AUTOCOMBOIO

Era um recém-chegado outono advindo da sempre imperceptível transição da alegria quente, aquela que se dissipa de todos os verões.

E eu, a seguir por aquelas ruas calmas e desconhecidas, de repente me vi ali a frente daquele meu novo comboio de vida, a me liderar na trajetória de mais uma troca de estação do tempo, todavia, ainda sem saber que todas as profundas mudanças sempre as fazemos de dentro para fora, carreadas pela imposição do tudo que, pelo tempo, descartamos de dentro de nós.

Então, ali também me fiz silêncio.

Porque a cada corajosa folha que se solta do seu tão arraigado destino é mister que lhe façamos uma oração pelo seu anônimo desconhecido.