FÉ ou PREMONIÇÃO ?

Em Londrina- Paraná, existe um bairro (Shangrilá) que se divide em dois: - Zona A, para a classe mais rica e Zona B para a classe média. Morando no segundo, com poucos anos de casada, contratei uma jovem para cuidar de meu filho pequeno enquanto eu ia para a faculdade, e aprender datilografia em máquina elétrica ( antiga IBM de esferas) , com a qual eu trabalhava em casa na época.

Jovem de uma numerosa familia evangélica, (5 irmãs) sendo seu pai ex motorista de ônibus ( recém despedido), por vício em bebidas...Sua mãe, embora tendo casa própria, e não sabendo como sustentar a família, distribuiu as filhas maiores para cuidar de crianças, morando no local de trabalho, enquanto fazia e vendia artesanato de casa em casa...(cestinhas e ovos caseiros de páscoa, panos de prato,etc.), com a filha menor, mesmo assim passando sérias necessidades.

Em um dos meus mais atarefados dias, a mulher chegou correndo desesperada, com uma carta timbrada de Portugal, onde dizia que seu marido era o único herdeiro de uma razoãvel fortuna, e que só a receberia pessoalmente naquele país...Queria um conselho, uma orientação, uma vez que não dispunha de recurso algum para viajar, nem seu marido de lucidez e saúde!

Sem tempo para pensar na solução para o problema, com o telefone tocando, criança pedindo mamadeira, num estado de grande irritação pela interrupção de meus afazeres, mas sem coragem de dizer à ela que era um problema sem esperanças de ser resolvido,falei a primeira resposta que me veio à mente:

Ao mesmo tempo em que pensava, que ridículo, uma pessoa ser tão religiosa e tão sem fé!- Porque recorrer à mim que não conseguia nem dar conta dos meus estudos diários na época e não ao seu pastor, em quem ela acreditava tanto ?

Então dizendo à ela: MULHER DE POUCA FÉ! - Teu Pastor não é um homem de DEUS em que você acredita tanto? - Peça para ele falar do problema no culto, alugando tua casa por um ano, com cheques pré-datados, ou pagamento menor adiantado e pague as passagens!

Ela hesitante continuou: - E minhas filhas?
Respondi - Não estão trabalhando e morando no local? Sem eu mesma acreditar no que estava falando, só para me livrar dela que andava em volta de mim com a carta na mão,completei: - Se conseguir alugar a casa e comprar as passagens, posso ficar também com a pequena até vocês voltarem.

Não pensei mais nisso até que algumas semanas depois, a mulher voltou com as sacolinhas de roupas da pequena, dizendo:

A senhora é uma pessoa abençoada, um instrumento de DEUS!
Coloquei minha mudança na garagem da Igreja, meu pastor alugou a casa para uma família e trocou os cheques com outra. - Já fiz a documentação e estaremos lá antes do prazo determinado na carta!

- Não preciso dizer que fiquei espantada com a situação, principalmente porque a idéia me veio em um momento de irritação extrema!

Receberam a herança, moram em uma linda casa na Zona A do mesmo bairro, o marido se recuperou, as filhas casaram-se bem ( o marido da segunda filha é dono de super-mercado),e viveriam para sempre felizes se a penúltima filha não tivesse estupidamente morrido (Mas este, é outro conto!).

Até hoje são grandes amigos e até hoje a história é contada pelo pastor e membros da Igreja.

Pergunte se eu contei para alguém que o conselho foi dado sem pensar, apenas pela intuição e num momento de extrema irritação ?

OBS: - Baseado em fatos reais!

( A autora)
Ruthmary
Enviado por Ruthmary em 12/05/2013
Reeditado em 20/05/2018
Código do texto: T4287291
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