Pelejando até o fim da guerra
Tentei apenas me defender e sobreviver enquanto durou a batalha. Depois de algumas horas o barulho da refrega foi diminuindo, o som metálico de espadas se entrechocando se ouvia ainda, distintamente, de vez em quando. Os gritos selvagens da luta se transformaram em gemidos. O chão estava cheio de corpos caídos nas mais estranhas posições, e a combinação do vermelho do sangue sobre o metal das armaduras parecia natural, como o azul do céu e o branco das nuvens.
Eu me batia contra um vulto negro, mal conseguíamos empunhar as espadas. Gritei para o meu oponente:
-A luta já acabou!
Estava de joelhos e ofegante. Meu oponente sentou-se. Olhamos em volta o campo destruído.
-E agora, o que vamos fazer?
Meu oponente disse:
-Algum dia um sábio, desses que usa óculos e colete, vai explicar o significado da batalha. Por enquanto, a única coisa que eu sei é que aqui viemos para pelejar. E vamos pelejar até o fim.
Tive o secreto desejo de atingi-lo com um pequeno punhal que trazia escondido. Depois achei que pudéssemos encerrar ali aquela luta.
-Certo, disse eu, mas primeiro vamos descansar um pouco.
Um cavaleiro se aproximou galopando. Gritou:
-A luta já acabou! Nós perdemos, perdemos. As tropas já recuaram. Vamos voltar para casa!
Meu oponente me encarou sorrindo. Palpei o punhal enfiado na bota.