordavam por medo do resultado, caso não desse certo, o pau depois iria cantar.

Um detento de alcunha Zicão, lider da dita rebelião ficou encarregado de render o chefe Luizão com uma faca artezanal que ele tinha em seu poder, deixada por um outro detento que já tinha ido embora para uma Penitenciária em outro estado por causa da sua periculosidade.

Pouco tempo depois da contagem que era feita após os presos tomarem o seu banho de sol diario, um deles, fingiu passar mal e os colegas bateram canequinha na grade, fazendo grande algazarra e pedindo o famoso “PS” código para atendimento de urgencia de preso que esteja passando mal de saude.

O chefe Luizão na companhia de mais dois carcereiros do plantão foi atender a solicitação dos detentos.

Quando abriu a cela para sacar o pseudo doente foi pego de surpresa pelo Zincão que deu-lhe uma gravata e encostou a precaria faca, mas, de ótimo corte na jugular do chefe dos carcereiros.

-Parem os outros ai mesmo, abram todas as celas ou eu mato o chefe de vocês... -Vamos, rapido com isso...Depressa...Porra!!!! !

Os outros carcereiros, por sinal ainda novatos na profissão, ficaram atonitos, parados feito estatua e sem saber o que fazer.

-Caralho, vamos rapido com isso seus porra, ou eu corto a garganta desse cara... (Zicão era piolho de cadeia e sabia como apavorar os carcereiros novatos)

Um dos carcereiros, se moveu para abrir as outras celas, foi quando uma voz fina e nada masculina disse:-Parem! Você ai Zicão, solta o chefe e entrega a faca, senão eu atiro e te fodo de uma vez por todas...Solta o Chefe!!!!

A surpresa foi grande. Bebe segurava uma carabina doze de dois canos e apontava para o famoso Zicão que continuava apertando a faca no pescoço do chefe Luizão, ele enguliu em seco e disse: - Olha aqui sua bichinha louca, você esta com uma doze, cuidado com essa porra de arma...se você atirar, o chefe tambem vai pra cucuia, você vai matar uns tres ou quatro de nós...Cuidado caralho!!!!!

E dai? (Bebe exagerou na voz e no gesto) Deu de ombros e disse:-

-- Quero que se foda, eu não gosto dele mesmo..( e engatilhando a arma falou com a maior calma possivel) :- E ai Zicão? Ta na hora da minha novela, vai largar essa porra de faca, ou vou ter que queimar voces dois...Hem? Fala logo...vou contar até tres...Um....

O ladrão começou a ficar nervoso vendo a firmeza do carcereiro Bebe, que, apesar da sua fragilidade e feminalidade segurava com muita segurança a carabina calibre Doze e parecia saber usa-la muito bem.

Voce teria coragem de fazer isso? (Zicão estava gaguejando)

-Coragem? Pra queimar dois filhos da puta como você e o chefe,

é preciso coragem? Se eu fizer isso vou acabar ainda ficando famoso e sou capaz de ser entrevistado no Fantastico da Globo, ou então de ser convidado para posar nú na revista G...(e ficando muito irado) - Chega de conversa!Vamos, solta o chefe!

A postura e a firmeza do carcereiro Jairo, vulgo Bebe era tão solene que o bandidão Zicão resolveu não pagar pra ver e soltou o chefe que já estava quase sem folego pelo aperto da “gravata” que estava sendo aplicada nele.

Imediatamente um dos carcereiros que estava feito uma estatua e quase não respirava assistindo a inusitada situação e a pronta ação do Gay Bebe, numa rapidez incrivel pegou a faca das mãos do Zicão e o empurrou para dentro da cela juntamente com os outros que estavam ali esperando a solução do empasse criado pelo carcereiro Bebe.

Já refeito da surpresa de ter sido feito refém, o chefe Luizão se dirigiu para o carcereiro Bebe que ainda apontava a famigerada e temida doze na direção deles. -Jairo, você foi demais...Que presença de espirito, que coragem, eu vou recomendar para a Diretoria você seja...

O chefe Luizão não pode terminar a frase, teve que amparar o carcereiro Bebe que desmaiou em seus braços e deixou a carabina doze cair no chão, que somente não disparou e espalhou chumbo para todos os lados porque ela estava descarregada, nem nenhum cartucho na camara.

A rebelião doi dominada, o Delegado-Diretor resolveu mandar os detentos que fomentaram a revolta para uma Penitenciária bem longe da capital. E o Bebe...Bem, o Bebe ficou traumatizado pelo ocorrido e depois de uma longa licença medica foi trabalhar em uma creche, do mesmo Distrito Policial. Agora com uma medalha de honra ao mérito anexada ao seu curriculo que era o seu maior orgulho.

Ele mereceu de fato, foi muito macho ao enfrentar todos aqueles detentos com uma arma descarregada.

By Luc Ramos