"CASEI-ME COM UMA PROSTITUTA!"

Eis que de repente, encontrava-me no centro de São Paulo, defronte de um bordel, localizado num famigerado prédio vetusto, cujo interior era frequentado por homens e mulheres dos mais variados tipos. O ambiente não era nada agradável. Mas, como havia tomado algumas cervejas com os amigos, na última hora resolvemos fazer uma visita naquela zona de prostituição. Era tudo motivo de festa, zoeira para nós, autênticos pândegos.

Como era dia de pagamento, dinheiro naquela hora até que não era problema. Chegamos inclusive apostar quem conseguiria transar primeiro. Quanta besteira. Mesmo sob o efeito da bebida, mesmo assim, a minha timidez era notória. Enquanto os meus colegas adentravam nas espeluncas com as suas respectivas companheira, eu ficava tentando escolher uma que me satisfizesse, pelo menos na aparência. Porém, estava difícil. O tempo estava passando, até que uma morena bonita, portadora de um par de peitos protuberante, tomou uma iniciativa e me intimou a seguí-la. Com a minha masculinidade em jogo, optei por ir, incontinenti. A princípio, percebendo que eu exalava álcoo, resolveu uma tática muito peculiar das putinhas espertas. E realmente ela o era. Pois, ficamos nos apalpando, sem prenúncios de penetração. Apesar do meu objetivo ali fosse isto: transar, esta intenção ficou postergada devido o meu estado psicológico. Uma inexplicável disfunção erétil se apoderou de mim e como o tempo já estava esgotado, resolvi pagar, fazendo em seguida uma proposta: encontrar com a dita cuja no dia seguinte fora daquele recinto lúgubre e desagrável. Ela aceitou. Não comentei nada pra ninguém.

Neste encontro programado, ela me contou a sua verdadeira história. Estava ali à sua revelia. Aquilo não era ambiente para ela. Era do interior de São Paulo. Como o seu padrasto vivia tentando estuprá-la e tinha nojo do mesmo, pois só fazia isto quando estava bêbado, arrumou um meio e fugiu de casa. Veio tentar a sorte, como se diz, na cidade grande. Queria pelo menos ser empregada doméstica, mas em todo o lugar em que ia fazer entrevista, pediam referências e ela não tinha nada disto. Até que, para não ficar na rua, literalmente, tomou essa atitude drástica. Morar naquele bordel e ficar só com uma pequena quantia de cada cliente que conseguisse levar para o quarto. A maior parte maior ficava sempre com a cafetina, como pagamento do sua moradia ali.

-E você faz muitos programas por dia ou noite? - Perguntei.

-Pra ser sincera eu nunca contei. Só sei tudo é conforme o movimento. Geralmente é maior no final de semana. Só uma coisa eu posso lhe garantir. Acredite se quiser. Eu sempre ajo igual eu fiz com você. Procuro tratar os cliente na lábia. E graças a Deus, tive sempre muita sorte. Nunca nenhum homem me forçou a nada. Alego que estou menstruada e peço a compreensão do freguês. Sinceramente, eu gostaria era sair daqui...

À proporção que aquela jovem falava, nascia algo dentro de mim, uma espécie de admiração e compaixão. Controlava-me para me declarar totalmente. Mas não houve outra alternativa. Primeiramente, perguntei se ela aceitaria morar com uma pessoa da minha família e, posteriormente trabalhar dignamente. Ela aceitou no ato. No mesmo dia já estava morando num ambiente familiar e acima de tudo trabalhando como pretendia.

O tempo passava rápido e como eu não tinha compromisso com ninguém, vi naquela jovem uma oportunidade de me firmar. Como não tinha ninguém da sua família para pedí-la em casamento, pulamos a etapa de namoro e logo estávamos noivos. Daí para um casamento não demorou nada.

Chegou o momento de concretizar o nosso amor. Nesta primeira noite de núpcias, a minha ansiedade e expectativa eram visíveis. A minha jovem esposa não estava bonita porque estava linda, encantadora, com aquela roupa transparente, provocante, sensual. As nossas carícias preliminares parecia incendiar nossos corpos. Beijei-me, paulatinamente, todo o seu corpo exuberante e cheiroso. E na hora exata nossos corpos se uniram, transformando-se num só sobre aquela cama que parecia flutuar. Em meio a este momento lascivo e prazeroso, entre sussuros e gemidos, atingimos simultaneamente o ápice do prazer.

Nesse ínterim, por falta de assunto, tentei me desabafar um pouco, dizendo:

-"Valeu a pena me casa com uma prostituta virgem aos 2o anos!..."

Surpreendentemente, eis que o seu sembalnte se transfigurou e deu-me um tapa como forma de recriminar as minhas palavras. O susto foi tanto que, quando olhei para os lados, não acreditava no que eu estava vendo. Mesmo com os olhos de ressaca, vi a minha estante repleta de livros e o meu violão encostado no canto do meu modesto quarto. Sim, eu estava, na realidade sozinho, pois tudo aquilo não passava de um longo pesadelo. Sentia-me aliviado e ao mesmo tempo frustrado, porque afinal, foi bom enquanto durou.

Com isso não quero dizer que um homem não deva se casar com uma jovem só porque não seja virgem. Pois, pensando bem, a virgindade autêntica não está estigmatizada apenas no hímen de uma mulher e sim na sua mentalidade e caráter. Pois aquele pode ser subtraído até por causa de um acidente qualquer e até mesmo uma relação sexual forçada, entanto este, isto é, o caráter é o sinal maior da personalidade de uma pessoa, o qual é inato, portanto, jamais será comprado ou adquirido em qualquer comércio de esquina.

Sendo assim, o homem maduro e consciente pode optar por uma mulher mesmo que não seja virgem, mas que em compensação tenha todas as qualidades para ser uma autêntica dona de casa, uma ótima esposa. Pois como escreveu o autor do PEQUENO PRÍNCIPE: "O essencial é invisível aos olhos!". Ou seja, o valor das pessoas está sempre no seu âmago, no seu interior. O problema é que no mundo hodierno, as pessoas vivem sempre preocupadas muitio mais com o "ter" do que no "ser". E para finalizar uma verdade que não quer calar: "O HOMEM PODE COMPRAR UMA CASA, MOBILIÁ-LA COM TUDO DO BOM E DO MELHOR, PORÉM, SÓ UMA VERDADEIRA MULHER PODERÁ TRANSFORMÁ-LA NUM AUTÊNTICO LAR!"

João Bosco de Andrade Araújo

JOBOSCAN
Enviado por JOBOSCAN em 02/04/2011
Código do texto: T2885324