A vontade sugeria a travessia da Serra da Mantiqueira.

Éramos quatro. Não éramos seis...

Carro foi o transporte  entre  Lavrinhas  e o Bairro Rio do Veado, onde lecionei na escola rural, multisseriada,  no ano de 1976.

Estrada difícil, caminho do descaminho do ouro.

Lindas paisagens! 

Lágrimas e rochas roladas.

 

Deixamos o carro na base do morro e seguimos a pé.

Na matula... algumas frutas, água, pão com mortadela e guaraná. O sanduiche seguiu o rito da  nossa infância. Nos passeios não faltavam as mortadelas, cortadas bem fininhas, dentro do pão francês. Justa homenagem!

 

Na chegada ao pátio da fazenda, fomos recebidos solenemente pelas abelhas arapuá. Imediatamente, deram as boas vindas aos visitantes, invadindo as cabeleiras de cada um.  Momentos  hilários e tensos!

 

Passada a euforia dos insetos , começou a caminhada morro acima. Infelizmente, a floresta virou pasto para gado de corte. Então, a trilha feita pelos animais foi escolhida para o percurso. Andamos, andamos... mais de três horas na subida da serra.

 

A serra da Mantiqueira possui montes muito altos naquela região. Tudo se apresentava muito seco,  águas encolhidas,

chorosas... Ao longe... alguma cachoeira dava sinal de vida em meio ao lamento das águas, ao uivo dos ventos, ao choro da passarada...

 

Depois de três horas de caminhada, pernas cansadas, espírito leve, chegamos ao cenário onde aconteceu o evento da "tromba d'agua" na noite de um para dois de janeiro de 2000. Uma cratera gigante se apresentou e descobrimos ali... que não deveríamos prosseguir a viagem.

Do outro lado, no morro vizinho da mesma serra, bugios gritavam e gritavam, incomodados com a presença dos humanos. Pareciam dizer que a aventura deveria se encerrar  naquele ponto.

 

Sem chegar à Passa Quatro, Estado de Minas Gerais, tão pertinho do intento no plano de rota, começou a operação descida...

 

Belas paisagens.

Miragens.

A serra que chora...

chora a partida das águas.

Passa a boiada.

Passa a vida...

sem guarida!...