Jesualdo em Busca da Morte.

Naquele dia Jesualdo lavou seu pinto pela última vez, na esperança de que iria morrer.

A morte era um sonho antigo de Jesualdo, um sonho de criança. Vivia cada dia trabalhando e sonhando com a hora em que lhe seria explicado tudo.

Não era um suicida, de forma alguma, até abominava esse tipo de prática fugidia. Com ele o negócio era diferente, muito além do que pode compreender nossa vã filosofia, como diria meu bom amigo Pascal.

Quando criança um de seus passatempos preferidos não era bolacha, nem futebol ou pipa, mas sonhar com o dia em que de fato toda a verdade universal lhe fosse revelada. Isso lhe trazia a realidade de que cada dia lhe seria o último, e assim a vida seria muito mais interessante de ser vivida.

Desta forma, sem ressentimentos e arrogantes sentimentalismos, Jesualdo, aos sete anos de idade, decidiu que cada dia seu vivido dentro deste plano humano terreno, sujo e blasfemo, seria seu último! Uma tanta filosofia para um garoto de sete anos, mas plenamente possível.

Vivendo assim, sem medo de morrer, ansiando a morte, cada acordar era-lhe mágico, humano e intenso...

Jesualdo se aventurava a todo tipo de peripécia e não temia dizer a verdade, mesmo que nua e crua, sempre, pois vivia ali seu último dia.

Cristiano Covas, 21.07.10.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 15/12/2010
Código do texto: T2672948
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