DILEMA DE ANJO OU DRAGÃO
 
Nos passos em que meus passos dão e darão ou nos voos de um dragão, 
sempre a frente há de ser por nunca poder retroceder.
E a cada passo e voos, acabei por desistir da minha própria raça por envergonho-me de ser parte dela.
Entendia que caridade não era somente dar alimento a quem não tinha o que comer ou cobrir a quem não tivesse um cobertor. Muitos fazem isso ocultamente outros cobram o reconhecimento. Sendo por um motivo ou outro, não importa, quem recebeu ficou feliz e de fato era necessário, porém uma necessidade física, importante, mas não tudo.
Eu acreditava que a minha caridade, era além do físico, habitava questões de desenvolvimento espiritual. Buscava em minhas ações impactos coletivos, sem vaidade ou invasão de privacidade. Mas a cada orientação dada, sentia uma aversão, e toda energia se exauria do meu corpo, a ponto de muitas vezes perder as forças físicas e mentais.
Com o tempo fui percebendo, pelo retorno das pessoas, que acabava causando um desconforto de reciprocidade, pois estavam sob meu julgamento de uma sensibilidade, a qual pensava ser aguçada e assim tentava protege-las de cometer algum tipo de injustiça.
Meus caminhos deram de encontro com pessoas que me ensinaram a ser mais fraterno e menos egoísta, outras frustrantes e angustiantes e algumas bastantes prejudiciais intelectualmente. No entanto, em todas estas vivencias, positivas ou negativas, fizeram-me crescer como pessoa.
Errei em me aproximar de quem entendia que precisava de ajuda e deixei de lado quem realmente me amava. Troquei o aprendizado pela lição, e esqueci de aprender na tentativa de fazer um analfabeto ler ao mesmo tempo que nem mesmo eu sabia pronunciar uma palavra da mesma leitura.
As vezes obtinha sucesso em minhas argumentações. Nunca soube de fato se foi por mim ou a pessoa. Acredito que ninguém mude, apenas se revelam, seja para o pior ou para o melhor. Sendo que isto também é subjetivo, pois o que é melhor ou pior? Ou para quem é pior ou melhor?
Cansei-me de me preocupar com a felicidade alheia, principalmente daqueles que me cercam superficialmente, os quais não mais carregarão de mim o mínimo querer.
O amor reservo a quem eu amo de verdade, esposa e filho, estes sim, ainda tomarão o meu coração por completo pela minha vida toda. Apenas devo vigiar-me para não invadir e frustrar lhes.
Na verdade, dei-me conta de que invadir a intimidade das pessoas no afã de encontrar o que seria melhor, torna-me um indivíduo jactante. Mesmo que a intenção seja positiva não me assisti o direito de expressar-me diante de ninguém.
Se não posso falar a verdade resta-me calar-me, ou concordar, mesmo que saiba que o destino seja o abismo.
Neste momento, adotarei nas minhas crenças o jargão religioso: foi Deus quem quis assim. Assim, livro-me do remorso por calar-me, e jogo todas as culpas em Deus, afinal de contas, é assim que a maioria do fies religiosos reconhecem o propósito de Deus.
Aliás não deveria nem ter escrito isso, fica registrado como uma ideia exclusiva minha, sem cunho verdadeiro, uma elucubração poética; depois eu me entendo com Ele.
Devo seguir os meus passos com os passos que são meus. Voar, olhar ao meu redor, ouvir e sentir, sem apego, focando naquilo que me pertence, a minha vida.
Mesmo que as lanças da ingratidão atravessem o meu coração, calar-me-ei.
Mesmo que o fogo, que habita em meu peito, queime as entranhas da minha alma, suportarei para viver em paz. Guardarei as minhas verdades, por serem minhas, e não as direi a mais ninguém para nunca mais soprar água em forma de fogo.
DuMoraes
Enviado por DuMoraes em 24/04/2017
Reeditado em 24/04/2017
Código do texto: T5980013
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